Quarta-feira, 25 de agosto de 2010 - 06h27
O verão europeu caiu como uma espécie de apocalipse em cima da agricultura. A situação na Rússia se agravou com a devastação causada pelo fogo, aumentando o número de vítimas da pior seca dos últimos 130 anos. Curiosamente, além de impactar seriamente a agricultura russa, a seca fez o papel de “espiã” estrangeira, denunciando em Sarov, na Rússia central, um centro secreto de pesquisa nuclear.
Há registros de mortandade de pássaros: os animais sofrem com a falta de oxigênio no ar e com os gases tóxicos liberados pelo fogo. Um cenário que se repete em todos os lugares atingidos por uma seca rigorosa que a crendice popular atribuiu a castigos divinos e os cientistas tendem a atribuir ao descuido humano com o meio ambiente. Um “autocastigo”, portanto.
O trigo sofreu um impacto violento. A pior onda de calor em mais em um século pôs abaixo as culturas de grãos, além da Rússia, na Ucrânia e no Cazaquistão. Isso, por si só, tornaria o mercado altista em um mundo que vai apresentando elevação no número de famintos, abaixo da implacável lei da oferta da procura.
A grande elevação dos preços fará com que os consumidores dos países produtores se vejam pagando ainda mais caro por pães, biscoitos e outros produtos feitos com trigo. Mais até do que os consumidores dos países assolados pela seca. Pois, submetidos a condições de emergência, haverá nesses países uma aquisição subsidiada, exigência de pressão popular, enquanto nos países produtores, com salários arrochados, as leis do mercado funcionarão até que os governos intervenham e façam a necessária regulação para não prejudicar demais o mercado interno.
Além de derrubar a produção, portanto, a “Generala Seca” fez com o neoliberalismo e sua proposta de “Estado mínimo” o que o General Inverno fez com as tropas de Hitler e Napoleão quando pretenderam invadir a própria Rússia. Uma derrota irreversível.
Paladar animal – Os agricultores brasileiros veem boas perspectivas para nosso milho, pois o trigo na Europa é muito utilizado em rações para animais. O milho se apresenta como um bom substituto, nesse caso. Bicho não tem paladar tão apurado e exigente quanto o ser humano.
Mas o grande problema da seca é a velha história de que estamos no mesmo barco: se a violenta seca lá no hemisfério Norte é causada pelo acúmulo de práticas incorretas da atual conjuntura da produção mundial, um dia ela também vai bater aqui, no hemisfério Sul, com toda sua carga de violência destrutiva.
Fonte: Carlos Sperança - csperanca@enter-net.com.br
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