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Olimpíadas: só decepções


 
Professor Nazareno*

A cerimônia de abertura dos jogos olímpicos no Rio de Janeiro na sexta-feira, 05 de agosto de 2016, foi uma grande decepção. Foram quase quatro horas de pura embromação, mau gosto e breguice. Quem perdeu seu precioso tempo para ficar diante da televisão naquela “fatídica noite de horrores” pode se arrepender amargamente. As duas únicas certezas que se tinha, simplesmente não aconteceram para a frustração dos mais de 204 milhões de brasileiros e para boa parte dos esportistas espalhados pelo mundo: nem Pelé acendeu a pira olímpica nem o presidente interino dos brasileiros foi vaiado, pelo menos na proporção que merecia. O espetáculo foi circense do começo ao fim, aliás, coisa típica de um povinho tosco. Usar só a cidade do Rio de Janeiro como sendo todo o Brasil foi de um péssimo gosto. Mas foi bom: não teve Boi nem Nordeste.

Pelé, o Cavaleiro Comandante da Mais Excelente Ordem do Império Britânico, o atleta do século XX, o maior goleador da história do futebol e embaixador mundial deste esporte, o brasileiro mais conhecido no mundo, herói nacional, dentre tantas outras honrarias “nem deu as caras” naquele triste espetáculo. Perguntando antes se iria acender a pira olímpica, deu desculpas esfarrapadas falando de contratos comerciais. Depois alegou problemas de saúde. Outra mentira, pois nas Olimpíadas de 1996 em Atlanta nos Estados Unidos, Mohamed Ali, já doente e cansado, aceitou a honraria para alegria de seu país. De quem foi o erro? O Comitê Olímpico e os organizadores deveriam ter convidado “Pelé” para participar da cerimônia e não o cidadão Edson Arantes do Nascimento. Fosse na Argentina, quem teria esta honra senão o Maradona?

A tristeza do dantesco show também mostrou o presidente do COB, Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, que numa noite de pouca inspiração serviu de galhofa para o mundo inteiro. Todo se tremendo e com um inglês sofrível, usou a palavra “sex” (sexo) no lugar de “sucess” (sucesso) e rapidamente sua fala invadiu as redes sociais em tom de avacalhação. Mas o pior ainda estava para acontecer. O momento épico da festa mostrou ao mundo Vanderlei C. de Lima. Embora um cidadão íntegro, mas comparado a Pelé, é um ilustre desconhecido. Eu mesmo o encontrei caminhando no podre Espaço Alternativo de Porto Velho e não o reconheci. Poucos brasileiros já ouviram falar dele e raríssimos sabem qual o esporte que ele praticou. Diferente de Pelé, Vanderlei ganhou uma única medalha de bronze, mas acendeu a pira.

Porém, as decepções e agruras para o Brasil e os brasileiros não vão parar por aí nestas Olimpíadas. O total de medalhas que o nosso país ganhará na competição vai beirar como sempre, o ridículo, o absurdo, o surreal. Diferente das grandes potências olímpicas, o país do JOER e dos atletas que pedem esmolas para participar de competições se contentará com menos de 20 medalhas no total, enquanto os atletas de países como Estados Unidos, Japão, Alemanha e China disparam no quadro total de honrarias. Gastar bilhões de reais do dinheiro público para ganhar algumas medalhas e passar vergonha na cerimônia de abertura é o fim da picada. Pelé, o Deus do futebol, acendendo a pira olímpica e o golpista e interino presidente Temer sendo vaiado pelos seus cidadãos não resolveriam os nossos problemas. Mas seria um alívio para muitos de nós, que esperávamos algo mais real numa das piores festas que o esporte já viveu.


*É Professor em Porto Velho.

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