Sábado, 21 de junho de 2025 - 08h05
As celebrações se unem. Diversidade, e orgulho
por fazer parte de alguma. E são muitas as possibilidades de estarmos inseridos
em algumas delas, até nas que ainda nem foram listadas e bem respeitadas como
deveriam enquanto diversidades. Há muitos perigos rondando nossa alegria.
As corporações têm corrido para se adequar a todas as
práticas e critérios da valiosa e gringa sigla ESG – Environmental, Social and
Governance (atitudes ligadas às práticas ambientais, sociais e de governança).
Hoje, letras cada vez mais valiosas no mercado institucional e de atributo
positivo a produtos e empresas. Três letrinhas que aparecem agora até em cenas
de novela, com o personagem tentando convencer a adesão da avó malvada que
comanda a grande e poderosa companhia que ela fez crescer justamente
atropelando todas as normas, leis e diversidades.
Palmas para todos. Mas precisamos estar bastante atentos às
medidas reais para que nada disso seja conversa mole, jogada fora, ou apenas
pequenas concessões ampliadas da boca pra fora para cumprir tabela, passar em
exame de alguma auditoria. Como dizem, “Deus tá vendo”, e em todas as
diversificadas religiões, credos, ou mesmo entre quem concretamente se abstém
de crer, os ateus.
Aqui em São Paulo a cidade se vestiu mais uma vez com as
cores do arco-íris, na realização da 29ª Parada LGBTQIAPN+ tomando a Avenida
Paulista no domingo, além de toda a alegre e colorida movimentação trazendo
bons ganhos à cidade. Acompanho desde sempre, desde o início, a evolução do
movimento, e cada vez mais grandes marcas encostam no tema em apoio, o que é
mesmo ótimo, inclusive para o fortalecimento, reconhecimento e atenção às
pautas trazidas a cada ano.
O tema deste ano é 'Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência
e Futuro'. Esperamos que já não sem tempo sejam verdadeiramente espalhadas as
suas propostas e reivindicações. Justamente a parcela da sociedade que
acompanhou algumas das maiores conquistas e transformações, lutou por
visibilidade, mais sofreu por preconceitos e pela sinistra epidemia que a
estigmatizou, ainda enfrenta desafios como o etarismo, abandono, solidão,
escassez de políticas públicas, barreiras e dificuldades no acesso à saúde,
falta de rede de apoio, entre outras.
Estive na grande Feira da Diversidade que todo ano agora é
realizada no Memorial da América Latina e, fora a multidão, impressionou a
quantidade de empresas e instituições fazendo no evento o que chamam de
ativação, ações de marketing. O problema é que também notei mais dificuldades
por conta disso e da intromissão e controle digital em tudo, entre outros
problemas. Para o ingresso, gratuito, obtenção do código de barras para a
entrada, via uma empresa especializada, perguntas gerais, de orientação sexual
à faixa salarial, dados, documentos. Lá dentro: queria beber algo, uma
cervejinha, comer alguma coisa? Precisava de – primeiro - fazer um cartão, de
uma outra empresa, com valores, para depois se dirigir às barraquinhas que os cobravam,
descontando.
A imposição de ceder dados de identificação - por menores
que sejam - para qualquer coisa que a gente faça, tem lados bons, como maior
conhecimento e pesquisas, e outros muito ruins, como para onde vão, como serão
usados. E pior, agora mesmo tivemos a descoberta de (mais um) drástico e
criminoso vazamento de bilhões, bilhões, de dados de pessoas atingindo também o
nosso país.
Somada à recente determinação das maluquices dos EUA de
agora só ceder vistos a quem – impressionante – desbloquear e dar acesso às
redes sociais para serem por eles investigadas (chamam isso de verificação), ao
visível mundial avanço de retrocessos, é de se temer, e muito, o futuro. Não
ter redes sociais? Não adianta; eles atribuem essa vontade que é direito de todos
a – rárrá! – querer esconder alguma coisa. Querem saber de quem falamos mal, se
deles ou de algum amigo aliado, se apoiamos algum outro que não seja o que
querem, se opinamos defendendo alguma causa que a nos parece justa, mas não a
eles. Se sim, veto. Considerei isso mais que um acinte, um enorme perigo.
Por enquanto, vamos brincando apenas jogando a liberdade
como uma bolinha, aceitando regras, fazendo memes e batendo leques em
territórios que consideramos livres, com melhorias, todas as letrinhas e
diversidades se mostrando, funcionando dia após dia.
Mas e se o vento muda? Nós, os hoje prejudicados pelo
etarismo que ainda impera, já vimos acontecer. Podemos contar como foi e até
dizer que agora pode ser ainda pior do que o que vivemos, se identificados e
marcados como gado na esfera digital e seus algoritmos, com domesticada
inteligência artificial.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em
São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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