Sexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Curso de Direito: perda de tempo?


João Baptista Herkenhoff

Registro sempre o e-mail nos artigos que publico. Esta conduta, de um modo geral, não é imposta pelas editorias dos jornais. Cabe ao articulista decidir se quer ou não quer franquear seu correio eletrônico aos leitores. Como decidi pela franquia, recebo muitas mensagens aprovando ou reprovando ideias defendidas, acrescentando observações que permitem o aprimoramento dos textos e também pedindo opiniões ou conselhos sobre os mais variados temas.

Quanto a aplausos ou desaprovações, eu os celebro com igual vigor pois tenho paixão pelo debate, desde a juventude.

Recebi há dias mensagem de um jovem manifestando insegurança quanto ao futuro. Seus pais têm recursos financeiros e se dispõem a pagar qualquer faculdade que ele queira frequentar. Mas ele não sabe que curso escolher. Matriculou-se no Curso de Direito para adiar a decisão mas teme que esteja perdendo tempo.

Eu o tranquilizei. Disse-lhe, antes de mais nada, que esta dúvida é comum nos jovens. Longe de ser um mal, as vocações tardias são muitas vezes um bem porque, quando despontam, despontam com firmeza e deixam para trás as vacilações. Sugeri que ele fizesse um teste vocacional. Há psicólgos e clínicas de Psicologia que prestam esse tipo de ajuda. Acresci que, a meu ver, ninguém perde tempo fazendo o Curso de Direito. De todos os cursos superiores é o mais universal, é o mais aberto a múltiplos saberes, é um curso que abre horizontes. Qualquer que fosse a rota que ele viesse a escolher (Medicina, Farmácia, Engenharia, Agronomia, Economia, Letras), os conhecimentos hauridos no curso jurídico seriam carreados para a área depois escolhida. A Faculdade de Direito proporciona uma cultura geral, uma visão cidadã que enriquece a personalidade, quando o ensino é orientado por uma perspectiva crítica, não dogmática.

Durante o tempo em que fui professor no Curso de Direito da UFES tive alunos que exerciam as mais diversas profissões: médicos, engenheiros, jornalistas, agrônomos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos, psicanalistas etc. Muitos desses profissionais, ou quase todos, não cogitavam em mudar de ofício, mas apenas pensavam em enriquecer a formação profissional com uma tintura geral que a reflexão jurídica proporciona. Por outro lado a presença, na sala, desses profissionais já formados contribuiu sempre para melhorar o nível das aulas proporcionando um sadio intercâmbio de perspectivas e experiências.

João Baptista Herkenhoff é escritor, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo e professor itinerante.
E-mail: [email protected]
Homepage: www.jbherkenhoff.com.br

Gente de OpiniãoSexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Por que os políticos não gostam do bairro JK-I?

Por que os políticos não gostam do bairro JK-I?

Cheguei à conclusão de que os políticos, sem exceção, não gostam mesmo do bairro JK-I. Prova disso pode ser observado no péssimo serviço de abasteci

O governador Marcos Rocha deveria pegar algumas aulas com o governador Ronaldo Caiado sobre segurança pública

O governador Marcos Rocha deveria pegar algumas aulas com o governador Ronaldo Caiado sobre segurança pública

Quando o assunto é segurança pública, o rondoniense não tem do que se orgulhar, exceto do esforço, da coragem e dedicação da maioria dos policiais.

União Europeia no mau caminho ao quer igualar lei e moral

União Europeia no mau caminho ao quer igualar lei e moral

Vingança não pode tornar-se em Fundamento quer da Lei quer da Ética Ursula von der Leyen quer empregar os lucros do investimento provenientes de a

As eleições de outubro e os políticos sinecuristas

As eleições de outubro e os políticos sinecuristas

Pouco menos de oito meses nos separam das eleições para a escolha do prefeito, do vice-prefeito e dos vinte e três vereadores que vão compor a Câmar

Gente de Opinião Sexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)