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Montezuma Cruz

JF defende anulação de concurso para a PRF, que atende também a Amazônia


 
Irregularidades denunciadas na prova de 18 de outubro devem ir para o Ministério Público. Primeiros colocados estavam na mesma sala. Contratações permanecem congeladas. 


MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia   


BRASÍLIA – O juiz federal William Douglas defendeu esta semana no Rio de Janeiro a anulação do concurso para o preenchimento de vagas de agentes no Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF). “A quantidade de denúncias, de suspeitas e de dúvidas sobre a lisura do concurso é suficiente para demonstrar que essa é a solução adequada”, afirmou. Há indícios de crimes de estelionato, violação de sigilo e até formação de quadrilha. 

A não-contratação de excedentes do concurso de 2008 para o DPRF e os indícios de fraude no concurso do dia 18 de outubro de 2009 – aplicado pela Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Assistência (Funrio) – adiam para 2010 o preenchimento de vagas de agentes nos estados de Mato Grosso, no Pará, e em outras regiões brasileiras cujas rodovias possuem trechos críticos sem fiscalização e são alvo de diversas ações de ladrões, contrabandistas e traficantes de drogas. 

A prova foi fraudada por 27 pessoas, apontam as denúncias. Para o magistrado, muitos candidatos aprovados estavam de fato preparados e, se prestarem um novo exame “certamente serão novamente aprovados”. Ele lamentou o transtorno que os prejudicados vêm sofrendo, a partir das denúncias de fraude no exame, mas afirmou que as irregularidades tiram a credibilidade do concurso. 


“Cartas marcadas” 

“Um candidato reprovado está tentando melar o jogo”, ele indaga. E responde: “Olha, se ele traz provas de que o jogo realmente teve cartas marcadas, está com a razão. Mesmo que um candidato esteja fazendo isso porque não passou, ainda bem, porque está dando informações necessárias ao Estado”, disse. 

Segundo William Douglas, “são secundários os eventuais danos aos candidatos aprovados honestamente, em relação à exigência de que o concurso seja honesto”. O juiz defende ação enérgica do DPRF: “Espero que diga: olhe, dona Funrio, a senhora não conseguiu fazer o concurso com as devidas garantias. Ou a gente troca essa senhora, numa solução razoável, pois as denúncias de fraude vêm se repetindo em concursos”. 

Primeiros colocados 
fizeram prova na mesma sala 

JF defende anulação de concurso para a PRF, que atende também a Amazônia  - Gente de Opinião

Juiz federal William Douglas acata denúncias de prejudicados em concurso e sugere anulação /NEMESJURIDICO

BRASÍLIA – No total, 109.793 candidatos se inscreveram para as 750 vagas do concurso, que exige nível superior. O juiz federal William Douglas recebeu, no dia dez, cópias dos cartões-resposta de um grupo de candidatos que se sentiram lesados. Segundo apurou o jornal Folha Dirigida, por telefone, ele recebeu também telefonemas informando que os dez primeiros colocados fizeram a prova na mesma sala e já haviam sido aprovados em outros concursos da Funrio. 

As ligações relatam ainda que os primeiros colocados nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais tiveram notas superiores aos aprovados em provas de outros estados. 

O juiz William Douglas afirma que a investigação deve garantir ampla defesa e o contraditório, diante dos indícios de crime graves. “Se 27 pessoas conseguiram fraudar a prova, de que maneira o fizeram? Como obtiveram informações?”. (M.C.) 

Sindicância termina em dez dias 

BRASÍLIA – Cópias dos cartões-resposta estão nas mãos de várias autoridades. O Código Penal Brasileiro determina o envio das denúncias ao Ministério Público. Para o juiz, isso “não é uma bobeirinha”. “Os prejudicados gastaram dinheiro, se frustraram e, por conta do dano sofrido de fazer uma prova incorretamente. É triste imaginar que ainda terão que procurar advogado, Defensoria Pública, ou ter que gastar para ser atendidos”. 

Dentro de dez dias será concluída a sindicância promovida pela Funrio. A fundação vai enviá-la à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Alvo de um hacker, o site da organizadora do concurso permitiu aos candidatos à PRF ver os cartões dos concorrentes. Apurou ainda a Folha Dirigida que os candidatos suspeitos teriam feito prova em local diferente daquele determinado no cartão de informação. “Alguns deveriam ter prestado exame na capital paulista, mas o fizeram em Cuiabá (MT), a 1.326 quilômetros dali”. 

Para a Funrio, uma das possíveis explicações para essa situação ter ocorrido foi a decisão de permitir esse procedimento em razão de acordo com o Ministério Público, em outubro. Pelo acordo, não mais se aceitaria que o candidato se inscrevesse em mais de uma região. Desta maneira, seriam canceladas as inscrições extras e ressarcido o valor pago. Os concurseiros fariam a prova no local onde primeiro haviam se inscrito. O prejuízo seria minimizado. (M.C.) 

 
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 Fonte: Montezuma Cruz - A Agência Amazônia  é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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