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O mistério que nos tece: a Trindade é o canto do universo


António da Cunha Duarte Justo - Gente de Opinião
António da Cunha Duarte Justo

A Fórmula do Céu na Terra: Expressa na Dança Quântica e no Abraço Trinitário

Num mundo que insiste em nos dividir — entre ciência e fé, entre eu e você, entre guerra e paz — a Santíssima Trindade surge como um sopro de unidade. Não é apenas um dogma, mas um convite ao assombro: um só Deus em três Pessoas, uma dança eterna de amor num mundo feito de sombra e luz.

Celebrar a Trindade é celebrar o poder da relação. O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são peças de um quebra-cabeça teológico, mas o coração pulsante da realidade. Ó Pai, fonte de tudo; o Filho, o Amor que se fez carne no Tu do irmão; o Espírito, o fogo que arde sem consumir, sopro que transforma e um.

Esta não é uma matemática divina para ser decifrada, mas um mistério para ser vívido e vivenciado. Assim como três notas formam um único acorde, a Trindade nos revela que a essência de tudo é comunhão.

Desde os Pentecostes, o Espírito Santo não é uma ideia, mas uma presença tangível que nos move — um impulso para o bem, um vento que empurra a história para frente. Ele é o Paráclito, o Consolador que sussurra: "Nada está perdido". Quando o mundo nos diz para competir, Ele nos lembra que fizemos para compartilhar.

E o Filho, Jesus Cristo, é Deus connosco (o Emanuel), não em conceitos, mas no rosto do próximo, mesmo no do Jesus abandonado. Ele é uma prova de que o divino habita o humano, de que o sagrado se esconde no ordinário. Cada encontro é uma Eucaristia.

Deus-Trindade não cabe em definições. Ele é mais que doutrina, mais que sermão. É o amor que tece o cosmos, a força que mantém as estrelas no céu e os átomos em harmonia. Se a física quântica nos fala de partículas entrelaçadas, a Trindade nos revela que tudo está ligado pelo mesmo amor. (Charles Darwin legou-nos um ensinamento mutilado: a "sobrevivência do mais forte" tornando-se no hino de uma era violenta. Faltou-lhe o outro lado da moeda: a cooperação, a simbiose, o tecer invisível que une todas as coisas. A arqueologia e a história confirmam que fizemos tanto para a luta como para o abraço.

Neste Domingo da Trindade, não celebramos uma teoria, mas um chamamento. Se Deus é relação, então nós — feitos à Sua imagem — só somos plenos quando abrimos ao outro. Quando rompemos as barreiras do egoísmo e percebemos: o "eu" só existe no "nós" como cada pessoa divina existe na ilusão comum.

Enquanto a humanidade se perde em conflitos, a Trindade segreda-nos: “A paz é possível”. Enquanto a ciência e a religião parecem rivais, Ela nos lembra que toda a verdade é uma só. Enquanto nos isolamos em medos, o Pai, o Filho e o Espírito estendem-nos as mãos e dizem:

"Vem. Faz parte desta dança. Ama, une e cria."

Na realidade, a Trindade não é um enigma a ser resolvido, mas um abraço a ser vívido (1).

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Nota em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=10068

Dia de Portugal – Um Canto Renascido

10 de Junho de 1580 – Luís de Camões parte, levando consigo o último suspiro de um Portugal dourado.

De celebrações em celebrações, embrulhamos a alma da pátria em folhas de jornal, como sardinhas de feira popular. Queimamos incenso sobre o corpo ainda quente da nação, enquanto ela, entre golfadas de fumo e discursos vazios, agoniza em festa.

Camões, o trovador do destino lusitano, cantou-nos quando éramos aurora. Nas páginas d'Os Lusíadas, o sangue dos heróis ainda corre, mas seco nas veias dos que nos têm governados. O sol da ideologia queimou os núcleos da nossa bandeira, e as revoluções, como vagas traiçoeiras, arrastaram para o abismo o que nos restava de identidade.

