Sábado, 17 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Doutrinar a morte



O Dia de Finados serve como alento aos vivos que desejam prestar homenagens aos que já se foram, mas também para refletir sobre algumas questões existenciais. De onde viemos? Para onde vamos? O ciclo se encerra com o último suspiro? Quem nos receberá adiante? Ao compasso dos questionamentos, muitos artifícios surgem pelo caminho – a fé, a religião, a superstição – a fim de evitar a frustração de respostas insípidas.
 
De fato, não há resposta inequívoca que explique o fim. Certo mesmo é que o mundo continua, na perspectiva outras pessoas, de outras sociedades. Especular além disso ameaçaria o poder do agora e da capacidade que cada ser humano tem de superar suas perdas e suplantar suas dificuldades. Nada nem ninguém dura para sempre. Ainda assim, é possível doutrinar a morte. O indivíduo será lembrado pelo legado que deixou.
 
Engana-se quem vincula a vida à harmonia biológica. É possível deixar este mundo muito antes. Basta a ausência de propósito. Sem objetivos, somos nada, menos que um sopro de vento. Quem deixa de viver, vivo, descarta as próprias potencialidades. Os mortos, ao menos, regozijam-se de descanso imaculado. Os mortos-vivos, bem... estes permanecerão dentro do torvelinho do sofrimento, incapazes de enveredar por qualquer direção diferente daquela que sua convicção incorrigível aduz.
 
O Dia de Finados é momento de prestar tributos. Rememorar, relembrar o carinho e, principalmente, celebrar a continuidade. Um olho se fecha, dois se abrem, eis a aventura humana na terra. E a pessoa que não mais se vê, é possível senti-la. Ela está ali, de um modo ou de outro. Muitos irão percebê-la. Outros irão ignorá-la. Mas ela está ali, compartilhando energias universais que nós, seres noviços, somos incapazes de compreender.
 
A humanidade é uma grande árvore que renova seus frutos com o passar do tempo, dando e tirando, passando por intempéries, mas ao final mantendo sua incolumidade. Já quebramos galhos, já vimos o nascimento de brotos. Neste dia, sem tristeza. Quem foi, foi. Nada se pode fazer. Quem ficou, entretanto, saiba que sempre há tempo para construir novos destinos. Não jogue a toalha. Renasça na vida para que sua alma dure a eternidade.

Fonte:

Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo
Porto Alegre – RS
 

Gente de OpiniãoSábado, 17 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Reajuste salarial dos servidores da Câmara Municipal de Porto Velho será aprovado na próxima segunda-feira (19)

Reajuste salarial dos servidores da Câmara Municipal de Porto Velho será aprovado na próxima segunda-feira (19)

A Câmara Municipal de Porto Velho deverá aprovar, na sessão plenária da próxima segunda-feira (19), em primeira discussão e votação, a proposta que

Escravidão no Brasi:137 anos após a Abolição, OAB   mantém uma escravidão mais sutil e mais  lucrativa que a do século XIX

Escravidão no Brasi:137 anos após a Abolição, OAB mantém uma escravidão mais sutil e mais lucrativa que a do século XIX

No último dia 13 de maio, o país comemorou   os 137 anos do fim da abolição da escravidão no Brasil, com o advento da assinatura da Lei nº 3.353, de 1

Rocha não está só

Rocha não está só

Quando o assunto é a crise na qual está engolfada a saúde estadual, logo se aponta o dedo na direção do governador Marcos Rocha, atribuindo-lhe a re

Vamos dar um tempo a Gazola

Vamos dar um tempo a Gazola

Um novo governo assumiu os destinos do município de Porto Velho. É natural que se lhe dê um período de tempo para se familiarizar e compreender o fu

Gente de Opinião Sábado, 17 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)