Terça-feira, 27 de abril de 2021 - 12h44
Inevitável a quem escreve todo
dia, direcionar um pouco da sua escrita à festa anual americana do Oscar,
estatueta conferida aos melhores do cinema. Ano a ano os americanos vem valorizando
a diversidade, novo foco da premiação, nas produções cinematográficas. Antes,
as minorias pouco apareciam nas indicações de maior destaque, neste domingo,
25/04/2021, mulheres, negros e estrangeiros estão entre os principais
indicados, um avanço considerável se levarmos em conta a força do cinema
americano na integração da sociedade global. "Há
uma rachadura em todas as coisas / É assim que a luz entra".
As estatuetas mais importantes,
nas diversas categorias do Oscar, dadas a um coreano, por Parasita,
na festa do ano passado, já sinalizava essa nova tendência americana: em 92
anos de Oscar, foi a primeira vez que um filme não falado em inglês, ganhou o
prêmio de “melhor”. Aos poucos, os patriotas americanos vão
permitindo o aparecimento de brechas em seus compenetrados cérebros, por onde
estão entrando a luz do conhecimento da realidade de outras sociedades, não
menos competentes na arte de produzir bons filmes, recheados de contundentes
questionamentos sociais.
2021 foi o ano das mulheres,
de uma só vez o filme Nomadland – Sobreviver na América, inspirado
no livro da jornalista americana Jessica Bruder e dirigido pela chinesa Chloé
Zhao, primeira mulher não branca a ganhar o Oscar de melhor direção,
abocanhou outras duas das principais estatuetas: melhor filme e melhor atriz. Um
híbrido de filme e documentário, narra as aventuras de uma mulher de terceira
idade, criada pela imaginação da diretora, que se infiltra entre nômades reais,
tentando sobreviver no Oeste americano. O resultado é uma imersão completa, que não enxerga o dia a dia
como problemático, mas como um modo de vida. Na verdade, uma jornada em busca
de aceitação e superação.
Os estúdios
Disney produziram recentemente uma animação titulada Dia e Noite, dirigida por Teddy
Newton, que ilustra bem a perspectiva integradora da diversidade. A rivalidade
e as diferenças causam divergências entre os personagens, no entanto, aos
poucos, como se fossem humanos, eles se fascinam pelas características que não
possuem: o Dia descobre as estrelas e a Noite se
encanta pelo calor da praia. A diversidade de culturas é vital para um
saudável dinamismo cultural.
Bacurau,
filme de Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles, premiado em 2019, com um
Troféu Especial do Júri, no Festival de Cannes, acendeu uma luz de
esperança na expectativa do povo brasileiro, apesar de ainda distante do
inesquecível − O Pagador de Promessas − ganhador da Palma de Ouro
do mais conceituado festival de cinema europeu, o Festival de Cannes, na França.
O renomado filme foi escrito e dirigido por Anselmo Duarte, baseado na
dramaturgia do escritor Dias Gomes, em 1962, época em que os americanos só
tinham olhos para produções hollywoodianas. Tenho certeza que, se fossem com os recursos
técnicos de hoje, acrescidos da nova visão da crítica estadunidense, o diretor,
o filme e o nosso querido Zé do burro ganhariam as principais estatuetas
douradas, na festa americana do Oscar.
Bacurau é uma
mistura de faroeste, forte crítica política e fábula violenta, retratando um
país através da força e da união de seu povo, quando todo o restante do mundo lhe
vira as costas. Através de uma narrativa aparentemente convencional, o texto
dos diretores é repleto de diálogos fortes, ora com sotaque americano ora em
nordestês, com cenas contundentes, abordando, acima de tudo, a perda da
identidade de um país, perante o imperialismo americano.
Vale a pena conferir Bacurau,
ao menos para estabelecer elos de comparação com aqueles premiados com o Oscar,
ou saber o porquê da admiração de Kleber Mendonça, pelo viés da violência, com
os famosos diretores Quentin Tarantino e Sérgio Leone. Vale lembrar que nossas
produções, em se tratando de custos operacionais, não representam nem 10% de um
filme americano razoável.
Além das estatuetas douradas para
mulheres, negros e asiáticos, essa foi a semana da notícia da condenação de um
policial branco, pela morte do negro George Floyd, refletindo a tendência
americana de corrigir erros do passado e reverberando o Black Lives
Matter e o I Have a Dream, ao longo do universo. A
caminhada pela inclusão é longa e não começou agora, já dura séculos: “Eu
tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não
pela cor de sua pele”.
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