Dizem que, ao morrer o poeta, morreu Portugal. Talvez. Mas a terra não sepultou a semente. A classe política, sim, é cadáver – um fantasma que vagueia pelos corredores do poder, surdo ao ritmo do povo, cego à chama que ainda bruxuleia nas cinzas. "Fraco torna briga a forte gente..." E nós, filhos de uma escrava e de revoluções alheias, deixaremos que nos venderemos com os trapos da Libertas, da Agar, de todas as quimeras que nos roubaram o rosto.

Mas Portugal não morre apesar de muitas loucuras ideológicas e nos últimos tempos dos interesses do deus Mamon de Bruxelas que suborna os humanos para obter suas almas. Não morre enquanto respira fé e coragem, enquanto lembra que foi à sombra da cruz e da espada que conquistamos o mundo. Pátria e fé eram uma só carne, um só destino. Hoje, porém, perdemos o povo no labirinto das ideologias, e sem ele, a pátria é apenas um nome vazio, um barco à deriva sob o voo circular dos abutres.

Agora, a missão é outra: não basta restaurar – é preciso redescobrir. Os Homens-Bons de hoje não partirão em caravelas, mas em busca da própria alma. Terão de navegar "mares nunca dantes navegados", não de água salgada, mas de consciência. A Taprobana a vencer já não é a distância, mas o materialismo que nos engoliu, o Estado que nos devora, a religião que se esqueceu de rezar.

Teremos de ousar, como os "egrégios avós", mas sem infantes que nos guiem. A bússola será uma dor, o desespero de uma terra que já não nos é regular. E quando acordarmos, talvez descubramos que a verdadeira liberdade não tem fronteiras – é como o mar, que não sabe onde começa nem onde termina.

Então, Portugal não será apenas um lugar no mapa, mas um verbo: criar. Já não conquistaremos terras, mas relações; já não levantaremos impérios, mas consciências. E quando o céu se rasgar por fim, não serão canhões que ecoarão, mas as cores do arco-íris, derramando-se sobre nós como uma nova aliança.

Até lá, seguimos. Entre a névoa e o sonho, entre os Velhos do Restelo e os loucos que ainda acreditam. Porque um povo que já foi mar não pode viver eternamente de joelhos.

Viva um Portugal que se redescobre à luz do bem e da verdade e se empenhe na construção de uma cultura da paz e abandone a cultura da guerra!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo: https://antonio-justo.eu/?p=10059

EXTREMISMO E POLARIZAÇÃO SOCIAL NA ALEMANHA

Em 2024, as autoridades alemãs registraram um total de 57.701 crimes com motivação extremista, refletindo um cenário preocupante de radicalização no país. O Gabinete de Protecção da Constituição (BfV) acordou dados alarmantes sobre o extremismo em 2024:

- Extremismo de direita: 50.250 indivíduos, dos quais 15.300 são considerados vulneráveis à violência.

- Extremismo islâmico: 28.280 pessoas, com 9.540 em risco de adoção de métodos violentos.

- Extremismo de esquerda: 38.000 ativistas, com 11.200 de tendências violentas.

Tudo isto tem a ver com a polarização social e cultural do confronto.

O relatório não se limita aos números, alertando também para uma degeneração do clima social. A sociedade alemã está cada vez mais dividida, com discursos políticos e mediáticos que privilegiam o conflito em vez do diálogo.

Assiste-se a um reducionismo perigoso: Debates públicos são dominados por uma visão maniqueísta ("bem vs. mal"), ignorando nuances e aprofundando divisões.

Guerra e propaganda: Temas complexos, como conflitos internacionais, são simplificados em "a favor ou contra", eliminando espaço para análise crítica e objetiva.

A falta de coerência política, a hipocrisia, o dogmatismo e o cinismo são fatores que alimentam a desconfiança e o radicalismo.

O relatório da Protecção Constitucional Alemã serve como um alerta urgente: a radicalização e a polarização estão a corroer a coesão social. Para combater o extremismo, é essencial promover o diálogo, a transparência política e eliminar as narrativas simplistas que alimentam o ódio e fomentam o desequilíbrio.

Segundo um provérbio alemão "o peixe começa a feder pela cabeça".

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=10063

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