Sábado, 3 de dezembro de 2016 - 15h11

Em Porto Velho
Daqui para frente, o manuseio de documentos com um século de história de Porto Velho será cada vez menor. O Museu da Memória Rondoniense, instalado no Palácio Presidente Vargas, em Porto Velho, concluiu a digitalização de dez mil documentos disponíveis para a consulta da população.
Mapas, jornais, documentos oficiais, plantas da cidade e da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e outros papéis da primeira metade do século XX estão numa das salas maiores do andar térreo palaciano.

Historiadora Elis Oliveira cuida do valioso acervo já visitado
“A digitalização começou em março e terminou no início de novembro. Alunos do Ensino Médio e universitários, alunos de graduação, doutorado e o público logo se interessaram pelo trabalho”, comentou a historiadora Elis da Silva Oliveira, do Centro de Documentação do museu.
O jornal Alto Madeira, que inteira um século de circulação em 2017, teve o privilégio de ser o primeiro digitalizado. Na edição nº 139, anno II de 19/9/1918, publicava na 1ª página a secção “Pelos Estados”. Em destaque, uma nota informava que “as tropas inglesas, na offensiva, já derrotaram 42 divisões alemãs”.
Noticiava o afundamento de uma canoa carregada de macaxeira para fabricação de farinha e alertava a respeito da “imprudência de atravessar o (rio) Madeira em embarcações pequenas carregadas”. “Repetidas vezes, isso tem causado sinistros fataes. Bom que houvesse cuidado da tripulação e carregamento para evitar esses desastres”.
No mesmo número, o jornal oferece como “prêmio de natal” uma viagem de ida e volta em 1ª classe numa das embarcações da Amazon River, aManaos. O leitor trocava cupons por um cartão numerado e concorreria pelo sorteio da loteria de natal.
AGUARDANDO PARCERIAS
O museu aguarda parcerias e equipamentos para iniciar serviços semelhantes com outros jornais.
O Instituto Federal de Rondônia (Ifro), que já faz digitalização no interior do estado, será um dos parceiros. Os mapas originais permanecerão dobrados, pois assim se encontram desde a sua confecção.
Nada mais ficará depositado em caixas plásticas, que sujeitavam o papel à umidade e facilmente o deterioravam.
O papelão substitui o plástico na guarda desses documentos. A mapoteca é riquíssima. A digitalização foi supervisionada pela empresa Arquivar, de Belém (PA), trazida ao museu pela concessionária Santo Antônio Energia, em convênio com o governo estadual.
RUAS DE PORTO VELHO
“Estamos felizes com a conclusão dessa fase de resgate documental, nossos profissionais tudo farão para tornar o museu o lugar ideal de pesquisas para a sociedade de Porto Velho, da Amazônia e do País”, destacou a diretora, paleontóloga Ednair Rodrigues.
Na edição nº 69, anno I, em 17 de janeiro de 1918, o Alto Madeira mencionava “a conquista do sertão, a evangelização do gentio, a administração pública e os sonhos de independência” para criticar a denominação de ruas de Porto Velho.
Reivindicava nomes de para personagens do ciclo colonial brasileiro. Assim: Rua Padre Antônio Vieira, Rua dos Bandeirantes, Rua dos Tupis, Rua Gomes Freire, Marcos Noronha, Tiradentes e José de Anchieta. “Do período da Regência foi esquecido Padre Diogo Feijó, e do 2º Império, Rua Barão de Cotegipe, ou Marquez do Paraná. Ou Bernardo de Vasconcellos, para que resulte completa a homenagem à intelectualidade”.
O jornal publicava uma frase em latim, no alto da 1ª página: Labor ominia vincit improbus (“O trabalho conquista tudo”).
Ao lado da nota da novena de São Sebastião, de ponta a ponta da 2ª página, o jornal estampava o Serviço Rádio-telegráphico, com notas diversas, entre as quais, as cotações da banana (3$900) e borracha (mesmo preço). A moeda daquela época era conto de réis.
Na edição 69 noticiava no máximo em três linhas de matéria, bem semelhante ao que se vê atualmente nas redes sociais: sorteio militar, derrota dos revolucionários do Juruá, proteção à borracha, um deputado no banco dos réus (referente a Gilberto Amado, de Sergipe, que responderia a novo jury “pelo assassinato do inditoso poeta Anníbal Theophilo”).
EM PORTUGUÊS E INGLÊS

Museu da Memória espera parceiros para digitalizar mais coleções
A coleção de correspondência pessoal de museu é numerosa: centenas de documentos revelam o cotidiano regional nas línguas portuguesa e inglesa.
No texto em inglês, em 10 de outubro de 1914, o coletor do Amazonas, Clementino G. dos Santos, informava de sua ida ao Amazonas, “para se encontrar com o governador e lhe reivindicar a gratificação de uma viagem de 1ª classe no navio Tupy”.
Em 24 de janeiro de 1918, uma mensagem informava as produções de látex nos seringais Jamary e Machado ao senador Azeredo, no Rio de Janeiro.
Em 1929, o engenheiro fiscal João da Silva Campos enviava correspondência ao presidente da Guaporé Rubber Company, coronel Paulo Saldanha, tratava do embarque de cargas de borracha pelo porto de Guajará-Mirim.
Uma das plantas da mostra a estrutura de uma locomotiva tipo Pacific, fabricada pela empresa The Baldwin Locomotive Works para a Madeira-Mamoré Railway Company.
“É uma viagem no tempo muito agradável, compare os originais com a qualidade do digitalizado”, sugeriu a historiadora Elis Oliveira.
Outra, da casa de empregados na Guardomoria de Porto Velho exibe detalhes da fundação ao madeiramento do assoalho (rés do chão) e telhado, é assinada pelo engenheiro-chefe J. M. Robinson e outros diretores.
Planta com o reconhecimento topográfico do traçado da Ferrocarril Guayaramerín-Riberalta (Bolívia) detalha as pontes de ferro construídas pelos ingleses no trajeto da Madeira-Mamoré. Assinada pelo engenheiro encarregado E. B. Karnoff, em escala ¾.

Palácio Presidente Vargas, sede do Museu
ONDE FICA
O Museu da Memória, administrado pela Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer, fica no Palácio Presidente Vargas, na Rua Dom Pedro II, esquina com Rua José de Alencar, em Porto Velho. Está aberto das 8h às 18h, da segunda a sexta-feira.
(*) Originalmente publicada no Portal do Governo de Rondônia.
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