Quinta-feira, 6 de janeiro de 2022 - 14h33

“Instaure-se a moralidade ou que se locupletem todos”. Essa
frase, emblemática e lapidar, cuja autoria é atribuída por alguns ao Barão de
Itararé, mas há quem diga que a expressão teria sido dita por Sérgio Porto, cai
como uma luva para o Brasil dos tempos do cuecão, do mensalão e do petrolão,
quando bilhões de reais foram gatunados dos cofres públicos para os bolsos de ratazanas
gulosas, que continuam impunemente circulando de um lado para o outro, dentro e
fora do Brasil, vestindo o esfarrapado mando da decência.
Preso em 2016, por corrupção e lavagem de dinheiro, na 35ª fase
da Operação Omertà (do latim humilitas, que
significa humildade, termo da língua napolitana que define um código de honra
de organizações mafiosas do Sul da Itália, segundo a Wikipédia), depois de ter
sido condenado a nove anos de prisão, um ex-ministro da fazenda teve sua
sentença anulada, enquanto a pessoa que rouba um pacote de bolacha fica mofado
na cadeia. E o que dizer do cacique-mor do
propinoduto, aquele que vive arrostando moralidade e apontando o dedo na
direção de adversários, acusado de ser o mentor e principal beneficiário do
maior esquema de corrupção da história mundial, que lhe rendeu milhões de reais
em propina.
Em países como a China, ladrão de dinheiro público é punido com
pena de morte. No Brasil, porém, geralmente quem mete as mãos sujas no erário é
endeusado, paparicado e aplaudido, por segmento da sociedade. Quando pipoca uma
roubalheira, logo aparece alguém falando em criar uma CPI. Não é de hoje que
uma distribuidora de energia elétrica vem deitando e rolando em cima da
população. Resolveram criar uma CPI para apurar as denúncias. Nesse período,
membros da Comissão se revezaram diante das câmeras de televisão prometendo
enquadrar a empresa e ressarcir os consumidores espoliados. A CPI consumiu
tempo, dinheiro e a paciência da população. No final, tudo acabou em pizza,
restando ao povo apenas o prejuízo, como sempre.
No pico da covid-19, o governo federal destinou milhões de reais a estados e municípios para combater a pandemia, mas gestores inescrupulosos teriam dado outra destinação ao dinheiro. Mais uma vez, alguém teve a ideia de instaurar uma CPI para investigar as denúncias. Ao invés de investir contra os eventuais detratores do erário, a CPI seguiu no sentido contrário, ou seja, mirou sua metralhadora na direção de quem liberou os recursos. É difícil falar em moralidade num país em que ladrões do dinheiro público são contados às pencas, em todos os níveis. Sendo assim, que mal faz inchar as repartições públicas com cabos eleitorais e apaniguados políticos e, com eles, repartir o resultado do butim, ainda que a Constituição Federal atribua a ocupação desses cargos a concursados, sem que essa exigência seja respeitada. Comprovadamente, não há melhor lugar no mundo do que o Brasil para político corrupto.
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