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Crônica

Sem inspiração


Fátima Ferreira Santos - Gente de Opinião
Fátima Ferreira Santos

Há dias desejo escrever, contar, falar de algumas coisas da vida ou talvez da morte. Mas, a inspiração não veio! Falei com pessoas e pensei em diversas possibilidades de iniciar um texto e nada. O pensamento corria solto em diversas direções, mas, os dedos não sentiam ânimo para teclar. Essa conexão da mente e das mãos creio que seja também importante para escrever. O cantar dos passarinhos, as chuvas, o calor ardente, minha gata Nina; uma palestra, um sonho. Uma música para relaxar outra para dançar, talvez. Tudo seria, em tese, um motivo para escrever.  Fechei os olhos - faço isso sempre e tantas vezes - e, colhi da mente uma incontrolável vontade de nada pensar. Queria o vazio do silêncio. O sono sem sonhos; o descanso pleno. Nada veio...

A vida tem sido assim nos últimos tempos. Tenho tido bastante tempo para dispor de mim e dos meus pensamentos e das lembranças dessa vida. Abri um livro. Uma página muito interessante sobre relações humanas, mais especificamente sobre o casamento, me chamou atenção. O quanto nos distanciamos de nós, do nosso autocuidado, de acolhermos nossas deficiências e nossas virtudes colocando tudo no âmbito do certo e do errado, do devo e não devo e nunca no campo do possível sem violações de nossa alma. Acolhermo-nos com todas as nossas fragilidades e forças e nossa capacidade de vencer as adversidades é o grande e profundo  aprendizado da vida. Partilhar experiências com nossos parceiros de jornada, amores de nossas vidas é sabedoria. As relações amorosas deveriam ter por base o crescimento sem grades, o crescimento com respeito à individualidade de cada um. Estarmos juntos, porém sem dependência. Que coisa linda não é?  Significa uma troca contínua de empatia, altruísmo, afetividade, diálogo que culminaria com o respeito profundo a individualidade afetiva/amorosa. Há um enorme desafio que nos ronda sempre que é pensar numa educação que nos possibilite e nos ensine a cuidar de nós e sair da passividade e da  concessão que muitas vezes conferimos ao outro para nos ferir, controlar e magoar. Assumir quem somos, vencer a nós mesmos é um gigantesco desafio/aprendizado. Porque quebraremos barreiras educativas centenárias de que nós mulheres somos nascidas para sofrer. Lembremos os dizeres populares, por exemplo, ser mãe é padecer no paraiso; Deus quer assim; o que Deus uniu ninguém separa e por aí vai. Que tal aproveitarmos esse ano novo que chega e nos aproximarmos de nós mesmas? Abrir as nossas portas interiores e pensar em quem somos e como podemos nos amar mais? Eu estou nesse caminho e você? Um axé de luz para todas nós!

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