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Carlos Sperança

Fazendo as contas sobre o que vai dar uma aliança entre o prefeito Hildon Chaves e o governador Marcos Rocha


Fazendo as contas sobre o que vai dar uma aliança entre o prefeito Hildon Chaves e o governador Marcos Rocha - Gente de Opinião

O sistema tem nome

Na última década o Brasil virou de pernas para o ar. O presidente da República já não governa como os imperadores, os marechais e notáveis da Primeira República, os generais e os políticos que vieram a seguir. Tornou-se um erro elementar qualquer referência a qualquer governo pelo nome do presidente.

Depois de Dilma Rousseff, a República virou uma pasta híbrida em que o ativismo judicial se somou ao predomínio inabalável do Centrão, impedindo a ditadura do Executivo. O “sistema”, palavra da moda, impôs na prática um semipresidencialismo ainda informal, mas bem visível. Nos estados e municípios em que o chefe de governo consegue negociar maioria parlamentar, qualquer ousadia é derrubada pela Justiça. O nome do “sistema” é freios e contrapesos. Sem eles, tudo acaba em impasse.

No caso do meio ambiente, partes do mundo sofrem com temperaturas que chegam à sensação térmica 50 graus Celsius, enquanto outras sofrem tempestades congelantes de 40 graus abaixo de zero. Quando há fenômenos extremos qualquer avaliação subjetiva sobre governo tal ou qual perde sentido. A única atitude sensata na crise é perceber que o barco é o mesmo e unir a sociedade, deixando os melindres e rancores para as bolhas isoladas. Não existe um desmatamento do Temer, do Bolsonaro ou do Lula. É o desmatamento do Estado brasileiro, com sua sopa de poderes, na qual todos são semi (ou quase) presidentes.

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Fazendo as contas

Fazendo as contas sobre o que vai dar uma aliança entre o prefeito Hildon Chaves (PSDB) e o governador Marcos Rocha (União Brasil) visando as eleições municipais de outubro num eventual apoio a ex-deputada federal Mariana Carvalho (Progressistas) se antevê chuvas e trovoadas. Ocorre que a base do govenador Marcos Rocha é majoritariamente evangélica, um segmento onde Mariana tem grande rejeição. Expoentes da aliança também não querem apoiar Hildon Chaves ao governo em 2026.Naturalemente, com a espada na garganta, Rocha seguirá alinhado com suas paliçadas de sustentação.

Muitos percalços

Se constata desde já que o prefeito de Porto Velho Hildon Chaves terá muitos percalços para fechar uma aliança rumo ao Centro Político e Administrativo em 2026. Até agora ele tem se articulado bem e tem grande força a partir de uma excepcional administração em Porto Velho, uma cidade que conta com com um terço do eleitorado do estado. Foi ponta firme também ao assumir a Associação Rondoniense dos Municípios-AROM como forma de interiorizar seu nome, onde possíveis adversários como Ivo Cassol, Jaime Bagatoli e Confúcio Moura são mais providos.

Aliança dos Contras

A aliança das forças anti-Hildon Chaves vai mostrando claramente que não aceita Mariana como candidata à prefeitura em outubro e tampouco ele (Hildon) como candidato a governador em 2026. É uma situação desconfortável. Sabe-se que Rocha só se elegeu ao segundo mandato contra Marcos Rogério pelo apoio de Hildon Chaves e Mariana, mas agora ele se vê numa encruzilhada. Perder Hildon e Mariana é um golpe forte, mas perder suas bases é pior ainda. Tem o sacrifício da lealdade para decidir rachando suas bases ou a sua sobrevivência política como opções.

Jogo de astúcia

As convenções municipais para a homologação das candidaturas a prefeito serão realizadas em julho. Até lá teremos um jogo de astucia, de habilidade, de punhais da traição em andamento. Sempre alertando que com bases rachadas ninguém consegue se eleger em Rondônia. Favoritos tombaram na disputa ao governo, senador e as prefeituras pelo desacordo dos partidos alinhados. Uma ruptura política entre Hildon Chaves e Marcos Rocha é o caminho mais curto para um despenhadeiro e uma festa para os “contras”. Juntos o Hildon e Rocha são fortes, separados estarão fragilizados para futuros pleitos.

Coração sangrando

Em política já vi de tudo em Rondônia. Hildon Chaves já anunciou Mariana como sua candidata a prefeitura da capital, ela merece o apoio, foi a parlamentar que mais destinou recursos para sua administração –inclusive para a nova rodoviária, praças e avenidas – é minhoquinha da terra – íntegra, preparada, foi uma baita vereadora e uma excepcional deputada federal e madura para assumir o desafio que é gerir o grande legado de Hildon. Nosso alcaide já deve estar dividido com o coração sangrando, entre a lealdade para quem tanto deve, ao punhal da traição sacrificando a candidatura de Mariana, para poder se equilibrar no jogo sucessório de 2026.

Via Direta

*** Depois do Amazonas e do Pará, o narcotráfico já está explorando o garimpo ilegal de ouro e pedras preciosas nas reservas indígenas de Rondônia*** Impressiona a ganancia das facções criminosas disputando território em solo rondoniense. A facções já estão entranhadas com políticos de todas as esferas *** Teremos disputas renhidas de Ariquemes e Vilhena, onde a oposição se prepara para depor os prefeitos *** O clã Donadon está se unindo em torno do ex-deputado federal Natan para o Cone Sul retomar uma cadeira a Câmara dos Deputados no pleito de 2026 *** Terá como possíveis adversários Evandro Padovani e Wivelando Neiva de Carvalho na região.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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