Terça-feira, 25 de novembro de 2014 - 05h44
Conta-se que um camponês brasileiro estava numa carroça passando vagarosamente por uma estrada quando um carro esportivo, em alta velocidade, parou e, para impressionar sua namorada, gritou: “E aí, caipira, quantos cavalos você tem”? Ao que respondeu, “Um só, uai, o sinhôr num tá vendo”? “Pois é – retrucou – o meu carro tem 200 cavalos”, e saiu rindo em alta velocidade, deixando muita poeira para trás. Horas depois o carroceiro chegou perto de um rio e encontrou aquele mesmo carro embicado uns cinco palmos na água. Vendo aquela cena, perguntou ingenuamente: “Como vai, cumpadre, dando de bebê aos cavalo”?!
É comum pessoas da cidade grande, porque mais próximas da tecnologia, sentirem-se inconscientemente superiores às pessoas do campo. É o equívoco da vida social! A história do Brasil é uma história de discriminação. O trabalho braçal do camponês foi o trabalho escravo e, depois, o trabalho do pobre e inculto.
O camponês, por sua vez, desenvolveu seu modo de vida próprio, sua linguagem, sua música, a sertaneja. Por anos foi a música querida dessa população e, ao mesmo tempo, ridicularizada pelos jovens das cidades grandes, pois preferiam – e ainda preferem – músicas inglesas e norte-americanas, que são também as dos países economicamente dominadores. Quando deu-se à música sertaneja a mesma tecnologia de som e de informação, tornou-se imediatamente a mais ouvida do Brasil. Foi o que aconteceu na década de 80.
Também o camponês foi absorvido pela tecnologia, o que manteve a tensão rico-pobre. Há, contudo, valores que nem a tecnologia destrói, pois têm o objetivo de louvar tal riqueza, para que seja lembrada por todos e cultivada pelos que a merecem. Trata-se, por exemplo, do modo próximo, alegre e carinhoso com que o homem do campo trata a todos, sem discriminação.
Sua fala, preguiçosa, que enrola os erres, mata os esses, troca a letra o por u, e por i, é, antes de tudo, encantadora, simples, amiga e, acima de qualquer suspeita, amorosa! Como “a boca fala do que o coração está cheio”, a bondade do homem do campo, sua paciência, simplicidade e desapego às coisas materiais é testemunho cristão para todo o viciado em trânsito (viciado, na verdade, em andar de carro), tecnologias diversas, compras, dinheiro, fast-food, sedentarismo.
A palavra que melhor se dirige ao homem e à mulher do campo é gratidão, por serem modelos vivos que revelam aos complicados: “poucas coisas são necessárias” para que se “tenha vida em plenitude”! “Obrigado ao homem do campo”, é o que cantam os irmãos Farias, da dupla Dom & Ravel, mais conhecidos, na década de 70, por uma outra música, “Eu te amo meu Brasil”:
Deus abençoe os braços que fazem
O suado cultivo do chão (...)
Obrigado ao homem do campo
Pela semeadura do chão
E pela conservação do folclore
Empunhando a viola na mão
* Marco Antônio Papp é professor dos cursos de Filosofia, Jornalismo, Rádio e TV e Administração da Faculdade Canção Nova, em Cachoeira Paulista/SP
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