Sábado, 21 de novembro de 2009 - 07h22
Bruno Peron Loureiro
Não há visita que eu faça a algum museu sem observar a reação dos espectadores: as obras que mais lhes chamam atenção e a maneira como se consomem objetos artísticos e históricos. Qual é a função do museu? A organização do acervo, o conhecimento interdisciplinar, a museologia e o patrimônio alertam sobre o caráter educativo deste espaço de memória que, a exemplo do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, não só expressa o passado.
Se as sociedades são complexas, por que a linguagem ou o conteúdo dos museus teriam que ser simples? É um lugar de manifestação, preservação e reconhecimento de nossas riquezas culturais que merece uma consideração especial. As visitas a museus no país são fortuitas, porém é curioso que estes espaços de cultura sejam prioridade de turistas brasileiros na Europa ao contrário dos olhares apressados e negligentes que percorrem os lugares correspondentes no próprio país.
Dados do Anuário de Estatísticas Culturais do País de 2009, do Ministério da Cultura, indicam a existência de 1.496 museus no Brasil, que se distribuem irregularmente entre os estados. As unidades concentram-se em São Paulo (410), Rio Grande do Sul (358), Minas Gerais (308) e Rio de Janeiro (194). As regiões Sul e Sudeste possuem-nos em maior número. Enquanto praticamente metade das cidades gaúchas contam com museu, o estado todo de Roraima só possui três.
Há formas variadas de manifestar, preservar e difundir as culturas de uma região, além da pergunta que surge sobre o que pode ser objeto de museu devido ao que um grupo valoriza mais ou menos de suas identidades. Ainda, qual é a diferença entre apreciar uma pintura rupestre aborígine de milhares de anos e visitar um museu em Brasília sobre a curta história política da cidade? Embora soem bem distintas, as duas experiências são representativas do país.
O problema dos museus – que não ocorre só no Brasil – é que costumam demandar um orçamento público considerável para a manutenção, a menos que sua reputação ou algum outro atrativo convertam-nos numa fonte de renda privada e lucrativa. Caso contrário, dependerão de excursões escolares e visitantes que mal gastam poucos segundos no usufruto de objetos de museus até passar ao seguinte acervo ou à próxima sala de exibição. O museu envolve estudo, labor, lazer e interatividade.
A fim de estimular a visitação, promover a diversidade cultural e defender a preservação de identidades, deveria haver sempre alguma rotatividade em parte das obras nos museus, além do emprego de outros recursos que despertem o interesse mais amplo da população nestes espaços de cultura. O uso de novas tecnologias, a interação entre o objeto e o espectador e a relevância de entendê-los não só em função da memória somam pontos a seu favor.
Velhas concepções sobre o que é ou deveria ser objeto de museu corroem-se diante da intensidade da brisa que sopra na direção da importância da manifestação, preservação e difusão das identidades para o desenvolvimento do país, a diversão como aliada da função educativa, e a referência histórica que revela os contornos de quem, como, onde e por que somos. As vestes atuais dos museus prometem fazer a moda de um mundo onde se espera cultuar as diversidades.
Bruno Peron Loureiro é analista de América Latina e Relações Internacionais.
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