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Reforma Ministerial: Dilma foi convencida a dar carne às feras


Reforma Ministerial: Dilma foi convencida a dar carne às feras - Gente de OpiniãoPor Carlos Chagas

A imagem que nos assusta é de um bando de hienas cercando uma creche. De vez em quando some uma criancinha. As demais não se dão conta do perigo, envolvidas em brincadeiras variadas. A diretora do estabelecimento bem que percebe o risco, mas nada pode fazer senão distribuir algumas vassouradas no lombo dos bichos mais ousados, que às vezes recuam sem deixar de multiplicar-se, porque estão famintos, estimulados pelo sucesso da comilança e dispostos a avançar.

Assim transcorre o mais novo capítulo da reforma ministerial. A presidente Dilma foi convencida da necessidade de dar carne às feras, ou seja, contemplar partidos antigos e novos com mais ministérios e altas funções na administração federal. A alternativa seria espantar, senão alvejar as hienas e acabar com o cerco, mas como manter maioria no Congresso para a aprovação de seus projetos, ou assegurar apoio para sua reeleição, caso botasse os bichos para correr? Precisa deles, ou aceitou sem contestar a necessidade de deixá-los comer algumas criancinhas em troca do funcionamento da creche.

O diabo é o número cada vez maior de de hienas. E de suas vítimas. Eram 38 ministérios, agora são 39 e logo chegarão a 40, muitos deles redundantes, batendo cabeça para fazer a mesma coisa. E sem fazer, porque os indicados pelos partidos nenhuma relação tem com as tarefas a cumprir. Disputam as criancinhas mais gordas, isto é, os ministérios “com mais visibilidade”, ou seja, os aquinhoados com altas verbas no orçamento e obras a contratar. Até rejeitam as criancinhas mais magras, dizendo que certos ministérios não elegem um só vereador. Outros, porém, além de eleger fortes bancadas parlamentares e até governadores, servem para engrossar as contas bancárias dos titulares e dos respectivos partidos.

Convenhamos, assim não dá. Foi fulminante a denúncia do empresário Jorge Gerdau, neste fim semana, em entrevista à Folha de S. Paulo. Disse que prosseguir num governo com 39 ministérios (não sabia de mais um) é burrice, loucura e irresponsabilidade. Nada mais certo.

As origens desse massacre perdem-se no tempo, pois a República começou com seis ministros. Na atualidade, porém, deve-se registrar um ponto de deflexão. Quando Fernando Collor assumiu, reduziu o quadro para seis ministros, fora os três militares. Pressionado para efetuar recuos capazes de sustar seu impeachment, cedeu e passou para doze, nada adiantando haver escolhido um dos ministérios mais capazes de que se tem notícia, cheio de luminares. Depois, o governo foi inchando, ao tempo em que Fernando Henrique e o Lula ampliaram a presença de nulidades como contrapartida ao apoio da maioria dos partidos. Dilma, chegando ao poder pelas graças do antecessor, não teve como reagir. Bem que no seu primeiro ano conseguiu botar para fora cinco ministros acusados de corrupção, mas seus substitutos, com raras exceções, provieram dos mesmos quintais.

Assim estamos, numa hora em que a presidente parece indignada com as pressões e disposta a esperar alguns dias para desencadear a reforma. Só que não terá saída senão deixar entrar as hienas e ouvir os vaticínios de Jorge Gerdau a respeito da impossibilidade de continuar governando desse jeito...

APROXIMAÇÃO

Com a ida da presidente Dilma ao Vaticano, para a missa solene de sagração de Francisco I, amanhã, abre-se a possibilidade de reaproximação do governo brasileiro com a Santa Sé. Distanciaram-se, durante o período de Joseph Ratzinger, apesar de para a posse de Bento XVI o então presidente Lula haver levado seus antecessores ainda vivos no avião presidencial. A opção do novo Papa pelo combate à miséria parece um bom começo em nosso relacionamento.

Fonte: Claudio Humberto
 

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