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Montezuma Cruz

Boas notícias na Amazônia


MONTEZUMA CRUZ

Os deputados da Comissão Especial de Mineração anunciaram viagens para o Canadá e a Austrália, a fim de conhecer o sistema de distribuição de royalties da mineração para populações indígenas. De efeito duvidoso, essa preocupação seria desnecessária se eles votassem o Estatuto dos Povos Indígenas, que adormece na Câmara. Mas a semana teve boas notícias para Amazônia, em que pesem as costumeiras mazelas e o desencontro entre a bancada regional, desunida na defesa dos interesses maiores da região.

Anunciou-se, em Brasília, que a Força Nacional vai atuar contra o desmatamento na Região Norte, e isso faria diminuir, momentaneamente, os conflitos amazônicos. Pelo menos é o que avalia o coordenador da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), José Batista Afonso. Frase dele: "Só com a vontade política do poder público seria possível reverter a situação do homem do campo na Amazônia". Vai em boa hora: 800 assassinatos em 30 anos e apenas sete mandantes condenados constituem o quadro melancólico do Estado do Pará, conforme levantamento da CPT. Dos sete mandantes de crimes, apenas um está preso, o do caso da irmã Dorothy.

Os conflitos de terra na Região Norte, em 2006, envolveram cerca de 216 mil pessoas, aponta

ainda a CPT. No mesmo ano ocorreram 143 ameaças de morte e 54 pessoas foram assassinadas. 

Boas notícias na Amazônia - Gente de OpiniãoA Agência Amazônia publica matéria a respeito da polêmica concessão de 96 mil hectares da primeira Floresta Nacional (Flona) do País, em Rondônia, a particulares. Registre-se: todos os candidatos são madeireiros. Polêmica, porque até o Greenpeace apóia o projeto, por entender que ele é uma forma de combate à grilagem de terras que já dura 30 anos na região. Será?

Polêmica, porque o Ibama não tem vencido a batalha contra o desmatamento, que em 2007 alcançou cifra superior a 600% só naquele Estado. Em matéria de drrubadas e queimadas, Rondônia perde apenas para o Pará. Fiscais do órgão vêm encontrando dificuldade na identificação das toras transportadas clandestinamente dentro do Estado que, contraditoriamente, concluiu primeiro o Zoneamento Agroeconômico e Ecológico. Quer dizer: para que serve isso?

A Força Nacional poderá também enviar tropas para a Reserva Indígena Raposa do Sol, no Estado de Roraima, comentou o coordenador da Comissão das Organizações Indígenas da Amazônia, Jecinaldo Barbosa Cabral. Se os soldados irão defender os direitos dos povos indígenas, poderão também garantir as reivindicações dos brancos – as mais conseqüentes –, postuladas em alta voz na Câmara dos Deputados e no Senado.

Mais uma notícia boa chega a Brasília. Vem de Sinop, norte mato-grossense: madeiras queimadas, troncos e galhos colhidos na mata ou descartados por madeireiros e agricultores estão sendo utilizados na fabricação de móveis rústicos naquele município. A idéia, conforme divulgou a Radiobrás, nasceu há oito anos, quando Israel Pereira, artesão de uma associação de Sinop, resolveu aproveitar a madeira que era jogada fora ou que iria ser queimada.

Para fabricar seus móveis e comercializar suas peças, Pereira montou uma empresa, que emprega sua mulher, seu filho e mais dois funcionários. Em média, eles conseguem produzir semanalmente seis móveis, que são vendidos em feiras ou por encomenda. A empresa de móveis ecológicos atende todo o Brasil e fatura cerca de R$ 3 mil por mês.

O melhor de tudo isso é que os móveis têm certificado e nota fiscal emitida pelo Ibama. Pereira afirma que o negócio poderia beneficiar mais pessoas que quisessem trabalhar com madeira descartada. Mas reclama incentivo. "Você vai ao Nordeste, vai a Goiás, a Minas Gerais, e já tem reconhecimento; o artesão lá é já é respeitado. Aqui, nós não temos reconhecimento do governo".

Espera-se que outros Pereiras apareçam e recebam imediatamente as visitas do Sebrae, do Ibama, de organizações não-governamentais que apóiam a floresta em pé, enfim, de todos aqueles que vêem a exploração sustentável uma saída para o homem amazônico e, ao mesmo tempo, combatem todas as formas de desperdício. Amém. 

Fonte: Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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