POLÍTICA & MURUPI 28/01/09

Frase do dia:

"Eu acho o ministro Sthepanes experiente, ele tá ligeiramente descompensado" – Minc, ministro do Meio Ambiente, em declaração pública sobre Reinhold Stephanes da Agricultura

01 – Vice-versa
Davos de um lado, Fórum Mundial de outro. Ricos e pobres pela ordem e desordem na pauta de ambos os lados. Os discursos são antagônicos e frustrantes e se existe algo em comum são os manifestos, que levam a idéia de nada a lugar nenhum, mas que preenchem cabeças em adiantado estado de utopia permanente. Espaços – os dois – para o surgimento de líderes com aura da de santos ou salvadores do mundo. Com tanta gente e é muito raro surgir algo verdadeiramente novo e prático em qualquer um dos fóruns. É só bandeira maniqueísta. Se sou bom você é mau. O governador do Rio vai mostrar como está resolvendo o problema na favela do Morro de Dona Marta. Do lado de cá, em Belém, o primeiro manifesto saiu pedindo a paralisação das obras no Madeira. Pelo andar dos burros, as duas carroças voltarão vazias. 

 
02 – Minc – o midiático
O Ministro Minc – ele mesmo se diz midiático – desceu em Porto Velho, meteu um jaleco bem transado do IBAMA, foi a Cujubim, lacrou uma madeireira na frente das câmeras de TV, voltou a Porto Velho, assinou duas doações – madeira e peixe apreendidos – deu uma entrevista e vazou. Fora o aparato – dispensável e caro – uma boa notícia para o meio ambiente. Toda a madeira apreendida não mais ficará apodrecendo nos pátios das serrarias ou nos depósitos do IBAMA e a receita obtida com a madeira apreendida servirá para a criação de um “fundo desemprego” para os habitantes da região, ligados à atividade. Tudo bem, mas sem políticas, “a priori”, continuaremos punindo o crime que já ocorreu em lugar de evitar o dano.     

03 – Falando minha língua
Diferente do midiático Minc, o Deputado Eduardo Valverde vai fundo na questão ao dizer que a maneira mais eficaz de evitar o desmatamento, oriundo da ocupação desordenada é estabelecer políticas ambientais fortes e melhorar a fiscalização. Traduzindo em “zedenanês”, “não adianta fazer cerca se a cabra já comeu o roçado”. E o Valverde que se preocupa com o pré, dá uma receita para o pós, ao defender que nas áreas que já foram desmatadas sejam feitos reflorestamentos e que as comunidades que vivem em áreas de conservação tenham treinamento para o manejo sustentável, “para que essas unidades venham a desempenhar seus objetivos de forma plena, faz-se necessário o estabelecimento de um conjunto de medidas que propicie não apenas sua proteção, mas o sustento das comunidades que vivem nesses localidade”. Falou pouco mais disse tudo. Já pensou o peso disso, pela boca do Minc?  

04 – De pão e peixe
O Engenheiro José Bonifácio da Odebrecht concedeu uma longa entrevista no Câmara 11 e falou de tudo, mas alguns pontos valem o repeteco: 1- o início da geração de energia foi antecipado em quase um ano e pode recuar ainda mais. É dinheiro que chega mais cedo para Porto Velho. 2- a relação respeitosa com a cidade e com os ribeirinhos. Uma vila do lado esquerdo do rio já está pronta e habitada. 3- diferente de notícias veiculadas, na obra já estão 1800 empregados e entrando mais 800 e por fim, o projeto,  menina dos olhos do Bonifácio. Pelo “Acreditar” deverão passar e serem qualificadas 26.000 pessoas – já saíram 5.000 novos profissionais da “universidade do pião” – e só trabalhará na obra quem alisou o banco da escola. Mais emprego é mais pão na mesa, mas a “tchurma do milagre” prefere falar do peixe.  

05 – Comendo pelas bordas
Sem pressa de chegar, mas com um andar sustentável, o site www.gentedeopiniao.com vem marcando presença na coluna dos favoritos do público. Com uma trajetória de privilegiar o debate e a divulgação de todas as tendências, o site juntou no mesmo barco, colaboradores de direita, esquerda, centro, de cima, de baixo, de dentro, de fora e virou referência. Para o Chico Lemos, a quantidade de acessos era uma questão de tempo e aconteceu. “Chegou a hora de oferecer mais ao internauta que nos prestigia. Vídeos e áudios além das colunas – marca do site – estarão lado a lado”. E o rondoniense mais mineiro que conheço, não inventa, segue planos que traçou lá atrás, em 2004, depois de descobrir a importância do contraditório e o valor das diversas opiniões e tendências. Vem daí o novo lema “Todas as Tendências”.

