Sábado, 25 de outubro de 2025 - 08h13

No passado domingo, a minha neta fez-me
embaraçosa pergunta:
- Avô: o que é ser português?
Mentalmente, pensei – o que havia lido nos
velhos manuais escolares: recordei retalhos dos "Lusíadas"; feitos
gloriosos de patriotas, que ao longo da História deram a vida pela Pátria; mas,
acabei tecendo fastidiosa e insípida lengalenga.
De regresso a casa, consultei, na minha
biblioteca: pensadores, escritores, e filólogos, que permanecem, em forma de
livro, nas prateleiras das estantes, esperando encontrar a resposta.
Infelizmente pouco descobri, além de ligeiros
pareceres.
Para Vasco Botelho do Amaral, ser português, é
imprescindível conhecer bem a língua: " Quem aspira a ser português,
digno de tal nome, deve estudar, quanto possa, a fala que Deus lhe deu."
Acrescenta, recomendando, a leitura de obras
camilianas, que são tónicos, dos melhores, para curar debilidades da
língua" – " Estudos Vernáculos"
No nosso século, infelizmente, poucos são os que
aprenderam a língua, com o leite materno, que a conhecem bem.
Dizem-me, agora, que para ser português, basta-lhe
correr nas veias, sangue luso, mesmo que seja chocalhado com o de outras
nacionalidades.
Sendo
assim, já não é preciso conhecer bem a língua, nem os costumes, a História, e
as tradições; nem ser filho de portugueses, e viver ou conhecer o pais
Conheci cidadão moldavo, que mal falava
português, que orgulhosamente me disse – ter obtido o direito (não sei se os
deveres,) de ser português, após oito anos a viver em Portugal.
Possuía passaporte dos dois países e usava-os
consoante interessas de ocasião.
Amigos brasileiros, andavam num virote,
pesquisando ascendente português. Diziam-me: Assim temos porta aberta para a
Europa, onde se ganha em euros...
Em " Jornada em Portugal", Antero de
Figueiredo, escreveu, inflamado de patriotismo e orgulho: " Eu amo
tanto a língua portuguesa, essa querida língua portuguesa."
Para ele. ter nascido em território luso, e
conhecer bem a língua era orgulho e privilégio.
Todavia, já em 1962, Teixeira de Vasconcelos,
previa o desinteresse e a ausência de patriotismo:
" Já não há portugueses. Essa gente que
elege e é eleita, que faz leis no parlamento, e as cumpre ou se "
insurge" contra elas, é gente estrangeira". - Prologo ao: "
Coração, Cabeça e Estômago"
Mas, isso era no século XIX, dir-me-ão; mas
Moita Flores pensava, quase o mesmo, ao escrever:
" Aqueles que são eleitos e representam
Portugal, descem os degraus da grandeza que receberam, como herança, para
discursar em inglês. Com todo o respeito pelo inglês, jamais ouviremos uma
rainha ou um ministro britânico fazer o mesmo.”. Revista Montepio:
" A Língua Portuguesa" Uma Pátria Imensa 2015.
Fazedor de opinião, Disse: "Depois
de se vender empresas, vende-se nacionalidades."
Se fosse ao preço que o tribuno a comprou,
valeria a pena. Leia-se o que disse a São Paulo: " Eu adquiri o título
de cidadão romano, por muito dinheiro" – Acto22:28.
A concluir: confesso que me encontro embaraçado
para responder à pergunta: " O que é ser português?".
Será conhecer bem a língua? Ser filho de
portugueses? Viver em Portugal? Ser nascido e criado na Pátria?
Não sei.
Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
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