Quinta-feira, 4 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Montezuma Cruz

DERRUBE, O GOVERNO GARANTE Anistia a desmatadores, um soco no fígado


 
 

MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia

Nenhuma surpresa causou o decreto assinado esta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concedendo anistia por um ano aos desmatadores. No ritmo em que se decide a ocupação amazônica, essa medida apenas complementa a série de bondades que o governo permite chegar ao setor produtivo, mandando às favas as conseqüências presentes e futuras, finge ignorar como cresce uma planta e se lixa para a extinção de espécies nativas. 

A quem pensa que ajuda o governo? A quem pensa que engana?

Durante esse período de 12 meses, o Ibama não poderá cobrar as multas aplicadas, o que já põe a nocaute o instituto e impõe mais uma derrota aos ambientalistas, ou mesmo, àqueles que moram perto das regiões desflorestadas e sofrerão primeiro os efeitos das alterações climáticas.

Segundo o decreto 6.686 que altera o 6.514, assinado em junho de 2008, a cobrança das multas relativas à ocupação irregular de reserva legal e desmatamento serão suspensas até o dia 11 de dezembro de 2009. Para ser beneficiado, o desmatador só precisa apresentar o protocolo de pedido de regularização da reserva legal no órgão ambiental competente.

Novamente, a bancada ruralista, acomodada no sofá de casa e produzindo as leis que lhe convém, faz festa com a canetada presidencial. Apresenta o rasgado argumento de que "a classe produtora ganha tempo para trabalhar pelo fim da exigência da reserva legal e pela transformação da anistia em uma medida definitiva, com a alteração do Código Florestal". Ora, quando o sofá esquentar os traseiros dos parlamentares ruralistas, que se acham corretíssimos, anti-ONGs, e "defensores do segmento econômico que alimenta e exporta", certamente a natureza lhes mostrará o que é recomendado para a tosse de cada um. E aí, não adianta chorar. O caminho não tem volta.

Dias atrás, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, discursou enfaticamente para justificar a anistia a quem desmatou e ocupou ilegalmente áreas de preservação permanente até julho de 2007. Sua Excelência, raposa velha no mando deste País – já ocupou em outra ocasião o Ministério da Previdência Social – envolveu até o presidente da República em sua fala, vez por outra descabida.

Pimenta no rabo alheio não arde, raciocinaria Stephanes, e nem sequer faz esclarecer que o seu Estado, o Paraná, derrubou tudo o que tinha de verde para empurrar as exportações brasileiras de grãos ou fabricar etanol.

Assim, prezadas e prezados leitores, a proteção ambiental vai ficando mesmo só no discurso governamental, porque na prática, Luiz Inácio cede às pressões da bancada ruralista. Quando deixar o poder, o presidente é outro a deitar-se no sofá do seu aparamento em São Bernardo do Campo, a 4 mil quilômetros de distância das queimadas e derrubadas.

O estímulo à impunidade é um soco no fígado. 

Fonte: Montezuma Cruz - AAgênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 4 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A terra treme em Porto Velho

A terra treme em Porto Velho

Já sob a direção do médico baiano Joaquim Augusto Tanajura, em 19 de janeiro de 1922, ano do centenário da Independência do Brasil, o jornal Alto Ma

Este é o patrimônio verde rondoniense em tempos de COP-30

Este é o patrimônio verde rondoniense em tempos de COP-30

Estão em Rondônia dez das 805 Reservas Naturais do Patrimônio Natural (RPPNs) do País. Elas são áreas protegidas, de acordo com o Sistema Nacional d

Já se passam 82 anos, desde o incentivo do Banco da Borracha à presença da VERT

Já se passam 82 anos, desde o incentivo do Banco da Borracha à presença da VERT

Porto Velho ainda pertencia ao Amazonas no final de fevereiro de 1943, quando o diretor do Banco de Crédito da Amazônia), Ruy Medeiros, visitava a Ass

Porto Velho já recuperava locomotivas na década de 1940

Porto Velho já recuperava locomotivas na década de 1940

Porto Velho salva locomotivas desde o início do Território Federal do Guaporé, em 1943. A mecânica com a utilização de mão de obra local vem de long

Gente de Opinião Quinta-feira, 4 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)