Quinta-feira, 13 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Estudar para que?


João Bosco Leal
 

Gente de Opinião


Estudar para que?

O Brasil é, realmente, um país diferente, pois em todo o mundo, o que mais vemos são pessoas, grupos empresariais e governos investindo sistematicamente - e cada vez mais -, em educação e nas mais diversas especializações da área, enquanto aqui isso parece não ser necessário.

A Coréia do Sul é um bom exemplo de país que, nos últimos cinquenta anos, optou por realizar investimentos pesados em educação, o que a transformou, nesse curto espaço de tempo, em uma potência industrial na produção de veículos, tecnologias de informação e telecomunicação, além de aparelhos eletrônicos das mais diversas áreas. Foi o que a tornou tão diferente, mais rica, progressista e culta que sua antiga irmã Coréia do Norte.

Enquanto isso, em nosso país, continuamos com o sistema patriarcal do Estado que provê os analfabetos ou menos instruídos, dando-lhes o pão e o circo, em troca de votos para os coronéis no poder. O local onde quanto pior melhor, pois assim, em períodos de eleições, os políticos podem prometer melhorias na saúde, educação e outras, para convencer o eleitor.

Aqui, os políticos que se dizem de origens pobres, que passaram fome em sua infância e juventude, comovem e ganham os votos dos que vivem ou viveram na mesma situação, mas depois de eleitos passam a sequer tomar conhecimento dessa grande parcela da população, que só voltará a ter importância no período que antecederá as próximas eleições.

Entre essas duas eleições, sua única preocupação passa a ser exclusivamente de como "lucrar" mais. Seus filhos normalmente são enviados para estudar fora do país e, apesar de seus salários serem elevados para os padrões do país, jamais conseguiriam explicar sua capacidade de multiplicação de seu patrimônio pessoal, dos filhos, genros, noras ou dos amigos, conhecidos como "laranjas".

Os ternos e vestidos caríssimos, feitos sobre medida pelos maiores costureiros do país ou do exterior, os cabeleireiros e maquiadores prediletos que levam em suas viagens, os charutos, alimentos e bebidas importadas, além das suítes dos hotéis mais caros do mundo, passam a fazer parte do cotidiano desses antigos "miseráveis".

Filhos antes subempregados, imediatamente tornam-se sócios das principais empresas do país, nas mais diversas áreas, sem nenhuma explicação lógica para essa "genialidade comercial" e nenhum dos outros Poderes legalmente constituídos - geralmente também participando do mesmo esquema -, toma qualquer tipo de atitude para impedir que isso continue ocorrendo.

A "competência" desses políticos é tão elevada que quando acabam seus mandatos podem dar aulas - saem pelo mundo dando palestras - de como conseguiram tornar este país uma maravilha e de como tiraram milhões da zona de pobreza extrema.

Com o dinheiro público fazem inúmeras "benesses", como construir portos, usinas hidrelétricas e rodovias em outros países, enquanto internamente continuam deixando a população morrendo nas filas de hospitais, sem escolas e sem infraestrutura necessária para escoar o que aqui produzimos.

A lei 12.663, de 05 de Junho de 2012, que ficou conhecida lei Geral da Copa, mostra outra dessas "caridades" feitas com o dinheiro público. Em seu artigo 37, além da aposentadoria vitalícia pelo teto máximo do INSS, ela concede um prêmio de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a todos os jogadores, titulares ou reservas, das seleções brasileiras campeãs das copas mundiais masculinas da FIFA nos anos de 1958, 1962 e 1970.

Como podemos esperar um país melhor para nossos filhos e netos com atitudes e exemplos como esses? Esses jovens certamente questionarão:

Estudar para que, se podemos ser políticos corruptos ou jogadores de futebol?

João Bosco Leal*     
www.joaoboscoleal.com.br

*Jornalista, escritor e empresário

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 13 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Prisão preventiva: o erro judiciário que custou a vida de uma jovem

Prisão preventiva: o erro judiciário que custou a vida de uma jovem

Recentemente, foi noticiada a morte de Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, por câncer de colo do útero, dois meses após ter sido absolvida d

O Brasil que se acostumou a esperar pela catástrofe

O Brasil que se acostumou a esperar pela catástrofe

A catástrofe da violência no Rio de Janeiro produziu efeito no Congresso Nacional, como costumeiramente acontece, após a megaoperação policial que d

A “COP da verdade” e o teste de Rondônia: o que o Brasil precisa entregar além do discurso

A “COP da verdade” e o teste de Rondônia: o que o Brasil precisa entregar além do discurso

Belém (PA) — Na abertura do encontro de líderes da Cúpula do Clima em Belém, nesta quinta (6.nov.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elev

Criando uma marca com propósito: do insight à identidade

Criando uma marca com propósito: do insight à identidade

Construir uma marca do zero é muito mais do que definir uma paleta de cores ou desenhar um logotipo. É um exercício de tradução: transformar a essên

Gente de Opinião Quinta-feira, 13 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)