Sábado, 29 de janeiro de 2011 - 07h26
Estava aqui lendo o desabafo e choro públicos do Paulinho Saldanha pela perda de um velho amigo e sem mais, lá pelo meio da leitura, dei-me conta de que estava eu envolvido na mesma teia. Nelson Casara, filho da minha amiga e vizinha Estela, irmão dos amigos do Paulinho meu amigo portanto, por cumplicidade e uma certa afinidade – que susto perceber isso – própria dos beradêros. Escrito assim mesmo, como gostamos de ser chamados.
Voltei no tempo para encontrar as minhas sementes plantadas em Rondônia. Cheguei por aqui no dia 2 de novembro – finados – de 1990, para cumprir um curto período e lá se vão mais de 20 anos. Pouco tempo depois tive contato com a perda de um bom amigo, o Delson, que havia contratado para trabalhar comigo na Sadia. De lá para cá, foram mais outros tantos e tão próximos como Hugo Mota, Bahia, Chiquilito, Meire Erse, Azevedo, dentre tantos, tão queridos e tão importantes. além de um anjo que passou, me deu apenas um sopro de vida como alegria e com quem tive o privilégio de viver por um segundo, dividindo a alegria de estarmos sob o mesmo céu desta terra.
Vez por outra me espanto. De uma para outra hora, vejo meninos que viviam fazendo algazarra com os meus na minha casa, hoje homens de família mas, ainda com os traços do sorriso adolescente estampado e as pernas como que prontas para disparar em desabalada carreira. Ou sinto a falta de gente como o Lau, Garcia, Robercílio, Dona Inácia ou Tia Rose, cada um tocando a vida por caminhos diferentes, mas dentro do mesmo seringal, a cada dia mais cheio de prédios, gente nova e novidades. Não os vejo com a constância que gostaria, mas estão sempre presentes como estruturas de madeira das velhas paredes de sopapo.
Num certo dia encontrei-me fazendo uma defesa veemente de algo aqui da terra e dei-me conta que já não era alguém de fora. Já havia então contraído uma malária, algumas viroses e no meio do debate alguém falou dos “de fora”. Na hora, movido por algum espírito brincalhão da floresta, menti de forma descarada, provocando o riso dos presentes: “Nasci em São Carlos, ao lado da casa do Sílvio Santos”. É mentira, claro, mas tem sabor de verdade. Alguma coisa assim como tomar açaí na Bahia – onde nasci – e dizer que é um fruto da “minha terra”.
Não sei precisar o dia em que me tornei “beradêro”. Acho até que não existiu o dia específico. Foram vários dias, várias vezes e por vários motivos. Fiz a escolha de ficar e a escolha me fez. O resto chegou de graça, ainda que algumas vezes de forma sofrida e triste como hoje e muito em função da hospitalidade e do bem querer honesto do povo da terra.
Um homem finca raízes e se torna parte de um lugar, quando enterra amigos, divide as dores e planta filhos ou – no meu caso – netos. E assim me tornei beradêro não puro de origem. Afinal, a sorte sorriu mais para uns poucos mas, essa terra é uma boa madrasta para seus enteados.
Fonte: Léo Ladeia - leoladeia@hotmail.com
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