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Montezuma Cruz

Ponte de R$ 100 milhões sobre o Rio Madeira vai sair do papel


AGÊNCIA AMAZÔNIA
www.agenciaamazonia.com.br


BRASÍLIA – O ministro dos Transportes Alfredo Nascimento concederá audiência nesta tarça-feira às bancadas federais do Acre e de Rondônia, para consolidar o projeto de construção da ponte na confluência dos rios Madeira e Abunã. Prevista desde 2001, só agora a obra sairá do papel. Deputados e senadores estão motivados para a reunião, principalmente, pelo avanço das obras rodoviárias no Acre e no Peru visando a saída para o Oceano Pacífico.

Projeções técnicas feitas em 2007 indicaram que ela custará em torno de R$ 100 milhões. A ponte modificará o antigo sistema de travessia, numa extensão de 1,1 mil metros, substituindo a balsa a serviço dos usuários da BR-364 há mais de três décadas e da qual se queixam os próprios moradores de distritos acreanos e rondonienses situados na Região do Abunã. 

Um dos mais entusiasmados defensores da obra, o deputado fernando Melo (PT-AC) lembra que na seca de 2006 o abastecimento de combustíveis pela Petrobras e gêneros alimentícios no Acre foi afetado. "A balsa encalhou, por causa da redução do nível d'água, e o Acre ficou isolado do restante do País, a exemplo do que ocorria nas décadas de 1970 e 80, quando a Força Aérea Brasileira socorreu a população". 

O conhecido Complexo do Madeira, cujas principais obras são duas hidrelétricas no município de Porto Velho, prevê o escoamento de soja e outros grãos, madeira e minério, pelo território peruano, para países asiáticos. Concluída a ponte, possivelmente até 2011, além da eliminação de pedágios e outros transtornos operacionais, haverá também diminuição de aproximadamente 1h no tempo de viagem entre Porto Velho e Rio Branco. De um lado a outro, a travessia soma 1,1 mil metros.

Impulso às exportações 

Ponte de R$ 100 milhões sobre o Rio Madeira vai sair do papel - Gente de Opinião

 Fernando Melo lembra as dificuldades do desabastecimento /M.CRUZ

A ponte é um dos alicerces para o transporte rodoviário fluir mais rapidamente entre Rondônia e Acre. Dados divulgados no ano passado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Corporación Andina de Fomento (CAF) indicam um aumento de 25 milhões de toneladas/ano da produção agrícola das regiões centro-oeste e norte do País, com significativa redução dos custos de produção e melhor saldo da balança comercial, por conta das exportações.

Ainda conforme projeções feitas há quatro anos pelo BNDES e pela CAF, a integração de infra-estrutura energética e de transporte entre o Brasil, Bolívia e Peru permitirá a instalação de parques industriais para o agronegócio, navegação, industrialização de minérios e de base.

De acordo com o senador Sibá Machado (PT-AC), os recursos para a ponte estão previstos no Plano Plurianual de Investimentos (PPA), mas ele espera uma reivindicação das bancadas para que a obra seja incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 

O PPA é o principal instrumento de planejamento de médio prazo das ações do governo federal, por determinação da Constituição. Assim, os recursos deverão ser aplicados durante quatro anos, de 2008 a 2011, divididos em quatro parcelas de R$ 25 milhões. 

Região viveu corrida do ouro nos anos 80 
Ponte de R$ 100 milhões sobre o Rio Madeira vai sair do papel - Gente de Opinião

Travessia do Rio Madeira totaliza 1,1 mil metros / M.CRUZ


▪ Os extremos do Acre e de Rondônia, na região da ponte, possuem grande atividade agropastoril e também podem ganhar incentivo à produção pesqueira, aponta um documento distribuído pela Comissão Interdistrital da Ponta do Abunã, que pretende somar as áreas urbanas de cada distrito num só município, emancipando-se de Porto Velho, situada a mais de 300 quilômetros.

▪ Nos anos 1980, a garimpagem manual atraiu para Porto Velho enormes contingentes de migrantes das mais diversas regiões brasileiras. Até o final daquela década, mais de 600 dragas e 450 balsas (casas flutuantes) extraíam ouro do fundo do Rio Madeira.

▪ Os processos de extração eram rudimentares. As perdas chegavam a ser de 50%. O trabalho nas balsas era considerado muito perigoso. O mergulhador tinha de se arriscar nas águas turvas para levar o mangote de sucção ao fundo do rio, a profundidades que chegavam a 15 metros. Caso fosse atingido por algum tronco de árvore, teria morte certa.

Fonte: Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.

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