Sábado, 12 de julho de 2025 - 08h02
Um pouco de cor. Verde, a cor da semana. Por
vários motivos, indicação esotérica, a cor que pintei minhas unhas e, de
repente, o uso em propagandas políticas. Mas também porque sugere – junto com o
amarelo – o avivamento do sentimento patriótico depois da verdadeira afronta
contra o país disparada pelo presidente dos Estados Unidos. E tem mais.
Para quem vive por aqui em São Paulo com o mínimo de
atenção, a propaganda da prefeitura que está no ar mostra a capacidade de - na
boa - tentar nos dissuadir das condições reais da cidade. Mostra situações
teatrais e meio sem sentido de conversas de abilolados sobre reparar “o quanto
São Paulo está verde”, exaltando nem sei bem o quê, uma vez que o que se vê
mesmo são árvores usadas como lixeiras, doentes, torturadas, que tombam
defuntas com o soprar do vento e quando chove. Os parques, muitos agora
privatizados, viraram particulares e rentáveis, cheias de balbúrdias,
construções irregulares em áreas tombadas, shows e barulhos que atormentam
especialmente a fauna. Parques e praças fechadas ao público, com grades; outros
em péssimas condições. Os tais bosques urbanos que implantam aqui e ali são
pequenos pedacinhos para os quais dão nomes bonitos, de pássaros. As milhares
de árvores a que se referem são mudas, plantadas justamente em áreas nas quais
estão passando o trator em cima da vegetação adulta.
São Paulo passa por um momento especialmente agressivo de
transformação, com apoio de plano diretor negociado nos gabinetes da política.
Ao invés do verde, o cinza domina. Construções monumentais em todos os lugares
derrubando sem dó bairros, vilas, memórias, esquinas, e até pequenos prédios
para erigir torres vendidas a preço de ouro, com marketing pesado de suas
“maravilhas”. O forte assédio aos moradores de onde querem demolir para escavar
os empreendimentos chega a oferecer vantagens e valores irrecusáveis, e aiai do
vizinho que ousar não aceitar – vira o inimigo, marcado. Cercado.
Sejamos “justos” - tem muito verde sobrando também em uma
propaganda da Petrobras, uma tal de energia justa, no ar esses dias, parte
feita com inteligência artificial, quando não com figurantes e atores
sorridentes.
Verde popular por aqui só nas cercanias do Estádio do
Palmeiras. Até o Partido Verde, por exemplo, que nesse momento de emergências
sobre todas as coisas da vida deveria estar no auge, parece mesmo é respirar
por aparelhos, encolhido em um canto.
Mas nem tudo parece perdido para esta tão bela e
significativa cor. Agora com a mais do que esquisita ameaça e provocativa
taxação de 50% nos produtos nacionais lançada com ares de chantagem pelo
presidente Donald Trump misturando Bolsonaro, familícia, economia, geopolítica
e gotas de loucura, o verde se junta ao amarelo nos corações em defesa da
pátria e da soberania nacional. Sem precisar ser vestido, aparece rejuvenescido
o sentimento, e em todas as direções ideológicas, até naquela que adota muito
mais o amarelo “canarinho” quando sai às ruas, e que agora se vê no dilema de
poder ser culpada por um problemão.
O verde também pode significar inclusive que essa coisa
toda não está madura, pode até ser bravata, resultando no sentido contrário ao
pretendido pelo poderoso americano que dá pernadas para todos os lados. E aí
entra o necessário cuidado na reação, o pisar em ovos das declarações, na
resposta e ações, o incentivo à entrada do que melhor houver em diplomacia
entre os países.
Me fez lembrar até de uma famosa camiseta que Lula usava
nas greves sindicais, com o personagem João Ferrador: “Hoje eu não tou bom”
(sic). Alguém, por favor, o acalme para a coisa não ir para o brejo de vez.
______________________________________________________
MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
___________________________
Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
Blog Marli Gonçalves: www.marligo.wordpress.com
No Facebook: https://www.facebook.com/marli.goncalves
No Twitter: https://twitter.com/MarliGo
No BlueSky: https://bsky.app/profile/marligo.bsky.social
No Threads: https://www.threads.net/@marligo
Semana passada escrevi sobre a minha quase mania, como considerei, de contar coisas diversas nas ruas, mas apenas por pura distração. Muitos leitore
Tô ficando quase maluca com a verificação se uma observação que ouvi de um amigo é mesmo verdade: a maioria dos gays está usando barba e bigode, ou
Orgulho e diversidade. Sempre alertas
As celebrações se unem. Diversidade, e orgulho por fazer parte de alguma. E são muitas as possibilidades de estarmos inseridos em algumas delas, até
A cada dia nos percebemos mais vulneráveis, iludidos, frágeis, indefesos, até bobos e manipuláveis. Muito além dos inúmeros riscos que sofremos no d