Domingo, 14 de dezembro de 2025 - 08h00

Aliás, já está parando toda hora, e é por tanta
coisa malfeita, malcuidada, mal administrada; quem mora aqui sente. É quase
distópico o ambiente onde construções absurdas derrubam memórias, empresas
deixam sem luz, água e comunicação, a locomoção quase impossível. Não há
planejamento e cada vez mais o clima trará surpresas, embora há ainda quem não
acredite no volume de todas as emergências.
Sempre que pensava em “São Paulo vai parar!” era por coisas
tipo protestos, vide 2013, Carnaval de rua, e mesmo em volta de enterros e
homenagens a pessoas marcantes, ídolos, celebridades cultuadas, como foi com
Tancredo Neves e Ayrton Senna. São Paulo agora trava até sem motivo climático,
alguns dias piores que outros. Tudo é muito, e a Lei da Física que dois corpos não
podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo se demonstra diariamente.
A cidade não está preparada para nada que saia um pouco da
rotina. Pouca assistência do poder público. Os ventos dessa semana, acima do
normal, causaram mortes, acabaram por derrubar centenas de árvores, já
maltratadas com lixo a seus pés, conforme reclamo tanto. Por aqui perto, a rua
“nobre” ficou parecendo uma galinha depenada depois da passagem do ciclone
extratropical e há dias só se vê o arrastar de vassouras tentando colher seus
restos ou galhos. As luzinhas de Natal intermitentes davam até tristeza.
Não há planos de contingência, milhões de moradores ficaram
sem luz, alguns até agora, muitos ainda sem água; fazem fila para dar
depoimentos comoventes aos noticiários, contando suas amarguras ao tentar
contatar as empresas irresponsáveis. Que respondem com notas frias e
argumentações ralas, contas caras. Privatizadas, eram esperança. Eram. Vide
ainda o que ocorreu no Aeroporto de Congonhas, com milhares batendo cabeça, pelos
saguões sem amparo e sem orientação de como ou quando chegariam aos seus
destinos. As multas que levam ficam sem ser pagas entre disputas e
controvérsias judiciais.
O prejuízo milionário das lojas obrigatoriamente fechadas
em pleno período de Natal, as perdas de alimentos estocados, calculadas em
milhões, no ar.
A Câmara Municipal, só ainda não tão vergonhosa quanto a
Câmara Federal que tomou medidas assustadoras essa semana no embate com outros
poderes, continua lá, grosseira, aumentando impostos para nós e os seus
próprios salários, liberando incorporações e pedidos de poderosos. Não
conhecendo a cidade que, como vereadores, deveriam representar e proteger. O
exemplo recente, o projeto de lei para regularizar o uso de motos por
aplicativos, tão estranho que as próprias empresas que o esperavam desistiram
de operar. Não achariam motoqueiros verdadeiros anjinhos que pudessem atender
tantas regras, cursos, obrigatoriedades, testes, pré-requisitos, não pode isso
ou aquilo, circular aqui ou ali. Ou seja, continuará sendo irregular o
transporte por motos, usado rotineiramente e por necessidade em toda a
periferia.
Rodízio? Cada dia mais carros trafegando, liberados
elétricos, híbridos, de quem pode comprá-los. O incentivo ao uso enquanto o
transporte coletivo se esmera em ser tão ruim, não planejado, em deixar a
população na mão, nos pontos, transportados como gado. A greve dos motoristas
durou algumas horas, decidida de repente pela categoria numa tarde de chuvas e
ventos, sem aviso prévio e por mais “justa” que fosse a reivindicação, cruel.
Com a ordem do sindicato muitos despejaram passageiros pelo meio do caminho,
fechando as portas e nem concluindo a viagem até o ponto final. Os aplicativos
e seus preços flutuantes descontrolados cobrando absurdos que poucos ganham em
um dia obrigando a longas caminhadas na volta para casa.
São Paulo, na verdade, a metrópole, não pode continuar
cruel assim com seus habitantes, sujeitos à violência, cada dia mais
estressados, com necessidades básicas não atendidas. A decadência dos serviços
e infraestrutura, zeladoria desleixada, suja. Se parar, se travar de vez, pode
ser um perigo. Muita gente junta e revoltada não tem boas ideias.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, cronista, consultora de
comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom
para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na
Amazon). Vive em São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Domingo, 14 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
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