Quinta-feira, 20 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Opinião: Catástrofes entram nas salas de aula


  

*Francisca Romana Giacometti Paris
 

Terremotos. Tsunamis. Furacões. Erupções vulcânicas. Chuvas torrenciais. Enchentes. Deslizamentos. Os desastres naturais, como o nome diz explicitamente, são eventos naturais que ocorrem quando um fenômeno físico provoca direta ou indiretamente muitos danos e faz um grande número de vítimas.
 
Nos últimos tempos, a mídia - TV, internet, jornais impressos, rádios e revistas, entre outros -, nos mostrou cenas catastróficas causadas pelas chuvas na Austrália e na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Tanto o distante continente quanto as serras cariocas foram inundadas por águas fluviais que, segundo alguns estudos, são resultantes do aquecimento do planeta e do fenômeno La Niña. Todavia, ao analisarmos o número de pessoas vitimadas pelas tragédias, de lá e daqui, nos deparamos com números bem diferentes. Enquanto no nordeste australiano o dilúvio atingiu uma área cinco vezes maior do que o Reino Unido e deixou cerca de vinte mortos e mais de setenta pessoas desaparecidas, a região serrana carioca j& aacute; contabiliza mais de 650 mortos, sem contar os desaparecidos.
 
Com base nesses dados, observa-se que os fenômenos naturais são transformados em desastres quando o vento, a chuva, a neve, as larvas, o terremoto ou as gigantescas ondas se encontram com a vulnerabilidade. Esse deve ser o eixo central sobre o qual se deve estudar as tragédias climáticas em sala de aula. A vulnerabilidade opõe-se à cidadania.. As pessoas que habitam muitas das áreas de risco, por mais contraditório que pareça, recolhem o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), ou seja, os governos legitimam a ocupação dessas áreas.
 
Podem-se trabalhar os mais diversos conteúdos (precipitações, urbanismo, ocupação de encostas, divisão de renda, ecologia, moradias etc) ao contemplarmos, no currículo da sala de aula, os deslizamentos ocorridos neste início de 2011. Porém, não podemos reafirmar, como fazem algumas autoridades, que a causa da tragédia é a chuva. Faz-se necessário que desenvolvamos nas crianças e jovens a consciência pelo cuidado com o meio ambiente e a postura política de cobrar das autoridades públicas ações que, a longo prazo, minimizem o número de vítimas, ou seja, cobrar planejamento e preparação para  enfrentar ocorrências naturais.
 
Um ponto, entretanto, deve ser ressaltado: a solidariedade dos amigos, parentes e vizinhos das vítimas. Particularmente, fiquei admirada com a ação de pessoas que cavavam a lama à procura de soterrados, com outras que abriram suas casas para acolher desabrigados, com aqueles que subiam e desciam morros para comunicar-se com helicópteros e indicarem localidades isoladas, com aqueles que enfrentaram o odor da morte no IML (Instituto Médico Legal) para dignificar com um enterro entes queridos, com aquelas crianças que adotaram animaizinhos que perderam seus donos, com os voluntários que separam doações e fazem faxina nos alojamentos provisórios e com o grande número de brasileiros que encaminharam os mais diversos materiais para sobrevivência d as vítimas.
 
Essa lição de solidariedade deve ser lembrada e relembrada em vários momentos da escola. A catástrofe acontece quando não encontra uma organização que pode preveni-la ou atenuá-la, mas deixa de ser ainda mais trágica quando encontra a solidariedade materializada nas mãos de cada voluntário.
 
 * Diretora pedagógica do Agora Sistema de Ensino (www.souagora.com.br), pedagoga, mestre em Educação e ex-secretária de Educação de Ribeirão Preto (SP)
 

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 20 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Proposta polêmica

Proposta polêmica

Na semana passada, uma vereadora de Porto Velho foi alvo preferencial de críticas ácidas nas redes sociais. Ela teria proposto um projeto de lei res

Rondônia? Só com passaporte!

Rondônia? Só com passaporte!

O artigo 1° da Constituição Federal de 1988 diz que o Brasil é uma República Federativa formada pela união indissolúvel dos Estados, dos Municípios

Porto Velho: saneamento não é luxo, é começo de conversa

Porto Velho: saneamento não é luxo, é começo de conversa

Porto Velho não precisa de varinha mágica; precisa de encanamento. De ralo que funciona, de rua que não vira igarapé, de torneira que não falha. Ent

17 de novembro: 75 anos de brasilidade deste jurista, homenagens a Vasco Vasconcelos e Luiz Gama, ícones da luta contra a escravidão e maior respeito à dignidade humana

17 de novembro: 75 anos de brasilidade deste jurista, homenagens a Vasco Vasconcelos e Luiz Gama, ícones da luta contra a escravidão e maior respeito à dignidade humana

No dia 17 de novembro celebram-se 75 anos de brasilidade, deste jurista,  data que também convida à reflexão sobre a trajetória de grandes juristas ba

Gente de Opinião Quinta-feira, 20 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)