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Modelos comportamentais sustentáveis

A drogadicção é uma desgraça que ganha cada vez mais aceitação nos grupos que têm em mãos a tomada de decisão.


Modelos comportamentais sustentáveis - Gente de Opinião

Pelo menos as pessoas que estão em condições normais de raciocínio hão de concordar que há comportamentos pessoais que não são sustentáveis: não propiciam relações de amizade verdadeira, que se reduzem a mera troca de interesses, inibem a aproximação de quem não tenha afinidade com as excentricidades evidenciadas, não asseguram efetividade das ações empreendidas. Compulsões e obsessões são elementos frequentemente presentes nesses tipos de comportamentos. E por que há quem persista neles? É simples: porque a visão imediatista não permite enxergar um palmo além do nariz.

Mas onde entra o nariz nesse contexto? Eis a questão. Você com certeza já ouviu a expressão “não sabe onde mete o nariz”. Exatamente. A busca do prazer imediato, que sem demora se converte em desprazer e faz o indivíduo imergir na incessante busca por mais e mais satisfação fugaz, o faz deixar de enxergar onde está enfiando o nariz. A drogadicção é uma desgraça que, por maiores que sejam os esforços governamentais e sociais por enfrentá-la, ganha cada vez mais aceitação social, especialmente nos grupos que têm em mãos a tomada de decisão.

Ilegítimo é alhear-se ao problema sob a argumentação de tratar-se da vida pessoal deste ou daquele indivíduo. O problema é social, afeta a coletividade, reduz – senão elimina – a capacidade de gestão, compromete, destarte, o desempenho da organização em que o indivíduo se insere. Ocorre que, até por uma questão cultural, quando se fala em saúde do trabalhador, o foco se concentra nos empregados de carteira assinada. Quando muito, se vê uma ou outra ação no que diz respeito aos servidores públicos do nível operacional. Mas nunca atinge o ponto nevrálgico dos tomadores de decisão, seja na área privada ou na área pública.

No campo privado, o interesse do capital e a inteligência – não confundir com sabedoria – dos capitalistas promove, no mais das vezes, as acomodações necessárias, conforme as relações de sociedade. Especialmente nas empresas de capital aberto, onde as assembleias de acionistas detêm o poder deliberativo capaz de substituir um gestor problemático, resolve a questão com maior facilidade. Nas empresas individuais, a gestão compulsivo-obsessiva logo leva a desastres. Nas sociedades não-anônimas, em especial as de tradição familiar, recorre-se à autoridade patriarcal para afastar o gestor-problema ou incorre-se no mesmo destino das empresas individuais.

Já no campo público, em que pese toda a transição da tecnocracia para o gerencialismo, há ainda uma herança maldita do patrimonialismo que subjaz exatamente nos cargos mais altos, nos chamados agentes políticos, que, incapazes de uma pausa para a reflexão no contexto extenuante das demandas em que imergem, muitas delas absolutamente descabidas e derivadas exatamente de seu comportamento não-sustentável, a situação é bem mais difícil. E bem mais dolorosa, já que impõe a toda a sociedade a dor dos efeitos dos atos tresloucados cobertos pela empáfia, recobertos pela adulação e dourados pela cooptação. Mas, se o rei está nu, como no conto de Hans Cristian Andersen, alguém haverá de dizê-lo. E o futuro dos alfaiates de plantão será previsível, pelo menos por quem teve a felicidade de conhecer um pouco de literatura no banco escolar. Mas, reconheça-se, a turma do provão está aí mesmo. Sic transit gloria mundi...

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