Segunda-feira, 24 de setembro de 2007 - 06h34
É muito mais com pesar do que com raiva que escrevo para retrucar as críticas mordazes que o historiador Matias Mendes tem dirigido a meu pai, Antônio Cândido e à sua mais recente obra "Enganos da Nossa História". Lamento porque é justamente dele o prefácio do livro que considero um dos melhores que meu pai escreveu, “Madeira Mamoré-O Vagão dos Esquecidos”. O outrora admirador agora destila um sarcasmo inexplicável no site Gente de Opinião onde tem publicado várias críticas, a meu ver, flagrante dor de cotovelo com o sucesso do livro.
Nas primeiras alfinetadas de Matias disse a meu pai que encarasse tudo com naturalidade, que a crítica honesta é sempre bem vinda e jamais deve ser subjugada. Agora, o sarcasmo como ingrediente literário, é um tanto quanto arriscado, pois pode ser retrucado na mesma proporção que oferecido, como ocorre agora.
O ilustre escritor tem insistido em desqualificar o curso de Letras do meu pai e a intensa pesquisa histórica a que tem se debruçado há décadas. Segundo Mathias, escrever sobre a história é prerrogativa de historiador e poeta enveredar por esse caminho é mera ousadia. O olhar superficial e preconceituoso se evidencia quando ele afirma que: "quem não pode com o pote não pega na rodilha".
O tom pejorativo se acentua ainda mais quando cita erros gramaticais do livro, que como todos sabem, são quase sempre inevitáveis nas gráficas de Porto Velho. Por falar em erros, aproveito para corrigir um que Matias cometeu na apresentação do referido prefácio que ofertou a meu pai. A célebre frase “Canta a tua aldeia e serás universal” é atribuída ao russo Leon Tolstoi e não ao amazonense Jorge Tufic como ele disse.
Quanto à qualidade do curso de Letras da Unir em função de alguns erros inofensivos ao trabalho de pesquisa científica nem vou comentar, porque o ilustre escritor não o freqüentou para coerentemente ridicularizá-lo.
Esse meu desabafo irritado exige respeito a Antônio Cândido porque sua biografia autoriza a tanto. Que me desculpe Matias Mendes, mas sua crítica sarcástica mais parece atitude de um matuto boçal que aprendeu rudimentos de francês com os missionários católicos do Vale do Guaporé para cuspir tal idioma em seus textos e passar uma suposta sofisticação de erudição.
Aliás, vale lembrar que foi Antônio Cândido quem deu de presente ao município de Costa Marques, terra natal de Matias Mendes, seu hino e bandeira. Uma obra perfeita que resultou da junção portentosa da poesia com a história. Por essas e outras, não aceito do ilustre escritor as baforadas de ironia e arrogância que tem insistido em manter na sua análise crítica da obra “Enganos da Nossa História”.
Apesar de monótonas as críticas de Matias Mendes devo reconhecer que elas atribuem ao livro de Antônio Cândido o alívio de que quando uma obra polêmica é lançada no mercado quem quiser pode recusar o autor, mas não ignorá-lo. Em outras palavras, a obra de Cândido cumpre sua finalidade.
Faço minhas as palavras do escritor, Lobo Antunes que descreveu a escrita como uma atividade que requer “paciência, orgulho e solidão”, sublinhando que não se deve confundir orgulho com vaidade, porque “o orgulho pode ser humilde e a vaidade nunca é”.
Antônio Cândido vive quase recluso em seu silencioso trabalho de pesquisa histórica e quem o conhece jamais duvidou de sua humildade. Achincalhar seu nome é covardia e desprezar sua capacidade intelectual beira as raias do ridículo.
Sobre o escritor Matias Mendes, fora à má conduta que me surpreendeu ao tecer tais críticas, mantenho o devido respeito e admiração por seu trabalho.
lucianadepvh@yahoo.com.br
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