Domingo, 16 de fevereiro de 2025 - 08h30
Também Manuel Tavares Vieira, na: "
Tribuna Pacense", de 27/X/2023, ao comentar a trasladação, afirma: " Não
se percebe muito bem esta súbita vontade política de sepultar mais uma vez quem
já estava sepultado, no " frigorífico da glória", como
apropriadamente Eduardo Lourenço apodou o Panteão. Concedo que Eça nunca esteve
verdadeiramente entre os seus, nem na vida nem na morte, mas se o Alto de S.
João e o jazigo de Santa Cruz do Douro eram "exílios", o Panteão
passará a ser desterro. Eça não vai ser trasladado, vai ser desterrado. (...) Assim
a questão resvalou para o campo político - mediático colocando-nos perante o
triste espectáculo de ver Eça de Queiroz no centro de uma querela que ele seria
o primeiro a farpear.
“E há muito que criticar, para lá da
aparente falta de cuidado da FEQ. Em primeiro lugar a atitude arrogante do
poder politico instalado em Lisboa que julga saber interpretar a vontade de
quem já não pode ter vontade. As " honras de Panteão" como pomposamente
se lê na resolução da Assembleia da Republica, duvido que alguma vez Eça as
quisesse."
E conclui, e bem: " Se queremos
homenagear Eça façamo-lo lendo as suas obras, estudando-as, degustando a fina
ironia com que observava a sociedade portuguesa do séc. XIX, não muito
diferente da actual. Essa é a forma de o mantermos vivo. Engavetando-o no
Panteão Nacional estamos finalmente, a sepultá-lo." Manuel Tavares
Vieira - " Tribuna Pacense".", 27/10/2023
Entretanto foi criado o Movimento de Cidadãos
Baionenses, que pretende lutar contra a trasladação do escritor para o Panteão.
Já se realizou uma manifestação popular, junto da estrada de Tornes, no dia 5
de Janeiro. Pretende-se, também, interpor, uma providência cautelar.
Não me compete tecer comentários, se é ou não
justo retirá-lo do seu jazigo, para Lisboa, o leitor tirará, certamente, as
conclusões. Que é inteira justiça, o escritor – como outros, de igual valor,
mas esquecidos, como Camilo – permanecerem no Panteão, não tenho dúvida; mas
haverá o direito de o fazer, como foi feito? Não sei.
Termino com uma curiosa declaração de Dona
Maria das Dores, neta de Eça, e Marquesa de Ficalho, publicado a 18 de setembro
de 2003, no: " Jornal de Gaia", referente à situação moral, em que se
encontrava o Pais, nessa época:
" Acho que está tudo maluco. As
raparigas estão completamente malucas, despem-se até aos pés. Acho uma coisa
horrorosa. Acho que há muito menos valores, há muita corrupção, pelo menos é o
que dizem. As pessoas não têm palavra. Honra? O que é isso hoje? Haverá? Acho
que não há muita, e tenho pena que seja assim.
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