Terça-feira, 22 de agosto de 2017 - 19h09
Evandro Casagrande*
Antes de assumirem os cargos que hoje ocupam, aqui por estas terras do poente, alguns membros do Poder Executivo falavam que quando isso acontecesse iriam formar um Conselho de Notáveis.
O prometido conselho lhes serviria para otimizar suas ações. Pessoas de reconhecido saber seriam convidadas para compô-lo. Antes de decidir, eles, os ocupantes dos cargos, ouviriam a opinião delas, e o melhor consenso serviria para balizar suas ações. Eu disse: “antes” de ocuparem sua função de mando! Logo após a entronização, todavia, são acometidos de uma amnésia sobre o assunto. Não se sabe se por receio em ter sua figura opacificada pelos conselheiros, por ter de dividir com eles o mérito de suas ações acertadas, por não estarem tão interessados em fazer corretamente o que precisa ser feito, por interesses escusos ou tão somente por descaso.
Até o presente momento não se viu um único desses conselhos devidamente constituídos. Os chefes, quando muito, preferem ouvir subalternos que, na maioria das vezes, como vaquinhas de presépio, dizem-lhes, subservientes, que sim. Não é por acaso que o erro, que deveria ser a exceção, é a regra que domina essas decisões.
Não precisa ser um gênio para se irritar com tantos desacertos decorrentes da falta de discernimento para decidir corretamente face à limitação de conhecimentos, à má vontade; enfim, de tudo o mais que atravanca o andar da velha carruagem enferrujada.
Os futuros candidatos nas próximas eleições já engendram as promessas velhas para iludir os eleitores, que, bobos como sempre, deixam-se iludir. Promessas que cinicamente são repetidas porque, ano após ano, não são cumpridas.
Lembram da tal meritocracia que seria implantada em Rondônia? Só falácia! A “burrocracia”, essa sim, continua desfilando serelepe por gabinetes, em detrimento do interesse público. Na verdade, e isso não mudará tão cedo — se é que um dia mudará — porque a coisa funciona na base do toma lá, dá cá, do nepotismo, nas benesses aos apaniguados, e por aí afora. Competência mesmo, que faz bem, é pouco considerada. O que dá raiva é que tem muita gente competente, honesta, idealista, que merece — grupo esse composto, em sua maioria, por servidores de carreira, com larga experiência — fica a ver o navio dos imbecis navegando em águas mansas e degustando os manjares do poder.
Enquanto tudo isso ocorre, aqui e alhures, neste país conduzido por muitos timoneiros desqualificados e desonestos — que ficariam melhor vestidos de piratas, que nos saqueiam sem dó nem piedade —, continuamos a patinar na mesma gosma que nos faz derrapar nas asneiras de sempre. Resultado? Bem, esse não nem precisa dizer.
* Pesquisador da cultura latino-americana
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