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O eleitorado em 2020: PhD em covid-19 e analfabeto funcional em política


O eleitorado em 2020: PhD em covid-19 e analfabeto funcional em política  - Gente de Opinião

No 1º turno das eleições municipais de 2020, em meio a pandemia mundial da COVID-19, falou-se muito mais em como votar em segurança do que em como votar com consciência. Em um cenário de saúde pública adverso e preocupante, o eleitorado fora bombardeado de recomendações e lembretes sobre como se comportar para evitar a contaminação pelo Sars-CoV-2 e sobre o que deveria levar para a seção eleitoral, respectivamente.

No entanto, como aparentemente o cenário político não havia mudado, com o voto sendo mais um dever do que um direito, esse mesmo eleitorado, muito bem informado sobre as normas de prevenção da COVID-19, foi às urnas com aquele raso nível de conhecimento a respeito do que observar nos candidatos antes de votar, prática que o conduz ou a repetir o voto ou a utilizá-lo como protesto, escolhendo um candidato qualquer, ignorando as possíveis implicações negativas dessa escolha para si e para a sociedade.

O que esperar de um “evento democrático” por meio do qual indivíduos sem o mínimo conhecimento sobre política escolhem seus “representantes” aleatoriamente? O eleitorado vota em um candidato a prefeito de determinado partido e não se atenta que votou em um candidato da oposição para vereador. E tal prática também vem ocorrendo nas eleições para governador, deputado estadual, deputado federal, senador e presidente da república.

Analisar as propostas dos candidatos tem se tornado, ao longo do tempo, algo desnecessário ao eleitorado, talvez por não acreditar mais nas “promessas politiqueiras” ou porque simplesmente não compreende alguns discursos com linguagem muito rebuscada, em sua maioria, repleta de emoção, falácias e vazia de conteúdo. E se for assegurado por meio de lei que cada candidato eleito deverá cumprir sua proposta de campanha (homologada pelo TSE) em sua totalidade, sob pena de perda do mandato? É algo que não deveria ser utópico, uma vez que qualquer prestador de serviços deve executar o trabalho para o qual fora contratado/escolhido.

Essa descrença na política e no político tem feito com que o eleitorado optasse pelo “voto de protesto”, seja por meio da abstenção, ou da anulação do voto, ou até pela escolha de candidatos populistas, extravagantes ou folclóricos, desde que demonstrem não possuir qualquer competência básica para atuar na administração pública. Afinal, o principal objetivo do eleitorado é demonstrar com veemência a sua insatisfação com o cenário político nacional e, assim, seguimos nos surpreendendo com o alto índice de (re)eleição de corruptos, ineptos, mentirosos e descompromissados com a coisa pública e com o bem-estar e desenvolvimento da sociedade.

Porto Velho, RO, 18 de novembro de 2020.

            *Alex Santana Costa

(Mestre em Letras pela Universidade Federal de Rondônia. E-mail: alexboombang78@gmail.com)

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