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Construir a esperança


 
Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA) e Primaz do Brasil

Este ano que inicia será marcado pela fraternidade e pela paz? Saberemos, ao longo dos seus meses, corrigir os erros do passado? Poderemos ter esperança de dias melhores para todos?

Alguns se apressarão em responder: Como ter esperança, num mundo marcado por tantos problemas? Como sonhar com um mundo melhor, quando crescem a insegurança, a imoralidade e as injustiças? Como não desanimar, ao constatar que os filhos das trevas continuam demonstrando ser mais sábios que os filhos da luz?

Há os que respondem não com palavras, mas com atitudes: fecham-se em seu próprio mundo e deixam-se guiar pelo egoísmo. Outros assumem, sem restrições, um estilo de vida marcado pelo consumismo e hedonismo. Alguns não acreditam que alguma coisa possa ser modificada, e se deixam dominar pelo desânimo. Sim, há pessimistas em excesso caminhando por nossas estradas. Por onde passam, semeiam amargor e tristeza.

Mas – felizmente! – há os que acreditam na possibilidade de termos um mundo melhor, e partem para ações concretas. O que os move é a certeza de que é possível se construir, nesta terra dos homens, um mundo novo, uma nova sociedade, uma vida marcada pela solidariedade. Serão sonhadores? Sem dúvida! Quem não tiver um sonho pelo qual acredita que vale a pena viver e trabalhar, doar-se e sofrer, não merece viver.

A construção de uma nova sociedade não é missão para uns poucos. É uma obra na qual todos devem se envolver. Dizem os chineses: “Vale mais acender uma vela do que reclamar da escuridão”. Acredito que uma imensa luz poderá iluminar nossa terra e nossa gente, se as pessoas de boa vontade se unirem, participando com seus dons na construção de um mundo melhor.

Não podemos, é verdade, ignorar a marca do pecado no coração humano: isso seria ingênuo e ineficaz. Não é porque não queremos aceitar determinada realidade que ela deixa de existir. O apóstolo Paulo, conhecedor como poucos da luta que travamos diariamente contra o mal ("Sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado, que está nos meus membros"), perguntou a si próprio: “Quem me libertará deste corpo de morte?” (Rm 7,23-24). Sua resposta foi indireta, mas objetiva: "Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor".

Jesus veio ao nosso encontro para nos falar de um reino em que as mais profundas aspirações do ser humano poderão realizar-se; um reino que é mais forte do que o pecado e a morte. O evangelista João, no último livro da Bíblia, faz referência a esse reino: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1). Temos aqui a síntese de um imenso sonho: o sonho de Deus para a vida de seus filhos e filhas. Ele deseja que vivamos num mundo em que a paz seja uma realidade cotidiana, normal e segura. Ora, os planos de Deus são sempre possíveis, porque amparados por sua Palavra e acompanhados por sua graça.

Os que não aceitam seu projeto e se entregam “a um culto detestável e a abominações” terão seus pecados caindo sobre suas próprias cabeças, segundo o profeta Ezequiel (cf. Ez 11,21). Já os que acreditam nos sonhos de Deus e aceitam participar de sua realização, seguem o seu Filho Jesus Cristo. Começa a se concretizar, então, o que o mesmo Ezequiel profetizou: “Porei no seu íntimo um espírito novo: removerei do seu corpo o coração de pedra, dar-lhes-ei um coração de carne, a fim de que andem de acordo com os meus estatutos e guardem as minhas normas e as cumpram. Então serão meu povo e eu serei o seu Deus” (Ez 11,19-20).

Aqui, na terra dos homens, vivemos o tempo da misericórdia e do perdão. Por isso, no início deste ano da graça de 2015, cada um de nós é chamado a escutar, como que dirigida a si próprio, aquela ordem que se lê numa das parábolas de Jesus Cristo: “Filho, vá trabalhar hoje na vinha” (Mt 21,28). É o Pai que nos quer ver envolvidos, cada dia, nos problemas e desafios de nosso mundo e de nosso tempo. Os que ouvirem a sua ordem e aceitarem a sua proposta se tornarão construtores da esperança.

Fonte: CNBB

 

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