Quarta-feira, 1 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Homem de peso



Por Humberto Pinho da Silva
 

A história que vou contar ocorreu nos anos cinquenta, sendo Presidente de Conselho o Prof. Doutor Oliveira Salazar.

Nessa recuada época a polícia tinha autoridade e era respeitada.

Recordo, que certa manhã, ao atravessar fora da passadeira, quando ia para o liceu Alexandre Herculano, ouvi estridente assobio do guarda que permanecia no passeio fronteiro. Gesticulava o polícia avisando que não era local de passagem.

Imediatamente dirigi-me para a zebra, para não ter que pagar a multa. Na ocasião era de dois escudos e cinquenta centavos.

Era, também, nesse tempo, expressamente proibido sacudir: panos, tapetes ou cobertores, para a via publica.

Todos sabiam. Havia o cuidado, quando se sacudia o pano de pó, de verificar se existia guarda ou se passava alguém sob a janela.

Em casa de meu pai existia empregada – então criada, – que não se dava ao cuidado de verificar. Sacudia o pano de pó, mesmo sobre os transeuntes.

Tantas vezes prevaricou, que o guarda de serviço – nessa época havia em cada rua, um ou dois, que passeavam ao longo da via, – resolveu intervir.

Antes de autuar, consultou na mercearia, para se inteirar quem morava no prédio.

Informaram-no que era o senhor Mariozinho - homem de peso.

O guarda coçou a cabeça, engoliu em seco, reflectiu, e pigarreando, afastou-se vagarosamente.

Ria-se perdidamente, mais tarde, meu pai, ao contar a caricata cena, depois que soube o modo como o polícia se portou, ao saber que na casa vivia      “homem de peso”.

- “Oitenta e seis quilos, que é quanto peso, valeu-me de multa. Como é bom ser homem de peso! …”

Mas não deixou de recomendar à cachopa, para não sacudir panos, sem olhar para a direita e esquerda, verificando se havia policia e se alguém passava por baixo.

-“É que desta vez valeu-me o peso…Mas como ando a fazer dieta, é melhor ter cuidado…”

Bom tempo em que se andava pela via publica sem medo. Os Cafés encerravam às duas da madrugada, e regressava-se a casa depois da última sessão de cinema, pachorrentamente…a pé.

As crianças, nas noites quentes de Verão, brincavam descontraidamente na rua, e nas noites de sábado, as famílias desciam à baixa para verem as montras. Era o passeio dos tristes.

Bom tempo em que havia respeito, sossego e paz.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 1 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Diretório municipal do PT resolveu jogar Fátima Cleide às feras

Diretório municipal do PT resolveu jogar Fátima Cleide às feras

Matéria do site Rondoniaovivo revela que a ex-senadora Fátima Cleide vai representar o Partido dos Trabalhadores na disputa pela prefeitura de Porto

Revanchismo da história em plena acção contra o Ocidente

Revanchismo da história em plena acção contra o Ocidente

O Presidente Rebelo de Sousa juntou-lhe o seu Pó de Mostrada Segundo noticiou a Reuters, Rebelo de Sousa declarou a correspondentes estrangeiros, um

Por que o PT ainda não indicou pré-candidato à sucessão de Porto Velho?

Por que o PT ainda não indicou pré-candidato à sucessão de Porto Velho?

O PT ainda não indicou pré-candidato à sucessão de Porto Velho. Por quê? Analistas políticos, contudo, apontam a ex-senadora Fátima Cleide como even

Lula quer criar um serviço de tele reclamação

Lula quer criar um serviço de tele reclamação

O presidente Lula saiu-se com mais uma das suas bizarrices. Agora, ele quer criar um serviço de tele reclamação, um canal de comunicação entre o gove

Gente de Opinião Quarta-feira, 1 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)