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O cinema perde Robert Altman


O mundo do cinema está mais pobre desde a última segunda-feira, 20 de novembro. Morreu o cineasta Robert Altman, ganhador da Palma de Ouro em Cannes por M.A.S.H (1970), um dos poucos diretores de cinema que durante a carreira foi um indomável, um rebelde, um artista inquieto e original que nem Hollywood nem os homens de dinheiro puderam domá-lo.

Formado pela escola da televisão, dirigindo séries como “Bonanza” e “Alfred Hitchcock apresenta”, Altman se tornou um especialista da “imitação”, filmando episódios “à maneira de”, como exercício de estilo, mas acabaria se tornando conhecido filmando fora das regras dos gêneros: M.A.S.H, paródia hilariante e de humor negro sobre os horrores e a inutilidade da guerra; Quando os homens são homens (1971) subvertendo o gênero realizando um western “glacial” para mostrar como eram os verdadeiros pioneiros, ou seja, um outro modo de mostrar a história. Em 1975 dirigiu Nashiville, uma epopéia sem maquiagens sobre a música popular americana, e que ganharia um Oscar de melhor música.

Altman e seus filmes têm assinatura ou marcas registradas: trilhas múltiplas – somente em seus filmes que as pessoas falam ao mesmo tempo com vozes cortando as outras – total liberdade de ação aos atores e incentivando a improvisação nos ensaios e nas filmagens.

Durante os anos 1970 foi o cineasta mais cultuado pela crítica européia e parte da americana,mas teve períodos de inexplicável obscurantismo graças ao alguns fracassos como à superprodução Popeye (1980), Kansas City (1996), Dr. T e as mulheres (2000), no entanto nunca realizou um filme medíocre, pois mesmo errando ninguém era igual a ele.

Robert Altman brindou o público com obras primas como citado M.A.S.H; Cerimônia de Casamento (1978), O Jogador (1992) uma visão ácida dos bastidores de Hollywood e recheada de citações e homenagens como à cena de abertura (um plano-sequência de quase seis minutos) quando o personagem de Fred Ward fala justamente sobre o plano-sequência que abre o clássico A Marca da Maldade de Orson Welles , Short Cuts – Cenas da Vida (1993) que seria homenageado pelo diretor Paul Thomas Anderson no seu longa-metragem Magnólia, que segue o mesmo esquema de múltiplas histórias onde os personagens acabam interagindo em algum momento da história.

Ironicamente,seu último trabalho por trás das câmeras, recebeu o título no Brasil de “A última noite”.

Com a morte de Robert Altman ficamos um pouco mais a mercê de cineastas adeptos somente do cinema digital, dos efeitos especiais e do croma-kie. Nada contra o cinema escapista, mas se não fosse diretores como Martin Scorsese, Woody Allen, Orson Welles, Elia Kazan, Fred Zinnerman, Fritz Lang, Billy Wilder, David Mamet, Robert Altman entre tantos outros que sabiam muito bem o ofício de fazer filmes, o cinema não existiria.

Fonte: Humberto Oliveira

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