Segunda-feira, 2 de maio de 2011 - 16h19
As estrelas são verdadeiras fontes de vida. O Sol é o responsável pelo principal processo fisioquímico realizado pelos vegetais: a fotossíntese. Por isso, a cadeia alimentar deflagrada pela luz solar é a base de toda a vida existente na Terra. No nosso caso, Porto Velho, por ter vultosa energia interior (capital humano) e exterior (capital financeiro), deveria ser o astro mais irradiante da Região Norte, onde o mínimo deveria ser próximo ao máximo.
Contudo, em Porto Velho escolhemos caminho diverso. Tornamo-nos uma estrela carente de luz. Uma estrela que gera treva e faz de qualquer perspectiva existencial um ciclo de mazelas e abandono. O retrato não é dos mais esperançosos. Parecemos um corpo sem luz própria a aguardar que, porventura, alguma estrela perdida nos aqueça um pouco: perdemos o mínimo vital.
Criamos em Porto Velho a lógica da maximização do mínimo. Cada cidadão deste rincão recebe o mínimo de qualidade de vida, de respeito, de lazer, de urbanidade. Tudo é o mínimo elevado ao mínimo possível. E assim a repetição do mínimo ecoa como uma música da desolação: será que existe algo além das fronteiras do mínimo? Ficamos com a impressão de que o mínimo já é o limite intransponível. E, encantados com a musicalidade circundante, nos conformamos com o mínimo e seguimos para o Rio Madeira como se fôssemos aqueles seres hipnotizados pelo Flautista de Hamelin.
Quando nosso caótico trânsito tenta diuturnamente destruir nosso sentimento de paz, refugiamo-nos na idéia de que algum Judas sabota nossas vidas (tempo é vida!) e nos desrespeita de propósito. Pensamos que, nesses dez anos anteriores as “nossas” Usinas, alguém deveria ter previsto esse exponencial aumento no número de veículos desta Capital e tomado as medidas pertinentes. Mas o nosso consciente coletivo não reconhece que erramos pela omissão e que também somos responsáveis pelas soluções de nossos problemas. Aliás, a intelligentzia de plantão (com soluções bizarras para o trânsito) sugere que compremos jegues de metal e passemos a nos locomover de bike pelas ruas desta Capital como se aqui fosse o Canadá ou a Suíça. Agora, será que alguém sabe quando esses intelectuais sairão do bunker que os protege do mínimo (nossa dose homeopática) e observarão como se encontra esta Cidade? Talvez eles, de fato, moram em outra Porto Velho...
À noite, em uma centena de ruas desta Capital, não vemos uma centelha de luz. Como se a treva de fato devesse se instalar para sempre no nosso meio. Qualquer cidadão que fica a aguardar um táxi, um mototáxi, um ônibus ou uma carona, desaparece no breu que se instalou em Porto Velho. Não é de se espantar que algumas pessoas, em razão da Sabedoria que têm, possam nos sugerir que, caso nos sintamos prejudicados pela treva, comecemos a criar insetos coleópteros (vaga-lumes) e, quando for preciso, basta liberá-los para trazer um pouco de luminosidade.
Ao lado da nossa Rodoviária, criamos uma Praça para que os porto-velhenses tivessem momentos de saúde e encontro com a família. Acontece que ao centro desse logradouro há um córrego fétido, um esgoto que se degusta do necrogosto, onde os ratos transitam em harmonia com a sujeira lá instalada. Cremos que tamanha contumácia com a podridão não pode ser de alguém que ama o local onde vive. Por essa situação, qualquer estrangeiro que por cá transita logo pensa: “não há alguma luz nesse Povo que o force a não aceitar essa horrível Rodoviária e essa praça imunda. Será que eles amam a treva?”. Nós, aparentemente, já interiorizamos esse descaso: “ora, sempre foi assim!”. Assim permanecemos no ciclo do mínimo e, de quando em quando, mostramos uma revolta ingênua contra aqueles alienígenas que apontam nossas chagas.
Nesse diapasão, resta-nos mencionar que os viadutos vão ficar para as calendas gregas. Quiçá, Cronos, o Senhor do Tempo, tenha a glória de contemplar essa obra humana concluída. E muito mais do que isso, dirá Saturno: nossa torcida para que essa obra não seja outra Torre de Babel que desabará sobre os homens. Enquanto isso, permaneceremos como Prometeu: presos nos engarrafamentos a suportar as bicadas do calor, das buzinas e da indiferença do concreto.
Esse cenário demonstra pontualmente que o mínimo é a marca registrada do atual ciclo que Porto Velho mergulhou. E pena que esse mergulho profundo não tende a encontrar a superfície, mas mais treva e treva. Não temos dúvida, por esses fatos, de que Porto Velho é uma estrela que não gera luz. Fazemos apenas uma pequena ressalva: Porto Velho gera Luz para alguns e para nós treva, jegues, pirilampos, ratos.
Não testemunharemos inertes as medidas odiosas que são aplicadas a esta Capital. A Ação Popular é mais do que um slogan de uma luta por Respeito à Porto Velho. É um remédio constitucional em que o titular é o Cidadão e por meio do qual a História Karipuna poderá ter rumo diverso...
Ação Popular: Respeitem Porto Velho!
Fonte: Encaminhado por Antônio Serpa do Amaral
Domingo, 26 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)
Uma Narrativa sobre a Unidade Trinitária do SerHavia um tempo antes do tempo, quando tudo ainda era pura possibilidade suspensa sem forma, vazio em si

Até assistir ao vídeo do advogado Davi Aragão em seu canal do YouTube eu não tinha a menor ideia do potencial destruidor da Magnitsky. Para mim, era

O perigoso caminho que o Brasil resolveu trilhar
O clima político que vem tomando conta do Brasil não reflete, ao contrário do que seria licito esperar, a discussão sadia e construtiva dos graves e

O fim da desigualdade de gênero no Judiciário brasileiro: por mais mulheres no STF
A composição do Supremo Tribunal Federal (STF) não é apenas uma questão de escolhas técnicas ou de mérito jurídico. É, também, um reflexo dos valores
Domingo, 26 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)