Quarta-feira, 24 de dezembro de 2008 - 06h42
A eternidade dá sentido ao tempo
O sentido do tempo é dado pela eternidade com a encarnação de Jesus Cristo. Ele se faz Carne, assumindo a nossa natureza humana, tornando-se um de nós. Ao assumir a nossa natureza, comunica-nos a sua condição divina, Unigênito do Pai, nascido do Pai antes de todos os séculos (tempos). Luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós homens e para a nossa salvação desceu do céu e se encarnou, pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria e se fez Homem. Assim professamos a nossa fé cristã, o Credo.
Esse sentido cristão do Natal de Jesus Cristo não pode ser substituído, como de fato está sendo na sociedade. O Natal perde o seu significado haurido nas fontes da fé. O caráter sobrenatural do evento foi radicalmente substituído pelos valores comerciais, em ritmo de aquecimento. O Natal foi encampado pelos interesses da sociedade de consumo.
Cabe a nós, como testemunhos do amor de Deus, a recuperação do sentido do Natal cristão. Cremos que Cristo se encarnou. Sua presença viva atua nos batizados cristãos, embora admitamos que não sejam evangelizados, nem suficientemente acompanhados na fé e menos ainda orientados sobre a prática das obras que demonstram a fé, dom sobrenatural.
Natal. Hoje Cristo, o eterno Verbo do Pai, nasce para nós. Ele que desde o princípio está com o Pai, pelo qual tudo foi criado e nada foi criado sem Ele, no qual tudo subsiste e toma consistência. Ele se encarna no mundo que por Ele mesmo foi criado, para dar sentido à vida, ao tempo. Sua eternidade dá sentido ao tempo.
A cada ano o Natal revigora a nossa fé. A fé revigora os nossos laços espirituais entre os familiares, entre vizinhos, entre amigos, entre todos os povos da terra. Porque, naquele que nasceu por nós, sua Luz de vida e Verdade nos foi dada. Hoje, doado a nós pelo Pai, o Espírito que nEle repousa renova a face da terra, em conformidade com a sua Palavra: Eis que faço novas todas as cosias (Cf. Ap. 21,5).
Em cada família cristã, nós, primeiros responsáveis pela formação dos nossos próprios filhos, recuperemos o sentido fraterno e solidário que Jesus Cristo veio trazer para todos os povos, raças, culturas, estruturas sociais. Seu Evangelho, sua boa Nova - a vida nova que provém de sua Pessoa, de sua mensagem e de sua obra de salvação perpassa o tempo e lhe dá sentido perene.
Nosso pedido às famílias cristãs é de congraçamento, fazendo com que uns se reconciliem com os outros, deixando morrer num abraço apertado tudo o que represente inquietude, mágoa, ressentimentos e maus ensejos. O único gesto que cabe no Natal é a continuidade do compromisso de construção da civilização do amor, da justiça e da paz tão desejada.
Fonte: Dom Aldo Di Cillo Pagotto / CNBB
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