Sexta-feira, 26 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

O nó de Temer começa agora - Por Leonardo Attuch


Gente de Opinião

Nos pouco mais de 100 dias de interinidade, Michel Temer colocou em prática aquilo que fez durante toda a sua vida: articulação política. Negociou cargos, favores, prebendas e, assim, garantiu os votos necessários para a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff, que o efetivou na presidência da República, antes da viagem à China, para o encontro do G20. Com 61 votos, quase tudo saiu como ele planejava, inclusive a preservação dos direitos de Dilma, que contribui para uma certa distensão com o PT e favorece seu aliado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que poderá ser cassado neste mês de setembro, mas sem sofrer uma derrota completa.

Os problemas de Temer começam agora, quando ele terá que fazer algo que nunca fez: comandar um País que vive a mais profunda recessão de sua história, potencializada por dois anos de uma absurda crise política. Na economia, o quadro é devastador. A produção nacional caiu 0,6% no segundo trimestre, já sob Temer, a dívida interna caminha para chegar a 80% do PIB em 2017, a inflação não cedeu e continua na casa dos 7,5% e o desemprego foi a 11,6%, atingindo 12 milhões brasileiros. Pior: estima-se que o número chegará a 13 milhões até o fim do ano.

O Brasil de 2016, na verdade, reproduz um círculo vicioso de espiral negativa em que menos emprego produz menos consumo, menos crescimento e menos arrecadação – por sinal, o déficit fiscal em julho foi de R$ 18 bilhões, o maior de todos os tempos. A grande aposta, portanto, seria a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que congela os gastos públicos e, pelo menos, da reforma da Previdência. No entanto, aliados do Centrão, já deixaram claro que só votam temas espinhosos depois das eleições municipais. Como as reformas não avançam, PSDB e DEM, que pretendiam usar Temer como marionete para a condução da agenda econômica que defendem, já ameaçam se rebelar. E as labaredas do fogo amigo são cada vez mais intensas – até porque cresce a percepção de que Henrique Meirelles poderá emergir como o mais provável candidato do bloco governista em 2018, no lugar dos quadros tradicionais do PSDB,

A esse quadro, somam-se os intensos protestos de rua contra o impeachment e a volta do PT para uma posição bem mais confortável: a de oposição e, mais do que isso, de vítima de  um “golpe parlamentar”. Ou seja: enquanto Temer bate cabeça com seus aliados para impor uma agenda de sacrifícios, o ex-presidente Lula organiza uma frente ampla de partidos de esquerda para preparar suacandidatura e prometer a volta dos bons tempos, em que direitos eram ampliados – e  não suprimidos.

Gente de Opinião
Leonardo Attuch / Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste

Gente de OpiniãoSexta-feira, 26 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Mendonça vs. Dino

Mendonça vs. Dino

Está formado o cabo de guerra entre André Mendonça e Flávio Dino, ambos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Mendonça mandou a Polícia Feder

Eterna Natalina Vasconcelos – a mãe que costurava estrelas

Eterna Natalina Vasconcelos – a mãe que costurava estrelas

Dona Natalina casou-se muito cedo, aos 14 anos – costume da época no sertão baiano, onde mocinhas trocavam a infância por lares próprios cheios de s

Havaianas deram tiro no pé

Havaianas deram tiro no pé

O recente comercial das sandálias Havaianas, protagonizado pela atriz esquerdista da cabeça aos pés, Fernanda Torres, foi uma das notícias de maior

Aposentado não é lixo

Aposentado não é lixo

Aposentado não é lixo, mas, no Brasil de hoje, é tratado como se fosse, principalmente por políticos que só se lembram do povo em período eleitoral.

Gente de Opinião Sexta-feira, 26 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)