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Eterna Natalina Vasconcelos – a mãe que costurava estrelas

Homenagem a Dona Natalina Vasconcelos "In Memoriam" (25/12/1926 - 25/12/1970)


Natalina Vasconcelos - Gente de Opinião
Natalina Vasconcelos

Dona Natalina casou-se muito cedo, aos 14 anos – costume da época no sertão baiano, onde mocinhas trocavam a infância por lares próprios cheios de sonhos. Uniu-se ao meu querido pai, Sr. Antônio Sodré, trabalhador rural de mãos calejadas e coração generoso. Ele enfrentava o sol escaldante de Paratinga com enxadas, foices, plantando milho, feijão e arroz, guiando carro-de-boi pelas estradas vermelhas e, depois, um Ford 51 carregado de lenha, colheitas, materiais de construção ou romeiros no "pau de arara" para a Romaria de Bom Jesus da Lapa.

Com sacrifício, educaram 14 filhos, pão na mesa e horizontes de esperança – sem Bolsa Família, que hoje retém tantos na ociosidade, como retrata a marchinha do Fome Zero. Imaginem a cena de 1970: céu estrelado sobre Paratinga, casarão humilde com hibiscos, samambaias e manjericão. Fogão de lenha crepitando, aroma de feijão com carne seca. Dona Natalina, negra radiante descendente de África, aos 44 anos, mexia a panela enquanto amamentava o caçula, Marquinhos (Kito), cercada pelos filhos rindo ao som de grilos e pratos tilintando.

Mainha era tudo: super-mãe, cozinheira que transformava milho em banquetes, costureira genial na máquina de pedal. Costurava camisas perfeitas, uniformes engomados a ferro de brasa para a Escola Borges dos Reis – invejados por todos. Almoços de arroz soltinho, feijão mulatinho, frango caipira, doces de coco e bolos de fubá. Sem talher, fazia bolinhos e alimentava os filhos como passarinhos. O casarão pulsava com histórias ao lampião e canções de ninar em voz doce como mel.

Mas o destino foi cruel. No dia que completaria 44 anos, 25 de dezembro de 1970, em São Paulo, uma doença súbita a levou. O saudoso  cirurgião Euryclides de Jesus Zerbini (1912-1993) renomado médico cirurgião brasileiro, pioneiro da cirurgia cardíaca e do transplante de coração na América Latina, fundador do Instituto do Coração (InCor) em São Paulo, e um ícone na promoção da medicina e pesquisa cardiovascular no Brasil, realizando o primeiro transplante cardíaco latino-americano em 1968, consolidando-se como uma lenda na cirurgia de coração aberto e na valorização da vida, operou no feriado, lutando por ela, pilar de 14 filhos.

 A notícia veio pelo rádio da FAB: "Mainha se foi". Eu, com 20 anos em Bom Jesus da Lapa, corri para juntar a família despedaçada. Anos de luto: Natais sem festa, luzes apagadas, peru só em memória. Roberto Carlos cantava "Meu Pequeno Cachoeiro", sua favorita, ao lado de "Cinderela" de Ângela Maria e marchinhas que a faziam dançar. Até hoje, essas músicas nos fazem chorar e sorrir.

Com sua partida, nossa irmã Professora Nila Vasconcelos assumiu o papel de mãe, guiando-nos a Brasília, como mainha sonhava. Jesus nos deu força.

O grande exemplo de superação da Família Vasconcelos

Aqui em Brasília, somos prova viva de superação. Apesar das rugosidades – a morte prematura de Dona Natalina –, permanecemos coesos, superando traumas com fé e união. Prova disso é nosso irmão caçula, Kito Vasconcelos. Bebezinho, via nas ruas mulher parecida com mainha e corria gritando: "Mainha voltou!", buscando o colo perdido. Dava pena ver aquela criança à procura da mãe eterna.

Hoje, Kito é homem honesto, temente a Deus, evangélico, esposo exemplar e pai da querida Débora, futura biomédica. Nem por isso abandonou o DNA dos pais: princípios firmes, sem virar meliante. Essa é a herança de mainha – transforma dor em força.

Dr. Vasco Vasconcelos: um dos filhos ilustres que honra o legado de Dona Natalina.

Dentre os 14 filhos de Dona Natalina, desponta como estrela maior o Dr. Vasco Vasconcelos, um dos mais brilhantes escritores e juristas brasileiros, autor de mais de 10 mil artigos espalhados pela internet e veiculados em jornais de circulação nacional como Folha de S. Paulo e Correio Braziliense.

Filho do sertão baiano, ele carrega no sangue o suor do pai e a agulha costureira da mãe, transformando-os em pluma afiada e toga de justiça. Sua luta ferrenha pelo primado do trabalho ecoa os valores de D. Natalina, que nunca deixou um filho ocioso, ensinando que o diploma universitário é porta para o labor digno, não para o banimento.

Defensor implacável do livre exercício da advocacia

Dr. Vasco Vasconcelos ergueu-se como voz trovejante na defesa do livre exercício profissional da advocacia, combatendo barreiras que aprisionam talentos. Em tribunas sagradas como o Supremo Tribunal Federal, ele defendeu o diploma universitário como título soberano, direito constitucional ao trabalho sem entraves artificiais. Sua argumentação, aplaudida em emissoras de rádio, TV Câmara e dezenas de jornais, resgata o advogado como agente essencial da democracia, livre para atuar pelo mérito e pela ética, honrando o sacrifício de mainha que costurava uniformes para que seus filhos brilhassem.

