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Montezuma Cruz

Enchente: Defesa Civil socorre desabrigados em Candeias do Jamari


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fotos de Frank Nery

Comissão Estadual de Defesa Civil, Cruz Vermelha Brasileira e Secretaria Estadual da Assistência e do Desenvolvimento Social (Seas) ouviram na manhã de hoje (13) relatos de moradores e da equipe de saúde da prefeitura de Candeias do Jamari, e solicitarão ações da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) para coleta de lâminas e controle da malária após a vazante dos rios.

“Eu peguei mais de 20 malárias aqui dentro, e hoje mesmo acordei com uma cobra no quintal”, contou Larissa Freitas de Lima, 34 anos. Ela enviou o filho bebê para a mãe cuidá-lo na Linha 45.

A cheia prossegue no rio Negro e Candeias:  53 famílias desabrigadas, totalizando 134 pessoas, ainda querem comida e água. Durante mais de duas horas, a secretária Luana Rocha e assessores, e o subcomandante do Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia, coronel Gilvander Gregório de Lima, visitaram casas e becos na lateral da rua Rio Preto, onde é total a alagação.

O coronel e a secretária também ouviram informações das consequências da cheia e de alagações do interior do município, uma delas, da perda de 16 mil litros de leite de vaca na Linha 45.

O carregamento de água e gêneros alimentícios, liberados após licitação pública da Defesa Civil, deverá chegar até amanhã (14) a essa cidade, a 18 quilômetros de Porto Velho. Da mesma forma, para lá seguirá parte dos 1,5 mil galões de água mineral adquiridos pela Comissão, e banheiros químicos. No momento há três.

“Quem tá aqui come com a gente”, disse Maria do Rosário da Silva Lima, ansiosa pela cesta básica.


Até agora, foram instaladas 21 barracas de lona para os desabrigados que saíram de suas casas de madeira 12 dias atrás, no bairro Satélite. A área é foco de aproximadamente 60% dos casos de malária no município de Candeias, registra a Agevisa. Apesar do avanço na luta contra o agravo, o flagelo da cheia volta a preocupar.
Segundo ela, a rotina das famílias alojadas pela Defesa Civil se resume a trabalhar – nem todos –, conversar e auxiliar doentes. Ela mesmo acompanhou o marido Raimundo Nonato Rodrigues da Silva, 54, ao Hospital João Paulo II, em Porto Velho, para cuidar da hérnia de disco.

Às 9h30 desta quarta-feira, as águas do Rio Negro cobriam a Rua Pio Preto no bairro Satélite. “Foi bom que vieram logo, antes do mosquito atacar, e aqui é demais”, comentou Luiz Valter Gomes, 69, ex-funcionário em sete empresas de mineração de cassiterita em Rondônia, feliz ao conhecer a secretária Luana Rocha.

O rio Candeias, que recebe as águas do Negro, desemboca em dois canais no Rio Madeira [maior afluente da margem direita do Rio Amazonas]. A cada três dias, a Defesa Civil e assistentes sociais do município percorrem os ramais.

Aumentou 13% o número de casos de infecção de malária em 2018, se comparado com 2017. Os mais de 7 mil casos distribuíram-se entre 34 dos 52 municípios do estado. Os períodos chuvosos de setembro a outubro, são historicamente os meses que mais elevam quantidade de registro da doença.

Responsável pelo atendimento às famílias, a médica Elisângela Andrade Felicidade, disse que na terça-feira (12), na sede da Colônia dos Pescadores, sua equipe se reuniu com 25 pessoas vulneráveis ao ataque no mosquito anofelino na região.

Procedente do Estado do Amazonas, há 20 anos convivendo com as cheias do rio, Rita Cleide Neta da Silva, 52, reuniu a família toda para receber os visitantes. O marido é trabalhador braçal. Mora com ela e também ocupa uma das barracas, sua irmã Rita Neta, 56, dependente de remédios controlados para controle mental.

Rita criou cinco filhos, todos se casaram, e com ela estava apenas um deles, Cleiton da Silva Lopes,  21, operador de motosserra no momento desempregado e preocupado com o filho Vitor Gabriel, 6, que não havia ido à escola é aluno do 1º ano do Ensino Fundamental.

Dona Rita e alguns vizinhos de barraca justificaram ter trazido também geladeiras na mudança. Segundo eles, “se deixar na casa alagada, mesmo assim ladrões furtam”. Para funcioná-las, os desabrigados usam energia elétrica dos postes vizinhos.


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SAIBA MAIS

► Rondônia chegou a ser responsável por metade dos casos da malária no País no final da década de 1980 e por 25% nas Américas, com 300 mil casos notificados
► Levantamento do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, revelam que três municípios concentram 75% dos casos da doença: Porto Velho, Candeias do Jamari e Machadinho d’Oeste.
► Em comparação com 2017, estes são os cinco municípios com maior número de casos em 2018: Porto Velho (3.294) casos; Candeias do Jamari (1.687), Ariquemes (615), Itapuã do Oeste (486), Machadinho d’Oeste (335).
► O Centro de Pesquisa em Medicina Tropical da Sesau, que funciona numa área do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron), acompanha o controle da malária em Rondônia há décadas.


* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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