Quinta-feira, 2 de outubro de 2025 - 16h07
Sem nenhum trocadilho, diremos que é fato,
realidade à vista, verdade eloquente, “prova provada”, que o senso comum
carrega como seus o fatalismo, o dogmatismo e uma certa (bastante anunciada)
irracionalidade.
Há
uma expressão popular que serve como luva para exemplificar isso e nos diz
assim – como recomendação magnânima, cheia de entusiasmo: “Vamos deixar como
está, para ver como fica”. Desse modo, não há muita escapatória, pois “tudo
será como antes, no quartel de Abrantes”.
Não
há escapatória porque não há divergência, e quando é imóvel o Princípio do
Contraditório (a liberdade de contradizer) não há possibilidades, rupturas.
Tudo fica inerte frente à apatia e ao imobilismo.
Seria, portanto, o mais básico senso comum, o
próprio “senso comum do senso comum”. O dogma (na forma da coação
irresistível), neste caso, atende à convocação da total indiferença e aceitação
acrítica e inerte de um estado de coisas, sempre se motivando pelo desprezo às
alternativas.
Por outro lado, em um sentido reverso,
contraditório, observamos o que as pessoas comuns chamam de “sabedoria
popular”. É como se ocorresse um aprendizado em cascata, em virtude de não se
duvidar (obviamente) da lógica que dirige a correspondência entre os fatos, as
atitudes e as consequências (igualmente presumíveis e esperadas).
Nesta linha de observação do óbvio é por onde se
modela a “sabedoria popular” ou, como dissemos no título, é o caminho por onde
transita (e se comunica) o Bom Senso do senso comum. E há uma expressão
popular poderosa, em clareza, para nos guiar neste trânsito, quando assegura
que: “pau que bate em Chico, bate em Francisco”.
Essa “sabedoria popular” (Bom Senso do senso
comum) não está reivindicando para si o dogma presente em alguma suposta
Lei de Eterno Retorno (tipo: “aqui se faz, aqui se paga”), mas sim, está
clamando a fim de que nossa consciência também transite, para ser irrigada pelo
Princípio da Isonomia; afinal, Chico é tão humano quanto Francisco.
Em decorrência dessa pressuposição bastante
óbvia, indubitável (Chico e Francisco são humanos), ainda podemos justapor
outro baluarte da lógica humanista: o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
Não há razão sustentável, suportável do “ponto de vista humano” para que Chico
e Francisco sejam tratados como seres tão distintos a ponto de apenas um
conhecer a igualdade e a dignidade.
Se Chico e Francisco são desiguais por motivação
econômica, social, política, então, também recomenda a lógica do senso comum,
que se aplique a equidade. Que se desentorte a balança da Justiça, que Chico e
Francisco tenham as mesmas condições. De outro modo só haverá injustiça.
Indo um pouco mais além, ainda podemos encontrar
dois princípios num só cursor: logo no início do caput, o começo do artigo 5º da Constituição Federal de 1988
assevera que “todos são iguais perante a lei...”. Pois bem, a sabedoria popular
veria que temos aí um notável combo, “dois em um”, uma síntese em que estão
perfeitamente alinhados os dois princípios essenciais à vida comum na seara
pública. Vejamos que afirmar que “todos são iguais” implica na igualdade, na
isonomia que ressaltamos (Chico e Francisco são iguais em humanidade); e, em
complemento, conclui-se (“perante a lei”) com o Princípio da Legalidade.
Isso também nos conforta, porque o Bom Senso
do senso comum é o que deveria nos guiar como pressuposto da lógica comum e
da mais simples Ética de convivência. E o povo brasileiro é notável quando se
trata de conviver e sobreviver mesmo aterrado nas piores dificuldades,
obstáculos e contradições. No Brasil, em muitos momentos, sobreviver já era (é)
símbolo e sintoma da mais forte resistência política e popular.
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