Sábado, 29 de janeiro de 2011 - 18h34

MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
Nunca Rondônia vira algo semelhante: 12 aviões do mesmo dono, enfileirados na pista do Aeroporto Belmonte em Porto Velho. Estivessem fazendo um filme, aquele era o cenário apropriado. Contribuiria para isso o clima de curiosidade popular e de apreensão entre os envolvidos com o tráfico. Somando-se a retenção de aeronaves em Porto Velho, Vilhena e Cacoal, chegava-se a um total de 18, a maior frota imobilizada na Amazônia Brasileira, no século passado.
Na sucursal da Empresa Brasileira de Notícias (EBN), onde escrevia minhas matérias, o telefone tocava a cada meia hora, trazendo-me importantes dados da Operação Eccentric. Escrevia uma matéria para a sede, em Brasília, outra para o Jornal do Brasil, do qual era correspondente.
Em 28 de fevereiro de 1985, no segundo dia da operação, a PF apreendia mais dois aviões e 327 milhões de cruzeiros, incluindo-se nesse montante as cédulas de dólares encontradas na casa de um piloto. Afora o dinheiro, os agentes recolhiam aparelhos de radiocomunicação, telefones sem fio e videocassetes.
Até o vistoso DC-3 recém-adquirido pelo piloto Macilon Braga entrava na dança. Inteligente, ele havia colocado as aeronaves em nomes de terceiros. Incrivelmente, era só essa frota o indício do envolvimento de Braga e outras pessoas com o cartel, já que nenhuma grama de cocaína fora encontrada na ocasião.
A frota retida somava prejuízos de aproximadamente Cr$ 5 bilhões. O confisco de terras, imóveis, automóveis, tratores, barcos, lanchas, caminhões e equipamentos eletrônicos elevariam esses prejuízos para Cr$ 17 bilhões.
A máfia não sossegava diante do golpe sofrido em São Paulo, Manaus e Porto Velho. Pelo contrário, seus advogados insistiam com a Superintendência da PF para a liberação das aeronaves apreendidas. Pedido negado.
Concluída a operação, a PF ainda faria perícia na Taxi-Aéreo Candeias, de Aldemir Carvalho, irmão de Macilon. Aquela empresa fazia o transporte de ácidos entre Cacoal e a refinaria situada em território boliviano.
O inquérito subiu à Justiça Federal, abarrotado de flagrantes e depoimentos. Numa das partes descrevia minuciosamente diligências feitas em fazendas e chácaras usadas pela máfia. E aí se sabia que a Agropecuária não possuía bois, mas ostentava um luxuoso arsenal de armas pesadas, barcos de alumínio e lanchas.
Estava bem explícita a sedução que o tráfico exercia sobre pilotos de taxi-aéreo nesta parte da Amazônia Ocidental Brasileira. Floriano Nolaço, o ex-piloto do coronel Jorge Teixeira, governador de Rondônia, não estava só, já que a PF também constatava o envolvimento do colega dele, Rui Cleber, com Baianinho – testa-de-ferro de Camilo Gonçalves. Rui possuía aviões de Camilo em seu nome.
Já Ocimar Cruz e Souza, sócio de Nolaço, era o “dono” da Fazenda Santa Cruz, em Pimenteiras do Oeste. Num barracão daquela propriedade a máfia armazenava cargas de ácido, papel higiênico e absorventes utilizados no refino de cocaína. Além do éter, do hexano e da acetona, as fazendas de Vilhena, Pimenta Bueno e Pimenteiras do Oeste armazenavam também baldes com permanganato de potássio, tambores de amônia e de ácido clorídrico.
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