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O discurso da intolerância



É sempre assim. Quando algum episódio de repercussão local, nacional ou global acontece e, que mexe com aquela parte; "... das necessidades e potencialidades reprimidas de um conjunto de indivíduos, grupos, classes ou toda a sociedade..."  a que chamamos de inconsciente coletivo ou inconsciente social, logo se levantam as vozes da razão, ávidas para julgar, emitindo análises e opiniões acabadas e prontas, como se fossem os sumos pontífices da verdade, na sua maioria, carregadas de preconceitos, deixando extravasar o destempero do ódio, nelas contido.  Muitas destas, são tão frágeis e superficiais, que não resistem ao mais leve sopro.

Exemplos disso, foram os dois últimos acontecimentos, que teve uma ampla cobertura da mídia brasileira e internacional, ensejando uma discussão, sobre três pilares  fundamentais da dimensão humana que são a ética, a liberdade e a justiça.

Muito embora episódios completamente diferenciados, conectam-se por carregarem no seu cerne, intensa carga de ambiguidades e subjetividades. Quero me referir ao ato terrorista contra os cartunistas da  revista francesa Charlie Hebdo e a condenação de um brasileiro à pena de morte na Indonésia por traficar drogas.

Não faltaram a esses acontecimentos, manifestações vindas dos mais variados segmentos, e das mais diferentes formas e gradações.

No que diz respeito especificamente ao caso da pena capital imposta ao brasileiro, as opiniões vão da condescendência, às mais torpes e vis, sem levarem em consideração as verdadeiras raízes do problema.

Não se pode fazer tábula rasa e tratar de maneira simplória, questões que envolvem múltiplas dimensões e que se integram a níveis de estruturas complexas, apenas para dar vazão aos nossos instintos mais primitivos. É até compreensível, mas pouco edificante, pois não aprofunda o debate pro ativamente em torno dessas questões, e nem vai às causas primeiras do problema.

A realidade é uma só, mas tentar percebê-la irrefletidamente, apenas com o viés das nossas paixões, e do prisma que nos é mais conveniente, nos levará inexoravelmente a equívocos irreparáveis.

Atacar os graves problemas que afetam uma dada sociedade pelos seus efeitos e não pelas suas causas, é o caminho mais próximo para sua perpetuação e não para extirpá-los.

Só prendendo ou matando um reles contraventor do tráfico, não se resolverá a questão ou pelo menos cria as condições para amenizá-lo.

A estrutura que move o narcotráfico é de tal ordem, que prender uma meia dúzia de inocentes úteis nas suas franjas, a única coisa que proporciona, são alguns dividendos ao aparato policial repressivo, a comoção da família atingida por esse infortúnio e a sensação apaziguadora na sociedade de que algo está sendo feito. Mas isso não arranha um dedal se quer, dessa perversa estrutura.

Pouco adianta a execração pública de um desafortunado que é levado às barras da justiça por cometer atos ilícitos ligados ao tráfico de drogas, sem mexer com os tubarões de rendoso negócio.

A polícia tem que cumprir o seu papel no combate ao narcotráfico, inclusive reprimindo ostensivamente os seus contraventores que cumprem o papel sujo de aliciamento e proliferação de drogas onde quer que eles atuem. Contudo deixar imune o centro nevrálgico do sistema, é garantir a manutenção de uma das indústrias mais rentáveis no mundo.

Parafraseando uma das músicas do Chico, hoje o narcotraficante anda de terno, gravata e tem capital. É candidato a narcotraficante federal e  nunca se dá mal.

A indústria do narcotráfico se funde à indústria ilegal de armas e juntas faturam bilhões, se não trilhões de dólares em todo o mundo. Já atuam licitamente através de "pontas de lança" em alguns grandes  conglomerados multinacionais e têm papéis aplicados nas Bolsas de Valores pelo mundo à fora, e agente fica  demonizando alguns "cabecinhas de bagres," que servem a esse vultoso mercado ilegal, atuando na sua periferia. São mais vítimas dessa maldita engrenagem que vilões.

Essa é uma análise que se aplica a qualquer grande tema que se queira atacar em toda sua dimensão.

As raízes de todos os males que afetam a humanidade, são de outra ordem e por serem de tamanha complexidade, se tornam pouco visíveis e perceptíveis , sem um estudo sério que implique as suas várias determinações e abrangência.


Fonte: Prof. Edilson Lôbo - UNIR

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