Sábado, 4 de abril de 2009 - 18h18
Construída no final da década de 1960 e disponibilizada para o tráfego em 1974, a rodovia BR-319 (Manaus/Porto Velho) foi um avanço para a região, representando, para a capital amazonense, o tão sonhado acesso rodoviário com o restante do país.
Para ligar os dois lados do Rio Madeira, em Porto Velho, foi instalado um serviço de balsa, isso numa época em que a capital rondoniense tinha seu limite Norte no colégio Castelo Branco, somava menos de 70 mil moradores e registrava um trânsito diário, incluídos veículos pesados e leves, locais e visitantes, de menos de 5 mil veículos.
Menos de quatro décadas depois, a capital tem mais de 450 mil habitantes, sedia as duas maiores obras do Governo Federal, o que ampliou o número de veículos e moradores, está sufocada pela falta de um planejamento prévio para a circulação de cerca de 100 mil veículos locais e, pelo menos, mais 10 mil de outras regiões.
Isso tudo além de centenas de carretas e caminhões que, diariamente, transportam desde combustível até produtos industrializados na Zona Franca de Manaus, veículos que, por falta de uma via própria, acabam utilizando a avenida Jorge Teixeira, transformando o já tumultuado tráfego em um autêntico "inferno".
Para complicar ainda mais, é pelas avenidas Jorge Teixeira e Migrantes que esses veículos cargueiros demandam a região de Porto Velho onde estão o porto, a balsa e os atracadouros de várias empresas que fazem o transporte rodo-fluvial no bairro Nacional, isso sem contar com os embarcadouros de combustível que, também, vêm pela calha do Rio Madeira.
O problema é tão grave que dia 16 de março, durante a abertura do VI Encontro de Atualização administrativa, promovido no auditório da FATEC pelo Tribunal de Contas, o senador Valdir Raupp lembrou, citando que ao se dirigir ao local, pela avenida Migrantes, pegou um forte engarrafamento, o que, disse, não conhecia na capital rondoniense.
"A questão é de gerenciamento", diz o repórter Lúcio Albuquerque, há 33 anos morando em Porto Velho. "Quando abriram a avenida Kennedy (atual Jorge Teixeira), como corredor do tráfego pesado na ligação balsa/Trevo do Roque, eram poucos veículos e a cidade era tão pequena que a região além-rodoviária era zona rural. Mas a capital cresceu e o problema do tráfego foi empurrado para debaixo do tapete, como dizem fazer também alguns políticos quando não querem resolver um problema, e o resultado é esse que temos aí: sufoco, acidentes graves, carretas desrespeitando leis mínimas e o Poder Público omisso".
A saída não é difícil, ainda conforme o jornalista: "Basta querer. O primeiro erro foi deixarem a rodoviária dentro da zona urbana, o que eleva em mais de 120 ônibus entrando e saindo diariamente, complicando ainda mais o já caótico trânsito".
Para a funcionária pública Maria Souza, residente na Duque de Caxias e que todos os dias tem de disputar espaço na Jorge Teixeira com as carretas, "a saída é a Prefeitura, o Governo do Estado, o Governo Federal, sei lá que organismo, construir um porto na região do Aliança, aproveitando a estrada já existente e desviar o tráfego de carretas que hoje demanda o bairro da Balsa. Basta entrar pela avenida Mamoré, ou abrir uma via que comece na margem da BR-364, passe pelo ramal que começa em frente à sede da AABB e vá no rumo do Aliança".
Como outras pessoas ouvidas a respeito, ela também é de opinião que, além de planejamento, falta aos responsáveis pela cidade, "vontade política". É o que diz a professora Letícia Souza, que todos os dias, para trabalhar, enfrenta a dureza do engarrafamento da Migrantes. "Se eles tivessem vontade política já teriam feito. Mas parece que não têm nem visão de futuro e, por isso, há quem queira construir a ponte no lugar da balsa e aí tumultuar mais ainda o já caótico trânsito da capital".
Fonte: Beatriz Gianotti MTe 922-RO
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