Segunda-feira, 4 de agosto de 2025 - 16h53
Das
janelas cerebrais, a que mais projeta vistas ilimitadas é a da imaginação, mais
até que a do conhecimento, e a única que singulariza o ser humano, no reino
animal. Imaginação e fabulação são irmãs siamesas no mundo das artes
literárias, que usam a mamãe criatividade na hora de liberar do cérebro o
potencial das ideias.
Quando adolescente fui um apaixonado pela
escritora inglesa Agatha Christie, romancista, contista, poetisa e dramaturga,
falecida em 12 de janeiro de 1976, aos 85 anos. A mim impressionava, como ela
movimentava as personagens dentro da trama, como se cada uma tivesse um cordão
preso às costas e se deixasse puxar pela criatividade e imaginação. Os finais
de suas histórias sempre escondiam uma surpresa, segredos que desafiavam o
leitor a descobrir o assassino, antes que lesse as últimas páginas ou o último
parágrafo. Um desafio que nos instigava à leitura de outros títulos.
Conhecer
Hercule Poirot, um policial belga aposentado, maior personagem da escritora,
foi um prazer à parte, algo como ser apresentado à materialização da
inteligência. Não havia casos policiais complicados que o detetive baixinho,
careca, pernóstico e vaidoso de seus bigodes encerados, não desvendasse. Um
verdadeiro talento, engendrado nas sinapses cerebrais criativas da genial
escritora. Só Shakespeare e a Bíblia
venderam mais que Agatha Christie, traduzida para mais de cem idiomas.
Eu
li cerca de trinta títulos dos mais de oitenta livros publicados pela Dama do
Crime, muitos se perpetuaram na memória, como Os Crimes ABC, Hora Zero, Assassinato
no Beco, Cai o Pano, Assassinato no Expresso Oriente, O Homem do Terno Marrom e
tantos outros também imortalizados pelo cinema, em Hollywood.
Ten Little Niggers, escrito em 1939, publicado no Brasil
como “E Não Sobrou Nenhum” ou “O Caso dos Dez Negrinhos” é a obra de romance
policial mais vendida da história, além de figurar na lista dos livros mais
vendidos de todos os tempos, independentemente de seu gênero. Ganhou mais de
uma versão hollywoodiana, embora a mais assistida foi a de 1945, com o título: And Then There Were None.
Uma janela
literária, com tantas vistas memoráveis, incentivava o recurso da escrita, em nosotros,
escritores de meia tigela, como um exemplo de imaginação e criatividade na arte
da fabulação. Preocupa escritores que apelam para a IA/AI, na hora de refinar a
imaginação. Parece que os escritores serão os primeiros a serem substituídos
pela máquina. No campo da ciência, fiquei sabendo por um médico, que
determinados aparelhos de laboratório já embutem recursos da IA e oferecem um
preciso diagnóstico, tão logo recebem o material a ser pesquisado. E isso é só
o começo…
Ainda carrego comigo
uns vinte exemplares da genial escritora, dormem mofados nas prateleiras de meu
escritório, de vez em quando eu acaricio um, leio um capítulo de outro, e logo
sou obrigado a cheirar álcool para parar de espirrar, mas compensa o esforço
saudosista, ao menos para lembrar de um tempo em que não havia computadores e
muito menos celulares, nem por isso as pessoas deixavam de se divertir.
Ouvir seus cantores
prediletos pelo rádio, ir ao cinema, nos finais de semana, ao lado da amada (o)
e ler histórias geniais como as de Agatha Christie, são prazeres ainda
valorizados e rememorados por quem tem mais de sessenta, mesmo reconhecendo e
não descartando as facilidades práticas e também prazerosas do celular e da
televisão.
Só não concordo com
a janela fechada da leitura, substituída por uma enxurrada de informações via
internet, embora um pequeno grupo de resistência continue lendo romances,
contos, crônicas, poesias, revistas, em versões impressas ou em e-book, via
tablet, ou em notebook e celulares. Estamos marchando para o implante cerebral do
chip da leitura literária, o da ciência, o das artes visuais, etc. Será uma
espécie de preparação para o domínio final da IA.
O escritor já deve
estar na relação dos “bichos” em processo de extinção. Com o avanço da IA, a
relação íntima entre escritor/leitor vem se desfazendo, paulatinamente. No Rio
de Janeiro, um determinado concurso de textos literários foi cancelado pelos
organizadores, porque detectaram, nos textos vencedores, séria ajuda da IA. Nos
EUA até teses de doutorado estão sendo feitas com ajuda da AI: Seria uma nova versão de
estelionato?
Os meus versinhos
escolares, aprendidos com a professora Maria: “Quem não Lê, mal fala, mal
ouve, mal vê”, foram trocados por:
“Quem não tem
Facebook, Instagram, Whatsapp,
X, nem ChatGPT
Quem não assiste o
Youtube e a TV
Mal vive, mal se
integra, mal vê.
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