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Doutrinar a morte



O Dia de Finados serve como alento aos vivos que desejam prestar homenagens aos que já se foram, mas também para refletir sobre algumas questões existenciais. De onde viemos? Para onde vamos? O ciclo se encerra com o último suspiro? Quem nos receberá adiante? Ao compasso dos questionamentos, muitos artifícios surgem pelo caminho – a fé, a religião, a superstição – a fim de evitar a frustração de respostas insípidas.
 
De fato, não há resposta inequívoca que explique o fim. Certo mesmo é que o mundo continua, na perspectiva outras pessoas, de outras sociedades. Especular além disso ameaçaria o poder do agora e da capacidade que cada ser humano tem de superar suas perdas e suplantar suas dificuldades. Nada nem ninguém dura para sempre. Ainda assim, é possível doutrinar a morte. O indivíduo será lembrado pelo legado que deixou.
 
Engana-se quem vincula a vida à harmonia biológica. É possível deixar este mundo muito antes. Basta a ausência de propósito. Sem objetivos, somos nada, menos que um sopro de vento. Quem deixa de viver, vivo, descarta as próprias potencialidades. Os mortos, ao menos, regozijam-se de descanso imaculado. Os mortos-vivos, bem... estes permanecerão dentro do torvelinho do sofrimento, incapazes de enveredar por qualquer direção diferente daquela que sua convicção incorrigível aduz.
 
O Dia de Finados é momento de prestar tributos. Rememorar, relembrar o carinho e, principalmente, celebrar a continuidade. Um olho se fecha, dois se abrem, eis a aventura humana na terra. E a pessoa que não mais se vê, é possível senti-la. Ela está ali, de um modo ou de outro. Muitos irão percebê-la. Outros irão ignorá-la. Mas ela está ali, compartilhando energias universais que nós, seres noviços, somos incapazes de compreender.
 
A humanidade é uma grande árvore que renova seus frutos com o passar do tempo, dando e tirando, passando por intempéries, mas ao final mantendo sua incolumidade. Já quebramos galhos, já vimos o nascimento de brotos. Neste dia, sem tristeza. Quem foi, foi. Nada se pode fazer. Quem ficou, entretanto, saiba que sempre há tempo para construir novos destinos. Não jogue a toalha. Renasça na vida para que sua alma dure a eternidade.

Fonte:

Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo
Porto Alegre – RS
 

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