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Carlos Sperança

No plano federal o racha da direita já provoca prejuízos


No plano federal o racha da direita já provoca prejuízos - Gente de Opinião

Conspiração do Atlântico

A Amoc não é uma dessas tradicionais entidades que discutem comércio ou fazem o lobby de algum setor da sociedade para pressionar o governo. É a Atlantic Meridional Overturning Circulation, a circulação invertida do Oceano Atlântico, que de alguma forma tem a ver com o comércio e com pressões sobre o governo. É uma regulação natural que aquece a friagem e esfria o calorão das águas oceânicas. Mas quando ela sofre mudanças em seu ciclo natural a consequência se reflete no sistema climático na forma de secas, alterações nos padrões de vento e elevação do nível do mar em algumas regiões.

Há sinais de que a regulação da Amoc está enfraquecendo, a julgar por pesquisa publicada na revista Nature Communications por cientistas do Brasil, Alemanha e Suíça. A causa seria o aquecimento global, aquele que os negacionistas do clima desprezavam, alegando que ele se autorregulava, sem a necessidade de providências humanas para enfrentá-lo.

O resultado do enfraquecimento seria impactar negativamente o clima de diferentes regiões tropicais, incluindo a Amazônia, que pode enfrentar uma redução significativa no regime de chuvas. Os negacionistas têm direito à defesa e podem alegar que anunciar hoje um enfraquecimento da Amoc amanhã é apenas futurologia. Como os cientistas se baseiam em causas já presentes que sinalizam essa consequência, é bom prestar atenção ao que dizem.

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Histórico de rachas

Constatando que no plano federal o racha da direita já provoca prejuízos, como a anunciada desistência do principal candidato bolsonarista a presidência da República Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, me vem a memória os principais rachas ocorridas em Rondônia que causaram a derrota daqueles que estavam no poder. Na campanha à reeleição do então governador Valdir Raupp (MDB), a base aliada governista rachou e Raupp, mesmo sendo considerado favorito naquela peleja, levou pau do seu opositor José Bianco (PFL). Bianco saiu do quarto lugar nas pesquisas para ganhar o então Palácio Presidente Vargas.

Racha cassolista

Quem não lembra do racha cassolista? Expedito Junior era o grande favorito do segmento, mas o governador Ivo Cassol, cumprindo seu segundo mandato e entrando na disputa de uma cadeira ao Senado, rejeitava a ideia de ter uma cobra criada, que assumindo o poder que poderia devorá-lo no futuro. Optou por lançar seu vice-governador João Cahula que até foi bem nas eleições, derrotou Expedito, mas no segundo turno levou a pior com o então ex-prefeito de Ariquemes, Confúcio Moura, que já tinha experiência de dois mandatos na Câmara dos Deputados.

Racha petista

Nas eleições de 2012, além do racha cassolista, o PT que vivenciava um grande momento no estado tinha um baita nome para disputa de Rondônia que vivenciava a onda Lula, com dois deputados federais e uma senadora, deputados estaduais e vereadores espalhados pelo estado. O grande nome era o então o prefeito Roberto Sobrinho, eleito e reeleito com grandes votações, uma figura bem digerível para o centro conservador. Aliás, era um nome suprapartidário já que contava com apoio de outras legendas e a maioria dos seus votos nem eram dos petistas. O PT rachou, detonou a candidatura de Roberto Sobrinho e o partido acabou derrotado nas urnas. Nem segundo turno o partido obteve.

Racha da direita

O maior racha da direita rondoniense, no entanto, ocorreu nas eleições de 1994. O poderoso candidato da coalizão Rondônia com Fé, Chiquilito Erse acabou tubulando gloriosamente perante ao emergente prefeito de Rolim de Moura, Valdir Raupp de Matos. Naquele pleito as lideranças governistas (o governador da época era Oswaldo Piana Filho) chegavam a brigar até nos comícios. Ninguém se entendia e o deputado federal Edson Fidelis e Ernandes Amorim (que seria eleito senador) protagonizaram várias refregas durante a campanha. Se tinha como certa a vitória de Chiquilito e os políticos da coalizão já estavam disputando até indicações do futuro secretariado. O resultado deste racha foi desastroso.

Racha atual

Tudo isto para falar do atual racha bolsonanista em Rondônia. Seguindo o mesmo histórico de alguns rachas anteriores no estado, o governador Marcos Rocha (União Brasil) está em pé de guerra com outras forças antagônicas da direita desde o início da gestão. O racha é tão grande que os conservadores estão lançando três candidatos ao Palácio Rio Madeira, sede do governo estadual. Pintam como possíveis postulantes o vice-governador Sergio Gonçalves (União Brasil), o senador Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná) e o deputado federal Fernando Máximo (em mudança para o Podemos) além outros balões de ensaio.  E sem contar com o inelegível Cassol, que poderá virar a eleição de cabeça para baixo. Um divisionismo desta magnitude só favorece a oposição num possível segundo turno.

Dinheiro na conta

Os 5,5 mil municípios brasileiros receberam nesta terça-feira (30) em suas contas cerca de R$ 4,6 bilhões, recursos provenientes do Fundo de Participação dos Municípios-FPM. Em Rondônia não existe nenhum município com bloqueio motivado por pendências fiscais e a capital Porto Velho, como sempre, fica com a fatia do leão, já que os recursos são destinados proporcionalmente as suas respectivas populações nos estados. Os prefeitos rondonienses reclamam que são quase os mesmos valores liberados no ano passado e aqueles que perderam habitantes, conforme as estimativas do IBGE, acabam ficando no prejuízo.

 

Via Direta

*** A Nex Air, empresa peruana de aviação, estuda um voo Rio Branco, Porto Velho a Cuiabá. As negociações seguem entre a empresa com o governo acreano *** A empresa também estuda voos de cargas para Manaus transportando frutas, além de movimentar os aeroportos de Rio Branco e Cruzeiro do Sul ***  Os senadores Plinio Valério (PSDB-AM) e Damares Alves (Republicanos -DF) cumpriram diligência externa do Senado em audiências nos municípios de Humaitá e Manicoré no final de semana para investigar as operações policiais ocorridas nos garimpos do Rio Madeira *** Os parlamentares entendem que houve exageros nas operações. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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