Quarta-feira, 17 de maio de 2017 - 06h22
	 
	Na primavera de 1975, eu recebi uma grande oportunidade.
	
	Fui convidado para trabalhar na Fábrica de Rações da Sadia, em
	Concórdia, SC, Empresa onde eu já trabalhava por quase três anos. Eu
	aguardava por isso... E o momento chegara...
	
	 Mas, conhecia pouco de nutrição animal e de fábrica de rações...
	Problemas novos exigem princípios novos, e a responsabilidade que
	depositaram em mim exigiria muito esforço e dedicação. Eu entendia que
	estava posicionado dentro de área crucial para as Organizações Sadia,
	com uma extraordinária dinâmica, muita inovação científica e tudo me
	empolgava. Eu queria desafios!
	
	E logo percebi que havia muito por fazer... A agradável surpresa foi
	entender que havia dezenas e dezenas de ajustes finos a realizar...
	Melhorar, o que já era muito bom!
	
	Sim, as rações da Empresa eram excelentes, e os resultados zootécnicos
	eram os melhores do país, portanto a minha percepção era: Tinha que
	aprimorar aquilo que já era muito bom.
	
	A surpresa e o inesperado para mim, foi perceber que havia muita folga
	de qualidade, isto é, o nível bom de nutrição para determinado
	nutriente era, digamos, dez e trabalhávamos com onze. Margem de
	segurança de dez por cento sobre um requerimento nutricional. Isso era
	assim em todas as rações comerciais... Nas rações das granjas da
	Empresa, a margem de segurança era ainda mais alta.
	
	Uma ocasião eu questionei minha chefia nestes termos: Porque o nível
	de aminoácidos sulfurados nas dietas de suínos é tão alto? E informei
	que não havia nenhuma necessidade de suplementar metionina sintética
	naquelas dietas.
	
	A resposta: Nós preferimos trabalhar com margem de segurança... Há
	muita variação de qualidade nas matérias primas... A gente gasta um
	pouco, mas...
	
	BINGO! Que enorme oportunidade... Ali estava a chave de grandes
	economias... Eliminar as variações, afinar os padrões de qualidade e
	diminuir as suplementações, operando com requerimentos nutricionais
	estipulados pelo National Research Council dos USA que eram a nossa
	referência...
	
	Meus caros leitores, as surpresas são as coisas mais previsíveis no
	mundo dos negócios.
	
	E comecei a fazer testes, e fui diminuindo os níveis daqueles
	nutrientes que estava seguro que poderiam ser baixados. E acompanhava
	a resposta nos lotes de frangos e de suínos...
	
	Eureka... Tudo normal... Eu baixava índices nutritivos e os animais
	respondiam com performance excelente porque o pecado era por
	excesso... Gastava-se muito por excesso de zelo e cuidado... Mas o
	preço era grande porque as produções eram enormes...
	
	Gary Hamel, em seu livro, O Futuro da Administração, frisou: "Em uma
	época de mudanças excruciantes e hipercompetição, as capacidades
	humanas mais valiosas são aquelas menos administráveis."
	Confesso que eu não era nada administrável.
	
	Não era porque estudava e sabia que podia fazer mais com bem menos...
	Sim, porque qualquer animal precisa metabolizar excessos e isso custa
	energia... Perde-se aqui e acolá...
	
	E eu seguia baixando níveis nutritivos de todas as rações, sempre sem
	o consentimento de meus pares e principalmente de minhas chefias. Mas
	eu sabia que tinha que continuar a cortar gorduras em excesso.
	
	Quando acreditamos em nós mesmos, e temos o aval daqueles que sabem
	das coisas, precisamos revolucionar o que fazemos. Devemos adotar
	ideias, as vezes contrárias as correntes da administração e de nossas
	chefias, se quisermos ter sucesso em nosso trabalho.
	
	Se estou pleno de razão em algo, como posso recuar? Se tenho
	informações confiáveis de cientistas que corroboram que posso
	trabalhar com menos, porque RAIOS vou trabalhar com mais e encarecer o
	produto final?
	
	E, no final era só alegria! Inovações criam surpresas e nossos
	cérebros amam surpresas positivas... Mesmo que ninguém o valorize
	pelos riscos que enfrentou, você sabe que fez a coisa certa... Você
	sabe que cumpriu bem o seu papel. O resto, é resto!
	
	Sempre que nos deparamos com algo que pode ser melhorado, precisamos
	trabalhar por esta melhoria. Se não fizermos isso, alguém fará! E este
	alguém levará os louros...
	
	As inovações transformam as pessoas e transformam as Empresas...
	É preciso desafiar o "status quo" quando posso melhorar algo que o
	sistema não permite mudar. Ora, é isso que movimenta o mundo. Isso é
	
	PROGRESSO!
	
	Todos aqueles que inovam sempre tem dúvidas, e isso é normal. O
	desafio é saber trabalhar bem a ambiguidade e a dúvida,
	equilibrando-as com sabedoria. E ter a coragem e a determinação de
	levar o projeto em frente... Pensando em progresso e em bem comum.
	Hoje estou em Concórdia, a cidade berço da SADIA. É muito bom estar
	aqui... É muito bom recordar algumas coisas que fiz aqui... É bom
	recordar que não me acovardei...
	
	E agradeço a Deus por tudo... Aleluia!
	
	Concórdia, 16 de maio de 2017
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João Paglisosa
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