Segunda-feira, 5 de janeiro de 2015 - 06h33
Bruno Peron
Inclusão e exclusão são fenômenos que se complementam e se sustentam. Enquanto, para uns, eles só estabelecem uma relação de oposição, para outros, eles abrigam segredos sobre mazelas essenciais do Brasil.
A primeira palavra – inclusão – desfila na passarela de discursos múltiplos, como os que advogam inclusão cultural, social, digital, educacional, e também a de deficientes físicos e outros grupos minoritários.
Nunca se falou tanto de inclusão digital quanto nessa era da banda larga, dos computadores portáteis e dos telefones inteligentes (“smart phones”).
Esse é o ponto de inflexão numa sociedade que até então era habitualmente desigual e onde a exclusão compunha o imaginário tipicamente tropical.
Exclusão, porém, sempre foi uma palavra complexa. Ela não quer dizer que cada um fica apenas no seu lugar e que ninguém se mete com ninguém. Ela marginaliza aqueles que gostariam de comer do banquete consumista e beber da mesma fonte que aqueles que sempre estiveram incluídos.
Há registros tão antigos quanto a origem da feijoada no Brasil. Os pratos das famílias abastadas continham os cortes melhores de carnes, enquanto seus escravos comiam as sobras, condimentadas e logo reinventadas na culinária brasileira.
O de dentro e o de fora, o de cima e o de baixo, instituíram relações desiguais que se converteriam em sobrados e choças, condomínios e favelas. Mas essas institucionalizações ocorreriam durante séculos.
O que chama minha atenção é o desespero das elites para manter seus privilégios e a ousadia dos excluídos a favor de sua inclusão no Brasil.
Há exemplos vários sobre grupos excluídos. Menciono os arrastadores de veículos do período matinal na Linha Vermelha no Rio de Janeiro (RJ), que retornam à favela depois de praticar crimes do outro lado do muro que a separa da avenida. Também falo dos sem-tetos que se hospedam em moradias informais nas rodovias dos arredores de Campo Grande (MS) até que entrem em conflito com fazendeiros ou consigam algo do governo.
Qualquer brasileiro tem exemplos abundantes de exclusão, ainda que sua cidade não seja uma capital de estado, uma área populosa nem “maravilhosa” como o Rio de Janeiro.
Há políticas que suavizam o problema, mas não conseguem reorientar o Brasil para um cenário de inclusão sustentada. Temos, logo, programas de incentivo à banda larga, financiamento de moradias, calçadas para cadeirantes, bolsas de estudo, e outros empurrões que o governo dá.
Apesar disso, a confiança em tomadores de decisão desce pelo ralo quando se revelam desvios milionários por funcionários da Petrobrás (inclusive em cargos de chefia), propinas em licitações do governo (principalmente em construção civil e transportes), e verbas públicas que se usam para comprar centenas de telefones inteligentes e passagens aéreas para deputados.
Políticos no Brasil prevaricam o tempo todo, vencem eleições e mantêm privilégios vitalícios, usam e abusam do dinheiro suado dos trabalhadores, e ainda se sentem autoridades régias a quem a população deve servir.
Portanto, não estranhemos que telefones inteligentes da Apple façam distinções sociais no Brasil, a violência contra policiais aumente, os roubos a bancos fiquem mais audazes, e os muros da exclusão fiquem mais altos.
Ninguém quer ficar de fora dos atrativos da inclusão (cultural, digital, social, etc.), custe o que custar. Se o Estado não se encarregar da inclusão, brasileiros darão um jeito de se incluir mesmo que seja através de violência.
Portanto, inclusão é apenas outra face de exclusão.
Os dois fenômenos merecem reorientação no Brasil.
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