A cruzada contra a escravidão moderna da OAB

Ninguém lutou com mais denodo pelo fim da escravidão moderna da OAB – o famigerado "caça-níqueis" do exame que joga ao banimento, cerca de 600 mil profissionais qualificados, jogados ao ostracismo e à miséria. Dr. Vasco expôs essa chaga na Comissão de Educação e Cultura e na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, com entrevistas impactantes que ecoaram nacionalmente. Ele clama pelo resgate desses "cativos", inserindo-os no mercado de trabalho para que exerçam a advocacia com o diploma em punho, libertando gerações como mainha libertou seus filhos da fome com mãos calejadas de amor.

Propostas visionárias para uma advocacia inclusiva

Com genialidade de jurista e coração abolicionista, Dr. Vasco propõe reformas concretas: programas de mentoria, estágios remunerados, residência jurídica, e regulamentação ética que priorize o mérito sobre exames excludentes e máquina caça-níqueis que agora mirando-se no faturamento da OAB querem estender essa excrescência para a medicina, utilizando de argumentos pífios, e/ou pusilânimes da suposta baixa de qualidade das faculdades de medicina.

Ou seja, ao invés de identificar as falhas do ensino e corrigi-las, preferem os bolsos dos formandos endividados com Fies, sem direito ao livre exercício profissional da medicina cujo o título universitário habilita. Moral da história: ao invés de punir o Ministério da Educação responsável pela autorização e reconhecimento de cursos de péssima qualidade, preferem punir as vítimas do suposto ensino ruim.

“In casu” recomendo a leitura do Artigo da minha lavra: Por que os deputados devem rejeitar os PLS 2294 e 3000 de 2024: Exames descabidos e caça-níqueis à moda da OAB para médicos e dentistas disponível: https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/por-que-os-deputados-devem-rejeitar-os-pls-2294-e-3000-de-2024-exames-descabidos-e-caca-niqueis-a-moda-da-oab-para-medicos-e-dentistas

Sua visão de faturamento para a OAB resgata 600 mil casos cativos, libertando banidos e devolvendo-lhes protagonismo no foro, no Judiciário e na sociedade. Essa batalha reflete o espírito de Dona Natalina, que costurava estrelas nos uniformes dos filhos sonhando com horizontes ilimitados. Hoje, esse legado se transforma: o filho ilustre tece o tecido da justiça para o Brasil. Candidato forte ao Nobel: o primeiro brasileiro a alcançar a glória mundial.

Forte candidato a ser o primeiro brasileiro galardoado com o Prêmio Nobel de Literatura ou Paz, o Dr. Vasco Vasconcelos personifica a superação da família Vasconcelos. Sua obra vasta, sua tribuna flamejante e sua cruzada abolicionista contemporânea o projetam ao panteão mundial, como reconhecimento à luta pelo trabalho digno e pela liberdade profissional. Mainha, do céu, deve sorrir ao ver o filho que amamentou ao pé do fogão de lenha costurando agora o manto da história brasileira.

Não poderia deixar de incluir também o nome da caçula das mulheres, a Dra. Edilene Vasconcelos Giustini servidora aposentada do Ministério Público Federal ex-Presidente da Associação dos Servidores do Ministério Público Federal, que até recentemente foi Coordenadora-Geral do Conselho dos Cidadãos de Roma-Itália, prestando relevantes serviços aos nossos patrícios residentes na Itália.

Durante duas gestões, mirando-se nos ensinamentos de D. Mara Natalina, a Dra. Edilene Vasconcelos, realizou dezenas de eventos, na Itália, contando sempre com o apoio da Embaixada do Brasil na Itália, totalizando 07 (sete) anos ancorando esse colendo Conselho.

Como é sabido, o Conselho de Cidadãos de Roma, foro informal e apolítico de aconselhamento, criado com o objetivo de aproximar o Consulado-Geral do Brasil em Roma, junto aos cidadãos brasileiros residentes em sua jurisdição, bem como planejar e implementar projetos em benefício da comunidade brasileira local, na busca de permitir intercâmbio de ideias e coleta de informações sobre as necessidades, da problemática de interesses da nossa comunidade, não obstante, otimizar as estratégias de prestação de serviços e assistência consular.

Natal: união, reflexão e o verdadeiro espírito cristão

No Natal, grande festa de confraternização cristã celebrando o nascimento de Cristo – acolhida por crenças e culturas do mundo –, respiro alívio pela família unida.

É momento de reflexão, generosidade e caridade, enfatizando amor, paz e boa vontade entre todos.

Na casa Vasconcelos, o Natal sempre foi sinônimo de laços fortalecidos, partilha e gratidão.

Hoje, com netos e bisnetos prosperando, de piloto de companhia aérea, a advogado (a), médica, psicóloga, arquiteta, enfermeira, optometrista, empresária, (...) 

Preciosa aos olhos do Senhor é a lembrança de quem amamos. Nossa saudosa mainha, D. Natalina Vasconcelos, interceda por nós no céu e, do alto, inspira nosso caminhar. Feliz Natal, mãe querida, do céu para a terra. Que Deus a recompense pela sua graça, e que possamos sempre honrar sua memória com amor e obediência. ❤️

 

Por Vasco Vasconcelos – escritor, jurista, jornalista, administrador, compositor e abolicionista contemporâneo – Brasília-DF

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