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Crônica

Cinquenta Tons de Um Escabreado


Cinquenta Tons de Um Escabreado - Gente de Opinião

A idade avança, a gente vai perdendo o tesão do protesto, o élan da indignação.  A escrita frequente e voluntária sofre o vagar de quem já não acredita em transformação oriunda dos gritos solitários da alma.

 

Estive pensando em parar de expor minha escabreação frente à constante inoperância dos políticos, minha irritação diante da incapacidade de gerenciamento da cultura de nosso país, de nosso estado, ou de nosso município. Estou cansando de malhar em ferro frio.

 

Mas o espelho não se cansa de me cobrar, de me mostrar os matizes da palidez do desgosto, apontando-me a necessidade de permitir o retorno da união da medula espinhal com o cérebro! Volto, pois, à ativa, abrindo fogo com os canhões verbais do desejo de mudança, mesmo sem horizontes, mesmo não me vendo na liderança de movimentos socioculturais de massa.

 

O conformismo nunca foi minha praia, assumo o verbo dos formadores de opinião. Por isso, grito! Um grito bege, mas, ainda assim, um grito que pode despertar ecos, um brado de quem chuta o balde na certeza do barulho, na esperança de acordar os que comungam do sonho da valorização de nossa cultura regional/universal.

 

Não me canso de aplaudir o trabalho incansável do confrade Robson Oliveira mediante podcasts incisivos na esperança de descobrir um estadista para governar Rondônia, mas, nas entrelinhas das entrevistas, são poucos os escolhidos. Não desanime, Robson, sou seu fã e leitor assíduo, até as eleições, quem sabe, você desmascare, entre perguntas e respostas, um candidato à altura de nosso inesquecível Teixeirão, no dizer de nosso confrade Viriato, “um homem chamado trabalho”.

 

Na área do Judiciário, tomei um susto com a proposta do atual presidente do STF, desejando criar um código de ética para os ministros da Suprema Corte. Sim, acreditem, esse ministro é o mesmo que retirou Lula dos escombros da corrupção, depois de ser condenado em instância colegiada. A essa altura, o país já havia tomado ciência dos escândalos da Odebrecht e demais empreiteiras, através de delação premiada, que incluiu, no rol dos corruptos, presidentes de outras nações da América do Sul. O Lula voltou nos braços do STF e, sem dó nem piedade, vem gastando o que o país não possui, destruindo estatais e elevando nossa dívida à casa dos 200 bilhões. Pois é, minha gente sofrida, o atual presidente do STF, que perdoou todos os pecados do Lula e o envolveu num manto imaculado, antes de o entregar ao julgamento das eleições, sugeriu, nas entrelinhas do perdão, a um outro colega, que perdoasse todos os envolvidos em processos da Lavajato. Muitas empresas receberam dinheiro de volta, mesmo depois de condenadas. Magnitsky Brasil!!!

 

Imaginem, só imaginem, para não sofrerem punições, como seriam os artigos que comporiam o Código de Ética dos ministros do STF e as punições para as transgressões. Mesmo inspirado nos códigos da Alemanha, EUA, etc. o corporativismo sempre falará mais alto… Imaginem como o tal “código pra inglês ver” puniria a existência de um contrato milionário entre a esposa de um Ministro e um corrupto dono do falido Banco Master? Ou como justificaria a viagem de um outro Ministro ao Peru, às custas de outro empresário corrupto, para assistir o jogo do Flamengo e do Palmeiras? E isso é só a ponta do iceberg: aquilo que a imprensa divulgou e a PF descobriu. A sujeira é muito maior, tão grande que se o Trump ou o Congresso dos EUA que promulgou o Global Magnitsky Human Rights Accountability Act soubessem, não perdoariam os pecados dos envolvidos. Vale lembrar que a referida lei permite ao governo dos EUA sancionar funcionários de governos estrangeiros, implicados em abusos de direitos humanos, em qualquer parte do mundo.

 

Antes que Fachin torne público seu esperado Código de Conduta Ética do STF, o conflito entre poderes, mostra a face da Ditadura do Judiciário: A Operação Transparência, deflagrada há pouco (12/12) pela PF, autorizada pelo Ministro Dino, tem o objetivo de apurar irregularidades na destinação de recursos públicos por meio de emendas parlamentares. A gente sabe que a sujeira entre os poderes corre solta. As luvas do boxe democrático estão na mesa, pena que o velho Poder Moderador, tenha sido descartado dos caminhos da Constituição Federal de 1988. Bem que eu gostaria de ver/ouvir/sem calar, a opinião dos membros do Colégio dos Generais. Saudade da lucidez opinativa, interferente! O silêncio/medo compromete a liberdade de opinião. Medo? Quem tem medo é o povo, que não tem a quem recorrer.

Pobre Zé Povo, sem defensor no Parlamento, os políticos se cagam de medo do STF; sem simpatizantes no STF, lembram da frase “perdeu Mané”? E o que dizer do Chefe do Executivo, com todo seu passado corrupto e comprometedor, dono de uma lábia convincente, capaz de dar nó até mesmo no coitado do Trump?

Pobre Zé Povo, ridicularizado e obrigado a assumir seu lugarzinho, no porão do navio/nação, sem educação de qualidade, sem atendimento de saúde qualificada e sem segurança. Caladinhos e bem comportados. As tempestades entre os poderes republicanos, em nome de um pseudo Estado Democrático de Direito, de há muito vem desgastando os que “lutam com garras e dentes para terem direito a um depois”. Para onde foi O BRAÇO FORTE MÃO AMIGA de outrora? O Chile que experimentou um breve período na esquerda, está voltando, apoiado em grande maioria, à direita. Seja bem vindo! Que as eleições brasileiras de 2026 nos possibilitem, também, o encontro com um novo governo de direita, que tenha coragem para determinar eleição direta, para novos membros da Suprema Corte, ao tempo em que aposenta, sem proventos, os atuais ministros. Sonho meu! Sonho meu…

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