Segunda-feira, 10 de outubro de 2016 - 06h07
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Professor Nazareno*
Eu não tenho religião, pois sempre duvidei da existência de Deus. Mas não sou ateu, sou deísta, ou seja, acredito que se Deus existe chega-se a Ele pela razão e nunca pela emoção. Sempre admirei as pessoas que têm religião. Se a crença em qualquer divindade faz uma pessoa mais caridosa, tolerante, alegre, compreensiva e feliz, por que não tê-la? Já o Estado brasileiro é laico, aceita todas as religiões e crenças inclusive a não crença. Essa separação entre Estado e religião no Brasil se deu por forte influência de Rui Barbosa e Benjamin Constant ainda na época da Proclamação da República. Essa visão de que as nações devem estar atreladas a uma religião é coisa do passado e já ultrapassada na maioria dos países do mundo. Há, no entanto, ainda muitos países hoje em dia, principalmente os muçulmanos, cujos governos se baseiam em suas religiões.
Isso pode ser um absurdo, um contrassenso, pois uma nação deve ser governada sempre se levando em consideração uma constituição, livro dialético escrito sob a vontade da maioria após incansáveis debates e que pode ser mudado a qualquer momento dependendo das circunstâncias. A religião geralmente se baseia em uma Bíblia ou Corão, livros dogmáticos escritos há milhares de anos e totalmente fora da realidade dos dias atuais. Além do mais, a mistura entre religião e política pode ser algo muito explosivo. A guerra na Síria e outras guerras espalhadas pelo mundo são tristes exemplos deste fato. No Brasil, infelizmente, esta combinação letal está cada vez mais se tornando realidade. Nestas eleições, por exemplo, há a possibilidade de o Rio de Janeiro ser administrado por um evangélico. E o número de religiosos eleitos só cresce.
Candidatos com o nome de pastor, pastora ou de padre é o que mais se vê nas campanhas políticas. Muitos já têm mandato e muitos são eleitos a cada eleição. Os religiosos perceberam o poder que têm sobre a massa ignara. Podem mandar votar no Satanás que os fiéis votam. Pior: o Congresso Nacional do Brasil está repleto de deputados e senadores religiosos. Reacionários, conservadores, direitistas, “defensores da família” e seguidores de Cristo, a maioria destes políticos pertence à Bancada BBB, Boi, Bala e Bíblia e buscam introduzir na sociedade, usando sempre a religião, regras, costumes e culturas já há muito ultrapassados na história da humanidade. Direitos humanos, homossexualismo, novo tipo de família, união estável, aborto, eutanásia e outras conquistas sociais são temas proibidos neste meio. Só vale o que o pastor disser.
A classe política brasileira, ambiciosa como sempre e na cata de cada vez mais votos para o seu projeto de poder, não titubeou para assimilar e aceitar a nova ordem. Duvido que nas eleições do segundo turno em Porto Velho, Léo Moraes ou Hildon Chaves vá à mídia declarar a sua religião. Religiões à parte, qualquer um deles aceita, claro, novas adesões ao seu projeto de administrar a capital rondoniense. A ganância pelo poder é tanta que no mesmo Rio de Janeiro o senador Marcelo Crivella, pastor evangélico e concorrente à cadeira de prefeito da cidade, já disse que apoiará a Parada do Orgulho Gay e o Carnaval. Não é ilegal um religioso participar da política, mas pode ser antiético uma vez que o ditado popular diz que religião e política não se discutem. Nem se misturam. Um presidente evangélico com um Congresso propenso a essa religião não seria uma volta aos inquietantes tempos medievais? E retroceder, jamais!
*É Professor em Porto Velho.
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