06 – Loirinha Bombril
No site www.rondonianahora.com vem a informação que uma estudante no Paraná bagunçou o sistema de cotas raciais. A universidade excluiu a estudante que obteve pontuação para ser aprovada mesmo fora do sistema de cotas porque suas características físicas não eram de negra. A aluna alegou que a análise sobre sua descendência foi precária e que a sua nota era suficiente para aprovação no sistema de concorrência geral. Para a justiça, “o povo brasileiro é fruto de miscigenação e, dessa maneira, a mistura das raças dificulta a definição de uma pessoa como sendo branca ou negra”. A universidade recorreu, mas o desembargador Carlos Lenz foi buscar um parecer do MPF que chama de loteria, os critérios subjetivos para avaliar o direito de concorrer pelo sistema de cotas. Cota: a grande lambança miscigenada e confusa.

07 – Marolinha
O governo às vezes anda em círculos. Lembram daquela irritante propaganda das eleições? Num instante o país vai aumentar o nível de investimentos para R$ 18 bilhões na seqüência o anúncio de contingenciamento de R$ 37 bilhões, sendo R$ 14 bilhões de investimentos. E aí? A conta parece ser fácil. O Brasil vai investir exatos R$ 4 bilhões. Certo? Errado. Para ajustar a conta, nova rodada, ou circulada. A Petrobrás vai bancar os R$18 bilhões. Mas como, se a empresa fechou o ano com déficit na conta de exportação de petróleo de R$1 bilhão? Fácil de explicar com outro círculo: a Petrobrás bateu o recorde com exportação de petróleo em 2008. E se foi recorde, porque o déficit? Bem aí é preciso um novo círculo. Lembra que Lula chamou a crise de “marolinha”? Faça outro círculo e corra da praia. Não é marolinha é tsunami e mata.  

08 – SPC oficial
A idéia é tão simples que não dá para entender porque até hoje não existia. Alceu Ferreira do DEOSP e Emerson Castro, prefeito em exercício, cão trocar figurinhas e querem impedir que as empresas que atrasam ou abandonam obras públicas participem de licitações oficiais. O estado já possui um cadastro – Sinad – que será repassado à prefeitura, que por sua vez vai informar quais são as empresas que não conseguem cumprir prazos e acabam por prejudicar toda a sociedade. A prefeitura que enfrentou sérios problemas com essas empresas, está até hoje com dois pepinos enormes: a duplicação da Vieira Cahúlla, e um conjunto habitacional do Marcos Freire. Parceria firmada, “pasteiros de obras” expurgados e ganham todos. Valeu!

 
09 – FeBeACon
Com tanta coisa grande por fazer e o Congresso se apequena. Não é que o deputado, o Hugo Leal, lá do Rio de Janeiro resolveu matar todos os coelhos com uma só cajadada? Com base em outra lei que dispõe sobre a fabricação de veículos coletivos no Brasil, o deputado carioca, cobra uma providência que vai encarecer muito mais o custo de fabricação de ônibus, vans, e taxis, enfim todos os veículos de transporte coletivo, que seriam fabricados – TODOS – com acesso para pessoas deficientes. Claro que ficaram faltando os barcos, aviões , metrôs, trens e no futuro, o que mais aparecer. Mas não se desesperem. É só a Câmara de Deputados resolver essa parte dos ônibus, que o restante entra na fila. E no futuro, talvez, os automóveis, motos e bicicletas. Esqueci dos elevadores. Basta classificar como coletivos e... pau na mula! 

10 – “Teje preso”
Quase metade dos presos no Brasil vê o sol nascer quadrado sem condenação. São presos provisórios que ficam em cana até o fim das investigações, julgamento e sentença, além dos 81 dias previstos em lei. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), dos 462.803 presos no país, 212.436 são provisórios (46% do total). Com um bagulho desses nas mãos, o conselho aprovou ontem uma resolução obrigando as varas de todo o país a enviar relatórios trimestrais às corregedorias informando a situação de cada preso. O juiz terá de examinar os casos mais demorados, para evitar esse tipo de irregularidade. “Existe um número incomensurável de presos não condenados, e por prazo superior a todos os limites legais. Isso dá à população uma sensação de insegurança em relação do Judiciário. Temos que preservar os direitos humanos” diz o corregedor nacional de Justiça, Gilson Dipp, do CNJ. E todo mundo pagando para manter, ao custo de mais de R$1 mil por mês, tal ilegalidade. Cruel

Fonte: Léo Ladeia / www.gentedeopiniao.com
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