Segunda-feira, 15 de setembro de 2014 - 11h56
E os políticos vão deixando pelas ruas de nosso imenso país o que trazem dentro deles mesmos. Pensam ser as cidades uma extensão de seus gabinetes e tomam conta das praças, das avenidas, das áreas públicas. Demonstram, antes de conquistar o poder, o respeito que têm aos cidadãos, ao homem comum das ruas, à família brasileira. E vão, por todos os cantos, engendrando em toda fresta, lançando proposta ao vento, impressos que vão ganhar a sarjeta da história.
No Brasil todo é o mesmo cenário: a pátria invadida e tomada por uma falsa democracia, uma disfarçada ditadura de quem pode mais. Do outro lado, cercado e bombardeado pelo o que não existe, pelo que não se conhece, o eleitor fica a assistir, passivamente, o deplorável espetáculo, enquanto tudo fica mais feio, a face exposta de nossa pobre política brasileira.
São quase todos candidatos não pelo que podem fazer, pelo que um mandato pode realizar. Mas pelo que podem ter, conquistar, usufruir e utilizar. São candidatos de si mesmos, dos mesmos grupos, dos interesses menores, piores, dos sentimentos privados. É um desejo descontrolado de se apropriar do público para uso bem pequeno, do tamanho da dignidade deles. Uma pena!
Com os corações sujos, não lembram em nada a origem da política e da palavra candidato, que deriva de cândido; puro, limpo. Candidato vem do latim, candidatus, que em sua essência é candidus. Na antigüidade, aquele que era candidato a um cargo público, tinha que conquistar votos, se mostrar limpo para a sociedade, se revelar. Vestiam-se de branco e saiam pelas ruas falando de sua essência, seu ideal de vida, seus valores, suas crenças. Expunham-se, em contato direto com o eleitor. Havia um sentido de pensar a vida, uma vocação para servir, um sentimento limpo, direto, aberto, franco, sem maquiagem, sem falsas verdades.
Hoje, guardados por Deus, os candidatos vivem em seus gabinetes, distante de tudo e de todos, contando e distribuindo o vil metal. Instituíram o cabo eleitoral, lideranças populares, como ligação direta e oficial com o eleitor. São, na verdade, os atravessadores de votos, que leiloam a esperança do povo e o futuro de nosso país. Contratados e pagos a peso de outro, os cabos eleitorais revelam como é primário o processo político brasileiro.
De um lado está o povo. Do outro, os candidatos. E o que era para ser o espaço do debate, das idéias, das propostas, transformou-se em um lamentável big brother eleitoral, revelando como são medíocres os nossos atores, como são pequenos os seus propósitos. Não tem candidatura, mas sim a imposição de grupos políticos. Não tem propostas, mas sim uma coação ideológica. Não se fala do futuro, mas do passado, o que não será. Não vota9mos naquilo em que acreditamos, mas naquele que não queremos. Não votamos para a vitória, mas pela derrota. Infelizmente.
Enquanto isso, milhões de panfletos e cartazes invadem as ruas de nosso Brasil, mostrando que nossa política é assim, um monte de papeis que vão e vem, para lá e para cá, ao sabor dos ventos.
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor
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