Quinta-feira, 3 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

OPINIÃO: Chega de despesa



Delfim Neto (*)

Nas sociedades constitucionalmente organizadas, nenhum dos Poderes pode propor aumento de despesa (em particular aumentos salariais) sem uma coordenação preliminar com o Poder Executivo.

Mais do que isso, nenhum Congresso ou Parlamento pode aprovar aumento de despesa permanente sem estabelecer fontes também permanentes de seu financiamento.

A necessária independência e harmonia entre os Poderes não pode ser justificativa plausível para que o Legislativo ou uma coalizão do Legislativo e Judiciário proponha livremente seus salários. A cada quatro anos, com a proximidade do processo eleitoral, o Legislativo costuma ser atacado por uma febre "social" para competir com o espírito natalino do manhoso Executivo.

O fato lamentável é que tais desatinos fiscais se fazem à base de "truques interpretativos" que ilidem as disposições da Constituição de 1988 e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Nossa situação ainda está sob controle, mas é cada vez mais evidente que lentamente se acumulam compromissos de despesas permanentes cujo pagamento depende do crescimento permanente da receita, o que não pode ser garantido. Trata-se de uma imprudência que põe em risco a própria estabilidade econômica.

Um exemplo claro dessa ameaça é o desequilíbrio da Previdência Social, que o Executivo não tem tido disposição para enfrentar e o Legislativo tem feito todo o possível para aumentar.

A lei que regula a previdência do setor público e pode abrir caminho para uma solução a partir de quando for posta em prática dorme há anos no Congresso em companhia da lei que regula o direito de greve do setor público. Ambas, propostas pelo Executivo, foram abandonadas na "roda" do Congresso como crianças indesejadas...

Recuperamos o crescimento a partir de 2006 com o PAC e desde 2003 fomos beneficiados pelo "bônus" da expansão mundial. Sem maior esforço exportador, passamos de país devedor para país credor e acumulamos US$ 250 bilhões em reservas. Isso aliviou as pressões, deu algum conforto ao governo e permitiu-lhe enfrentar com relativo sucesso a crise mundial.

Estamos hoje bem preparados para um crescimento anual da ordem de 5% a 6% sem problemas internos ou externos. É hora, portanto, de formular um programa que enfrente com inteligência e determinação aqueles problemas. Basta que ele implique num crescimento menor (do que o do PIB) das despesas de custeio e assistência social.

Estas, mesmo ampliadas, deixarão um "excedente" para ser utilizado nos investimentos de infraestrutura que seja capaz de garantir aquelas taxas de crescimento.

(*) ex-ministro da Fazenda

Artigo publicado na Folha de S.Paulo - Opinião
 

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 3 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

 Hospital Municipal: quando teremos?

Hospital Municipal: quando teremos?

Faz tempo que essa promessa de novos hospitais públicos para Porto Velho está na fila de espera. Na condição de um dependente do Sus, desde que isso

Mais deputados para quê?

Mais deputados para quê?

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o número de vagas no parlamento, passando de 513 para 531. Num país efetivamente sério mais representan

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Quarta-feira (25), o Congresso impôs mais uma derrota ao governo do presidente Lula derrubando o Decreto que aumentava o IOF. O governo perdeu mais

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

O esquema que desviou bilhões de reais de contas de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi apenas mais um

Gente de Opinião Quinta-feira, 3 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)